Nosso Fevereiro começou agitado. Acordamos às 7:00 para sair às 8:00, com destino a escola Innovare, em Maracaju, para recepcionar os alunos em seu primeiro dia de aula. Ligia, Fernando, João, Yasmim foram em um carro para passar as músicas do trabalho. Gabriel e os instrumentos musicais foram junto. Kelly, Febraro, Samuel e os elementos de cena foram em outro carro. Chovia. Chegamos na escola às 10:34. Descarregamos os carros e fomos recebidos pela diretora, que cedeu uma sala para nos maquiarmos e vestirmos. Logo éramos A Turma do Bagacinho. Fizemos as boas vindas para os alunos adolescentes. A energia era boa, nos olhavam encantados. Mixirica na perna de pau, Alcaparra e Berinjela em banquinhos, Bolonhesa e Bagacinho contando história, Carranca falando poesia, Pão com Ovo e Charanga nos instrumentos musicais. Fizemos juntos um grande Toi Toi Toi, o nosso substituto do "merda" no teatro infantil. É como os alemães desejam boa sorte. Depois, fizemos a acolhida das crianças com a mesma proposta, mas com a consciência do que poderíamos fazer melhor e colocando em prática. A chuva competia com nossa voz. Prestaram atenção em nós. Mais um Toi Toi Toi! Terminamos as apresentações, tiramos a maquiagem e trocamos de roupa para almoçar. Nos prepararam um almoço incrível: frango assado com batatas, arroz, macarrão e salada. Nos refastelamos onde quer que nos chamem. Conversamos com a diretora. Falamos sobre a escola, formação de plateia, o que acham que o teatro é e como ele realmente é. Contou sobre um compadre fazendeiro de Maracaju que após 50 anos foi para o Rio fazer Tablado. Ficamos felizes por quem sonha. 14:30. Kelly, Yasmim, Febraro e Samuel voltaram para Campo Grande na frente para chegarem a tempo da aula da turma infantil, às 17:30. Ligia, Fernando, João e Gabriel foram logo atrás. Chegamos às 16:45.
Ligia e Fernando subiram para descansar. 17:30. As crianças chegaram e Yasmim, Samuel e Febraro começaram a aula. Gabriel participou. Continuamos o processo de reconhecimento do personagem. O encontro do personagem com o ator. Na aula de hoje, tivemos Sapo, Palhaço, Fantasma, Francesa, Cavaleiro, Rei. Se alongaram, aqueceram, fizeram descobertas de corpo e voz desses personagens para depois ir pra cena. Criaram a história, montaram um canovaccio e começaram. Luz! Silêncio na coxia! Foi! Encontro de todos os personagens. Começo, meio e fim. Repetiram duas vezes. Uma aluna disse: "Não quero fazer um sapo! Ser sapo é muito verde, não gosto.". Ela acabou fazendo um ótimo sapo, no fim das contas. Sentaram e conversaram sobre as dificuldades. Listaram vergonha, medo e atuar. Falaram que precisam dominar os medos e apontaram a solução; repetir e ensaiar. Teatro é a arte da repetição. Terminamos com um Toi Toi Toi. Daniel anotou toda a aula buscando entender o lugar do ator, partindo do ponto de que sua vontade é a direção.
Terminada a aula infantil, os alunos da turma adulta começaram a chegar. Alunos antigos, recentes e totalmente novos enchiam a casa. Gravamos e postamos no Facebook. Ligia chamou todos e iniciou a aula. Etapas bem divididas. Tudo ao som de jazz. Primeiramente, nos alongamos por 20 minutos. Depois, andamos pelo espaço de várias formas diferentes. Sempre como cientistas, estudando a ciência do caminhar, do olhar para o outro, das relações. Corremos pelo espaço. Não podíamos ignorar os encontros. Se tocou, reagiu. Reagir com amor. Todo encontro é de amor, até os que sangram. Congelamos. Três por vez andavam entre os congelados fazendo mudanças em suas posições, feições e conexões. A palavra de ordem era SIM. Mantemos. Suamos. Terminada esta etapa, Ligia deu 10 minutos para que cada um pegasse um livro em nossa biblioteca e escolhesse uma frase. Tivemos Dostoiévski, Shakespeare, Cora Coralina e até "A Função da Família Cristã no Mundo de Hoje". Pois é. Escolhemos e andamos pelo espaço experimentando essa fala em nosso corpo e nossa voz. O peso da frase. De que forma ela cabe na boca. Após 20 minutos, foi feita uma meia-lua com os 27 alunos para que todos fossem ao centro em sequência apresentar as descobertas. Dividimos com o outro e admiramos o outro. Ligia fez as considerações finais. Nos orientou a experimentar sem duvidar. O dever do ator é experimentar tudo, não qualquer coisa. Falou para não cairmos no óbvio, não imprimirmos nossa vontade em cima da palavra. Ela existe sem a gente. Nos dividimos em duplas e massageamos o parceiro por 10 minutos. Finalizamos a aula com um grande Merda.
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01/02/2017.
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