O dia começou com uma única coisa convencional: Gabriel
acordando às 6:15 para ir à faculdade. O resto seguiu diferente. Yasmim acordou
10:00 para o café da manhã. Ligia, Febraro, Fernando e Samuel acordaram em
seguida para organizarem a partida para Bonito. Ligia e Fernando foram ao banco
averiguar as condições financeiras enquanto Samuel e Febraro passavam as
roupas. Voltaram e começamos a fazer as malas. Separamos o essencial: “O
Idiota” de Dostoiévski, “O Espaço Vazio” de Peter Brook, “Mestres do Teatro II”
de John Gassner e “A Náusea” de Sartre. Depois vieram os sapatos e as escovas
de dente. Ligia e Fernando pararam, bem vestidos, em frente ao quarto dos
meninos e disseram: “Vamos a Pirenópolis.”. Comemoramos a decisão de última
hora. Nos despedimos de Yasmim, Chaplin, Shakespeare, Nelson e partimos às
12:25. A trilha sonora da viagem começou com jazz, passou por Roupa Nova,
depois Roupa Nova em trilhas sonoras de novelas e terminou com músicas diversas
de um pendrive cor de rosa. Ligia mandou mensagens no grupo passando as tarefas
e orientando que todos se divertissem e se refastelassem. É difícil para a
galinha mãe deixar parte de seus ovos no ninho. Sabe-se que paramos para
almoçar. Não se sabe onde pois uma de nossas brincadeiras internas é trocar os
nomes das cidades. Chamamos Pirenópolis de Piraputanga por um tempo. Fazia sol.
Começou a chover. O sol voltou. Foram horas. Fernando dirigia. Dormimos,
acordamos, tiramos fotos, lemos nossos livros. Ligia leu em voz alta sobre
Ibsen, o chamado viking da dramaturgia. Ficamos todos interessados e largamos
nossos livros para ouvir o dela. Ligia disse que também quer ser um viking da
dramaturgia. Paramos em Chapadão do Sul para visitar Ariane, uma amiga, que nos recebeu
com cachorro quente, pão de queijo e brigadeiro. Conversamos, pegamos mudas de
alecrim para levar para casa e seguimos viagem. Ligia assumiu o volante e
encontrou desafios: pista única, buracos e neblina. Chamamos de neblina
nebulosa. Mal víamos a estrada. Febraro descobriu que “A Náusea” de Sartre não
é um diário de bordo, é um personagem. Às 22:00, chegamos em Jataí – GO. Nos
hospedamos no terceiro hotel que vimos pela frente, o que comprometeu nosso amor
por ele. Ficamos. Comemos numa rua próxima ao hotel e voltamos à ele para tomar
banho e dormir. Boa noite. Aventura!
Em Campo Grande, ficaram Yasmim, Daniel, Roberto, João,
Kelly, Gabriel e seus cachês. Foi o primeiro cachê de Gabriel. A aula da turma
infantil que haveria no dia foi cancelada. Roberto e Yasmim almoçaram no
shopping. No shopping, pesquisaram preços de beliches para os quartos da
comunidade. Kelly continuou seu trabalho nas planilhas financeiras. Daniel,
Roberto, Gabriel e Yasmim se dividiram pela casa e fizeram uma grande limpeza
para que pudessem aproveitar as férias com tranquilidade. Durante o dia, mães
de alunos e alunos vieram pagar mensalidades e efetuar matrículas. À noite,
foram ao supermercado. Compraram sabonete, pasta de dente e sabão em pó. Para o
jantar, três pizzas e sorvete. Roberto queimou a mão no forno. Gabriel
presenteou Yasmim com um caderno que ele mesmo fez à mão. Dormiram em casa Gabriel,
Roberto e Yasmim. Isso é o que se sabe através de nosso encontro pelo Whatsapp.
Sei que fizeram teatro. Fazemos todo dia.
Até aqui, tem nos ajudado o caos. Valorizamos e entendemos o caos já faz
algum tempo. Já tivemos reuniões e teorias sobre ele. Nada ficou definido. Nem
nossa viagem ficou definida até que entrássemos no carro. Sabe-se que o caos
nos trouxe aqui. Três anos de companhia sem férias de trabalho e de pensamento.
Nos cansamos para dar motivo ao descanso. Que voltemos outros. E que continuemos nos
encontrando. Até logo. Amanhã te escrevo. Estamos de férias mas o diário de bordo não. Ele ainda se acha muito novo pra isso.
02/01/2017.
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