junho 25, 2018

A Vida é Sonho | Grupo Casa

junho 25, 2018

A Vida é Sonho, senhoras e senhores, de Pedro Calderon De La Barca



“O barroco expressa um homem dilemático, dilacerado entre a consciência de um mundo novo e as peias de uma estrutura anacrônica que o aliena das novas evidências da realidade, assim como o homem moderno”
(Afonso Ávilla)



NÓS





O Grupo Casa – Coletivo de artistas se propõe à investigação histórica, cultural e artística de um ícone do cânone dramático, entendendo a importância do constante retorno aos clássicos, e da defesa incessável do teatro que, por mais efêmero que seja, atravessa séculos e se faz urgente em sua universalidade. “A Vida É Sonho”, peça que vem sendo objeto de estudo do Grupo Casa desde suas primeiras leituras dramatizadas em 2014, é constante tema de debate e referência para o grupo. A montagem de textos clássicos, no entendimento do Coletivo, justifica-se como sendo um movimento indispensável da formação de público e da criação de uma cultura de teatro, pensando que estas obras estão na raiz de toda a contemporaneidade e do fazer teatral. É movimento obrigatório também, ao artista de teatro, a imersão em obras como essa, que trazem o teatro como um gesto do intelecto, um mergulho em modos de sentir-se, e como um esclarecimento de seu mundo e sua história. 


A VIDA É SONHO


“A Vida É Sonho”, peça teatral do poeta e dramaturgo Pedro Calderón de La Barca, é movido primeiramente pela atualidade dos temas que esta obra canônica traz. O príncipe Segismundo, protagonista da trama, vive desde a infância acorrentado em uma prisão, posto por seu pai, em virtude de uma profecia que dizia que ele, chegando à idade adulta, traria grandes desgraças ao reino. Anos depois, o rei, inseguro de ter tomado a decisão correta, testa o destino de Segismundo pondo-o no palácio, em sua vida de príncipe, numa farsa de que o que tinha vivido até então não passava de sonho. Uma vez em seu novo papel, ele começa a cometer todos os desatinos que haviam sido anunciados na profecia. Sem conseguir suportar a loucura do filho, o rei faz a operação inversa: encerra-o novamente no calabouço, como se nada tivesse acontecido no sonho da vida de Segismundo. A esse momento se destina uma das passagens poéticas mais belas conhecidas no teatro: “Que é a vida? Um frenesi. Que é a vida? Uma ilusão, uma sombra, uma ficção; o maior bem é tristonho, porque toda a vida é sonho e os sonhos, sonhos são”. 

BARRACÃO E NÓS


Entende-se também como parte do caminho do Coletivo o encontro com outros grupos de teatro e profissionais da área. Por isso, para este projeto, foram convidados Tiche Vianna e Esio Magalhães como orientadores em várias etapas do processo. Tiche é diretora do Barracão Teatro, grupo que fundou junto de Ésio em 1998. É formada pela Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo e estudou máscaras e commedia dell’arte na Alma Mater Studiorum - Università di Bologna (Università degli Studi Università degli Studi di Bologna) e no Firenze of Papier Machê, na Itália. Em seu extenso currículo, consta a preparação de atores que participaram do Projeto Quadrante, entre 2005 e 2008, na Globo, que rendeu as minisséries “Hoje É Dia de Maria”, “A Pedra do Reino” e “Capitu”. Ésio, também diretor e fundador do grupo, é formado pela Escola de Arte Dramática da USP, ministra cursos de palhaçaria, linguagem de máscaras e teatro de rua, participou da XII Sessão da Universidade do Teatro Eurasiano, encontro internacional de pesquisadores de teatro de diversos países do mundo, e, dentre os diversos espetáculos de sua carreira, atuou com o palhaço Leris Colombaioni, em “Um giro nel cielo” e no “Circo Ercolino”, na Itália. Este encontro com Tiche Vianna e Ésio Magalhães, referências para o teatro brasileiro, foi positivo não só para o crescimento artístico do Coletivo, mas para a expansão artística da cidade, as possibilidades artísticas que foram trocadas, formando assim um novo elo entre Campinas - SP e Campo Grande – MS.

TEMPORADA


Como estratégia de ações posteriores à montagem do espetáculo, entende-se como necessária a oferta da peça em temporadas, tendo em vista a possibilidade de aprimoramento da obra a partir do diálogo com o público e, principalmente o fomento ao desenvolvimento de uma cultura popular de teatro na cidade. Com essa necessidade o Coletivo apresentará uma temporada de 20 apresentações dentro do espaço da própria companhia, entendendo que somente através da prática constante de apresentações do espetáculo poderá se apropriar deste. O Grupo Casa em sua trajetória buscou a construção de espaços alternativos de representação dramática, motivado principalmente pela pouca disponibilidade dos espaços existentes na cidade, e como estratégia de aproximação do teatro de seu potencial público. Atualmente, o Coletivo tem em sua sede um espaço de representação de até 40 lugares, onde já realizou e ainda realiza temporadas de espetáculos infantis e adultos. 

PROCESSO


O processo de montagem da obra “A Vida é Sonho” de Pedro Calderón De La Barca, de certo modo, se inicia com o estudo para a leitura dramatizada apresentada pelo Grupo Casa em 2014, logo no início do Coletivo. E desde então torna-se desejo do grupo uma possível montagem da peça. A partir da investigação e reflexão do texto, do Teatro de Ouro Espanhol e de outras obras de Calderón e Lope de Vega, são encontradas questões que dialogam com o humano e com as urgências artísticas do grupo. 


A arte do palhaço tem sido objeto de estudo desde as primeiras formações do grupo, e a poesia é linguagem constantemente presente no fazer artístico do Coletivo. Neste processo, pretende-se unir estes dois elementos a um potencial trabalho com as “máscaras”. Para tanto, foram convidados a participarem das etapas de preparação do espetáculo os artistas especialistas Tiche Vianna e Ésio Magalhães, ambos do Barracão Teatro de Campinas-SP.


O trabalho do Coletivo continua com uma profunda imersão na obra de Calderón, no estudo da relação entre o barroco e a contemporaneidade, nas traduções da obra, no trabalho de mesa e análise do texto a ser montado. A partir deste ponto, mergulharemos na construção dos personagens e do visagismo da peça: cenário, iluminação, adereços e figurinos até a estreia. 


O trabalho com Ésio e Tiche se inicia a partir da construção dos personagens. A máscara constitui uma linguagem expressiva, e o teatro, ao apropriar-se dela, desenvolveu determinada metodologia de trabalho com o ator e a cena, através de códigos precisos. Ao portar a máscara, o ator, materialmente, substitui sua identidade pessoal por uma nova identidade. O primeiro encontro se deu no início do processo na sede do Grupo Casa em Campo Grande - MS. O segundo encontro foi realizado na metade do processo na sede do Barracão Teatro em Campinas - SP. E o terceiro encontro aconteceu ás vésperas do espetáculo, também em Campo Grande - MS. 

Outro elemento em processo como parte da pesquisa cênica da peça é a relação do intérprete de libras com a obra. Desde seu inicio o Grupo Casa busca a incorporação das práticas de acessibilidade em suas realizações, questão principalmente motivada pela presença de alunos surdos na Casa de Cultura, pela participação no Coletivo de um ator intérprete e pelo trabalho realizado pela diretora Ligia Prieto, no Rio de Janeiro durante o ano de 2013, como gerente de cultura da Secretaria da Pessoa com Deficiência. A partir dos estudos feitos pelo Coletivo, foram elaboradas possibilidades de maior ação cênica ao intérprete, que não se limita às bordas da caixa cênica, simplesmente traduzindo o que se diz em cena, como um paralelo visual com a peça. Propõe-se então que o intérprete trave um diálogo com o espectador surdo de dentro do acontecimento cênico, participando também da estética cenográfica e gerando novas possibilidades na relação íntima e intransferível do surdo com a obra teatral.


O trabalho sonoro da peça também se fará como objeto de investigação na montagem. Será realizada, paralelo ao processo da peça, uma pesquisa sobre a “respiração polifônica” do encontro entre cena e público – como um entendimento da relação sonora entre palco e plateia, e o relacional desta relação. Esta seria um subproduto do processo, enquanto resultado de pesquisa, gerando possíveis artigos e debates sobre o tema. Tudo é som e ruído. Um ator que entra em cena, outro que fala, outro que dança, uma música sobreposta, a luz que atravessa a cena, as cores. Tudo isso se apresenta diante do público, que separa e decodifica os sinais e vibrações a partir de suas experiências individuais. Essa relação entre palco e plateia, na inferência do Grupo, se denomina “respiração polifônica”. O artista, portanto, deve compreender essa realidade virtual e se colocar como peça interdependente e afinada neste instrumento complexo que será tocado por todos que estão na sala. O espectador não é passivo, tem forma, conteúdo e desejos, e a esse encontro podemos chamar de teatro. 

INGRESSOS:


Mais informações em breve!


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  • endereço: Travessa Nelson Tabelião Pereira Seba, nº8 - Chácara Cachoeira;
  • telefone: (67) 3326-0222 ou (67) 99902-0067.
  • horário do espetáculo: oito horas da noite. 
Com amor e carinho,
Grupo Casa, 2018.

junho 04, 2018

O DIA A DIA DE UMA TRUPE DE TEATRO :: MAIO/2018

junho 04, 2018
Por: Thaisa Contar.


Oi! Enfim estamos em Junho. E está faltando apenas um mês para a estreia do espetáculo novo do Grupo Casa! Mas antes de me empolgar mais sobre esse anúncio, vamos conversar sobre o mês de Maio?

O mês começou em dia de feriado. 1º de Maio. Dia do trabalhador. Feriado? Estávamos trabalhando nesse dia. É certo? Logo cedo nos reunimos para mais um encontro de ensaio para o novo espetáculo "A Vida É Sonho". Combinando que nesse mês e no próximo deveríamos focar cada vez mais no espetáculo. Será que conseguimos?

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Casa

A Casa continuou com as reformas. Nosso fiel pintor Diego cuidou das nossas paredes com muito carinho até que ficassem do nosso gosto. Depois de quebrarmos tudo, o acabamento foi dado, enfim! Já o chão, coitado, permaneceu sujo e cheio de pó por algumas semanas. Quase não conseguimos dar as aulas, era sempre uma maneira de fugir do nosso próprio espaço. As aulas das crianças foram todas dadas no Shopping Bosque dos Ipês durante os meses de abril, maio e ainda será em junho. Talvez alguns pais tenham ficado chateados. Pedimos desculpas. Mas eram dois motivos: a reforma e os ensaios para a apresentação do espetáculo das crianças. Visto que a apresentação seria no próprio Teatro Arena Bosque, vimos que o melhor seria ensaiar lá mesmo. Mas agora, com alegria, voltamos com as aulas no nosso novo espaço. Maior. Mais limpo. Mais teatral.




No fim, criamos um maior espaço para o M.E.R.D., nosso mínimo espaço de representação dramática. A porta que o separava da sala foi removida, e agora o que era nosso teatro de bolso ainda é mantido como o espaço cênico de antes (palco/plateia) e um pedaço da sala agora vira plateia. O próximo passo é finalizar a arquibancada.



Dividimos a sala com gesso e criamos uma pequena biblioteca. Concentramos todos os nossos livros nesse pequeno grande espaço. Finalmente temos um espaço de leitura e trabalho de mesa! Viva! 


A área que permanecia fechada para aulas e apresentações foi separada do novo espaço com cortinas. Assim, continuamos as aulas com privacidade e alegria. A ideia é manter as cortinas toda vez que usarmos apenas o espaço de aulas e retirá-las quando usarmos o espaço como um todo.


A área que era sala e se juntou ao teatro virou mais um lounge, junto com a garagem do lado de fora da casa. Aconchegante até para nós: 


A Vida É Sonho

Continuamos os ensaios para o novo espetáculo! Criações. Bichos. Olhos. Fotografias. Direção. Leitura. Trocas. Descobertas.


Falta pouco, senhoras e senhores! Falta UM MÊS para a estreia! 



Espetáculos

Esse mês, o Grupo Casa se deliciou com as eventuais apresentações de domingo com a turma do Bagacinho, mas também encontramos uma nova forma de espalharmos a arte por aí. Fomos convidados por André Luiz Alvez para teatralizarmos a história de três livros de escritoras regionais. Começamos o nosso projeto de contação de histórias com as histórias dos livros "Lilica, a Galinha Árvore" de Carmen Lúcia; "Jujuba, a Seriema Viajante" de Mara Calvis e Vivi Borges; e "A Lebre e a Tartaruga", uma das histórias do livro "A Eterna Magia das Fábulas" de Marlin Balbuena Bremm. Foram três histórias para serem contadas em três dias que criamos e ensaiamos dois dias antes. Uma loucura quase impossível de ser feita. E o fizemos. Teatro, literatura e música: juntos por um mundo melhor! Teatro na escola, na praça, no palco, no pé da árvore... é teatro em toda parte!




A trupe do Bagacinho se aventurou pelas histórias de Cinderela, Gaia - A Mãe Natureza, Rapunzel e O Pequeno Príncipe. Cinderela e Chapeuzinho Vermelho foram as aventuras contadas em festas de aniversário do mês de maio.




Além de tudo isso, ainda fizemos uma ação de dia das mães em parceria com o Shopping Bosque dos Ipês. Música, poesia e flores para as mães. Lute como uma mãe. Grupo Casa é amor!



Encontros

Vou falar de um encontro de Abril, já que não tivemos o post deste mês. Tivemos mais uma oportunidade de encontro com a Pequena Companhia de Teatro, uma cia lá do Maranhão. Não podemos deixar passar certos encontros sem dizer algo aqui que se pareça com gratidão. Agradecer não é por obrigação, mas por reconhecimento. Nós temos tido muitos encontros desde que inventamos esse troço de andar em bando e outros bandos nos atravessam e nos marcam, que seja assim pra sempre.

Este é o caso do intercâmbio que fizemos na semana passada com a Pequena Companhia, eles nos presentearam com o convite para estarmos juntos na passagem da cia por Campo Grande. Fizemos a oficina do Marcelo Flecha, assistimos três vezes o espetáculo "Velhos caem do céu como canivetes" e eles ainda assistiram a um ensaio da montagem de "A Vida é Sonho". Deixamos registrado aqui todo o nosso carinho a este grupo resistente lá do Maranhão. Gente que faz teatro na garra, na raça. Gente que sabe que fazer teatro não é brincadeira, que nos afirmam sentidos. Não há desculpa para fazer mal teatro. Viva a Pequena Companhia de Teatro. Um beijo grande a todos os integrante deste elenco de artistas comprometidos com a cena e muito obrigado pelo carinho. Grupo Casa agradece. Obrigado, Marcelo Flecha, Katia Lopes, Jorge Choairy e Cláudio Marconcine!





Em Maio, outra companhia que tivemos o prazer de conhecer foi a galera do Projeto "Na Estrada", uma circulação de três grupos de Goiânia/Goiás que viajam juntos pelo Brasil, apresentando 3 espetáculos. Assistimos apenas dois deles, o terceiro batia horário com nossa apresentação de domingo da turma do Bagacinho. Mas apenas dois foram o suficiente para nos encher de emoção e nos tirar risadas. Convidamos a galera para jantar conosco e, no dia seguinte, conhecer nosso espaço. 

Também tivemos a alegria de conhecer a galera do Grupo Teatral Boca de Cena, lá de Aracaju/SE. Recebemo-nos em nossa sede. Eles vieram a Campo Grande pelo Palco Giratório, projeto de circulação do Sesc. Eles apresentariam o espetáculo "Cavaleiro da Triste Figura", mas por conta da greve dos caminhoneiros, o cenário e toda a instrumentária do espetáculo não chegaram a tempo da apresentação. Mas, delicadamente, eles apresentaram uma pequena performance do trabalho e isso nos causou uma grande curiosidade. Tomara que eles voltem ou que a gente se encontra novamente para matar esse desejo. Artistas lindos de muito talento e vocação. Obrigado, Sesc Palco Giratório! Gratos por mais essa oportunidade.

Foi um prazer, pessoal!

Porque só se faz teatro em coletivo. Isso o dia a dia nos apresenta. Contatos com outras companhias nos fazem ter a certeza sobre a importância do grupo, das funções estabelecidas, dos objetivos alcançados etc. Que o teatro sempre nos proporcione encontros diversos. Isso muda o mundo!

Além dos encontros de trabalho, também tivemos um encontro de ajuda. Conhecem a Fernanda Kunzler? A Fernanda é sonhadora, lutadora, artista, trabalhadora... A Fernanda é que todo mundo ama. Um dia roubaram o carro da Fernanda. O carro de trabalho da Fernanda, o carro em que ela carregava seus sonhos e lutas. Ela faz parte de um grupo de teatro, o Teatral De Risco, eles tinham o carro dela para realizar suas ações e um dia furtaram... Mas a Fernanda é essa que todo mundo ama, então a galera foi lá e fez uma feijoada. E tudo virou festa. Tomara que ela consiga comprar um carro melhor que aquele que levaram e que seus sonhos, lutas e desejos continuem sendo carregados pelo mundo. E o Grupo Casa foi se deliciar na feijoada da Fernanda Kunzler. E ainda tinha feijoada vegana! Sem desculpas para não contribuir! 




Grupo Casa no Teatro

Esse mês, felizmente, conseguimos assistir mais espetáculos que o usual.

Começamos o mês com a Semana pra Dança. Na verdade, a semana começou em abril, estávamos viajando. Mas conseguimos pegar os últimos dias com os espetáculos Ibípio de Geraldo Si (Alemanha/Brasil)  Tempos Idos da Cia do Mato (MS) e Sr Will da Giro8 Cia de Dança (GO). 

Conferimos dois dos três espetáculos dos grupos de Goiânia/GO: "A História é uma Istória" e "Quando se Abrem os Guarda-Chuvas". Os grupos são: Farândola Teatro, Grupo Bastet e Poesia que Gira Cia de Arte. 

Também assistimos o espetáculo Boca de Ouro - direção de Gabriel Villela e texto de Nelson Rodrigues. Não tinha como não prestigiar!

Acontecimentos que não podem passar em branco são os eventos do Sesc. O SESC MS inaugurou este mês mais um espaço de cultura em Campo Grande, o Sesc Cultura. Um prédio histórico na avenida mais importante da cidade. Fomos conferir e tá tudo muito lindo. Que tenham muitos espaços de arte espalhados pelas cidades!




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Foi um bom mês. Todos os acontecimentos de maio nos atravessaram de forma bastante íntima. Que o próximo seja ainda melhor!

É isso galera.
Um beijo e até o próximo post 


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