dezembro 02, 2017

ENTRANDO EM UMA COMPANHIA DE TEATRO: O FENÔMENO GRUPO

Por: Vini Willyan.


Há um ano venho experimentando novas e intensas descobertas. Em mim e no mundo. Expô-las agora me parece precipitado. Me sinto em processo de entendimento. Entendendo a mim, o outro, o grupo e o caminho pela frente. Decidi nomear esse processo de “Fenômeno Grupo”.

Aos poucos vou descobrindo o Grupo Casa. Os artistas que compõem esse coletivo. O dia a dia de uma companhia e a arte de fazer teatro. Procuro me encontrar no todo. Caminhar no mesmo ritmo. Há uma necessidade de soma, de contribuir e receber. Se me percebo fora do ritmo, sinto que preciso me afinar. As palavras, o corpo e a consciência se transformam. Experimento o infinito diariamente. Em grupo eu sou e posso mais.

Tenho a ótica de um recém-chegado. E sou visto da mesma forma.

Enquanto minhas impressões são formadas, se forma também minha posição. Vou encontrando meu lugar, minhas funções e a importância disso dentro da missão.

Sim, dividimos uma missão: a de fazer e viver o Teatro. Não apenas como uma simples atividade humana, mas como um estilo de vida.

Para entrar nessa aventura, precisei sair. Sair de lugares cômodos que me aprisionavam e inutilizavam. Foi como realizar uma conversão. Decidi deixar para trás crises emocionais, noites solitárias de música, choro e poesia.

Minha rotina mudou. Os horários mudaram. A alimentação. O sono. A vida.

Os espaços vagos foram se preenchendo. Seja no ateliê aprendendo a importância da construção dos elementos cênicos, ou na frente do computador entendendo os números que movem o Grupo Casa.

Durante as manhãs nos reunimos para trabalhos de pesquisa, leitura e corpo. As tardes são de música, e as noites de aula. Preciso e quero estar presente, muito mais que antes.

A casa parece funcionar organicamente. Como um corpo. Observo cada membro com carinho e admiração. Se nos entendo como corpo, os preciso muito mais que antes.

Tenho hoje o coração sorridente, cheio de gás. Quero preservar essa energia, ou melhor, quero que ela se alargue e encontre mais.

Sei também dos desafios. Imagino que muitos estão por vir. Alguns deles já chegaram. Mantenho-me firme. Para fazer teatro preciso ter garra. Não há tempo para vaidades. Só há tempo para ir em frente.

Hoje tenho vinte e dois anos, em menos de um mês farei vinte três. Imagino, às vezes, como teria sido se tivesse chegado mais cedo. A imaginação corre. Preciso parar e me convencer de que para tudo há sua hora. Sinto que as experiências pelas quais passei e a fome de existência que senti foram necessárias para as certezas que encontrei.

No último mês precisei posicionar minha família, amigos e parceiros do momento que estou hoje. Os coloquei a par das novas direções e desejos. De volta, eu recebi apoio e carinho. Sinto-me grato e abençoado por ter construído boas relações em minha jornada.


O teatro se torna agora minha fonte inesgotável de ser. Produzindo afeto, descobertas e avanço. Uma vez me disseram que só existe uma maneira de ser: sendo. E, talvez, apenas em um coletivo de teatro esse fenômeno possa ser compreendido. 


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