janeiro 31, 2017

DIÁRIO DE BORDO: 30/01/2017

janeiro 31, 2017
   Acordamos às 7:00. Gabriel para ir à faculdade. Yasmim para ver a família. Ligia, Febraro, Samuel e Fernando para resolver pendências de saúde. Saímos de casa atrasados. Levamos como acompanhantes os livros "O Nome da Rosa" de Umberto Eco e "O Espaço Vazio" de Peter Brook. Yasmim compôs uma música nova a partir de "Mar Morto" de Jorge Amado. Tem tentado compor uma a cada capítulo. A bateria de exames terminou às 10:00. O médico orientou que cortássemos os carboidratos. O jejum de 12 horas enfraqueceu o conselho. Saímos de lá e comemos kibes e empadas. Carboidratos deliciosos. No caminho de volta para casa, Fernando falou sobre o livro de Peter Brook que está lendo. Disse que ao mesmo tempo que é bom, é muito inquietante. Ficamos interessados. Chegamos em casa. 
   Febraro e Samuel dormiram. Ligia e Fernando conversaram. Sobre o amor, o universo e a morte. Sobre o livro de Peter Brook. Sabe-se que ele diz no livro que um ator de companhia acaba por se acostumar e se tranquilizar por estar numa companhia e deixa de buscar o aprimoramento. A partir deste discurso, começaram a pensar nas potências de cada um de nós. Tiveram ideias para novos espetáculos, novas organizações e rumos para a companhia. Amadureceram até a ideia antiga de comprar um carro. É isso, um carro! Vamos todos! Dividiram os pensamentos com quem estava em casa: Febraro, Samuel e Roberto. Perguntamos o que fazer sobre nossas potências. Nos perguntaram de volta. Se aventuraram os cinco e foram. Não demoraram meia hora para decidir qual era. Olharam e disseram: é esse! A vida é prática. Um carro marrom de cinco lugares e um porta-malas gigante o suficiente para nossos cenários. O vendedor parecia um personagem. Fomos fazer o test drive. Alguém tinha de ficar de fora pois o carro só tinha seis lugares. Roberto ficou de fora pois perdeu no jokenpô. O carro era tão tecnológico quanto um microondas. Tinha câmera de ré, piloto automático, painel de bordo, controlador de velocidade. Ficamos animados. Voltamos para fazer contrato. Perguntaram a profissão de Ligia. Atriz. Psicanalista. Escolheu atriz. Não existia essa opção no sistema. Colocaram artista. Kelly se juntou à nós na concessionária. Enquanto o processo de compra era avaliado, fomos almoçar. Às quatro da tarde. Fomos num restaurante de comida natural e saudável. Agora estávamos seguindo melhor os conselhos do médico. Ao descer no estacionamento, Ligia e Fernando deram um abraço. Nos juntamos e virou coletivo. Comemos bem.
   Fomos adiante. Ligia e Fernando seguiram para outro médico. Kelly, Febraro, Roberto e Samuel foram para casa. Gabriel, chegado da faculdade, organizou a sala. Kelly iniciou a leitura de "Um Artista da Fome" de Franz Kafka. Samuel e Febraro continuaram a leitura de "O Idiota" de Dostoievski e "A Náusea" de Sartre. Leram em voz alta para treinar dicção e intimidade com a palavra. Roberto continuou a leitura de "Como eu era antes de você". Está adorando. Pois é. No médico, Ligia e Fernando foram orientados a desacelerarem o ritmo como cuidado de saúde. O médico parecia um personagem. Os dois chegaram e compartilharam as notícias. A compra do carro não havia sido aprovada. Demos adeus para o carro marrom. Lindo, parecia um móvel, um armário. Nos consolamos com a informação de que ele não aguenta tanto peso. Ligia e Fernando escreveram um texto em nosso grupo do Whatsapp sobre a conversa com o médico, sobre nossas oportunidades de crescer como artista, sobre nos doarmos e ouvirmos mais. Um texto longo de amor. Pouco a pouco, cada um correspondeu o amor usando as palavras da forma que sabia. No definitivo do tempo, ficou concluído: estamos juntos. Esperamos Yasmim para iniciarmos uma caminhada até a água de coco. Pedimos seis como de costume mas dessa vez em um lugar diferente do último. Conversamos e rimos. Fernando tirou uma selfie para nos refastelarmos no blog. Por motivos de câmera ruim, não ficou boa. Mas está guardada. Quem vendia o coco era um casal de velhinhos. Pareciam dois personagens. Pagamos e fizemos o caminho de volta. Chegamos em casa e nos despedimos com amor, pessoalmente e virtualmente. Dormimos. 
   O dia terminou com um saldo bom de declarações de amor. O livro de Peter Brook virou uma chave. Os personagens que encontramos ao longo do dia viraram uma chave. Ficamos atentos aos problemas de saúde. Quase compramos um carro novo. Os cachorros tentaram comer as pimentas recém plantadas. Nos encontramos com amor. Nos encontramos como coletivo num abraço e numa companhia de teatro. É festa! O dia acabou. Cheio de emoção. Parece dramaturgia. Começo, meio e fim. Diário de bordo não é literatura. É aventura. É livro de cavalaria.

30/01/2017.

janeiro 30, 2017

DIÁRIO DE BORDO: 29/01/2017 - PIMENTA

janeiro 30, 2017
Pimenta, nova moradora e protetora da Casa de Cultura Nildes Tristão Prieto
 Acordamos em horários diferentes. Começamos por volta das 9:00. Nos encontramos no café da manhã. Ligia e Fernando leram o diário de bordo do dia anterior e fizeram revisões. O texto precisava ser enxugado. Febraro e Samuel se debateram para fazer as melhorias. O texto foi editado três vezes. Há quem diga que ficou parecendo uma receita de bolo. Por falar em bolo, Fernando preparou um bolo integral de baunilha e cobriu com açúcar mascavo. Todos se refastelaram. Começamos o dia com sobremesa. Gabriel atualizou a capa de nossa página do Facebook com uma arte nova da Turma do Bagacinho em desenho. Colocamos em nossos Facebooks pessoais também. Ligia começou o preparo do almoço. Parecia um evento. Tínhamos polenta e soja. Roberto se juntou à missão. Enquanto isso, Fernando assistia ao vídeo de nossa peça Romeu e Julieta, apresentada no dia 22/01/2017 em nosso teatro de bolso. Se debruçou com carinho sobre a peça e disse que sentia saudade. Queremos fazer de novo. Gabriel, Samuel e Febraro se juntaram ao debruçamento. Na cena em que Romeu e Julieta tentam um beijo, foram interrompidos por Edson, aluno que vinha buscar sua carta de recomendação para uma faculdade de Artes Cênicas nos Estados Unidos. Na cena em que Mercucio morre, foram interrompidos pelo almoço. A teoria de que o almoço era um evento foi comprovada. Havia polenta com carne de soja e queijo, arroz integral, batata doce frita na manteiga e saladas diversas. Nos apertamos na mesa da cozinha e almoçamos. Éramos seis. Gabriel provou polenta pela primeira vez e gostou. Yasmim chegou com um vestido diferente do que saiu. Bonito e colorido. Havia ganhado de presente.
 Após o almoço, Roberto se instalou no teatro para ler "Como eu era antes de você". Gabriel treinou flauta. Ligia e Fernando tiveram um programa romântico: comprar vasos de planta e plantas novas para a casa. Procuraram cebolinha em dois mercados diferentes e não encontraram. Voltaram com pimenta e lírios da paz. Gabriel e Ligia se aventuraram nas plantações. O boldo foi trocado de lugar e agora mora no vaso amarelo. Fernando lavou nosso carro. Yasmim iniciou a leitura de "Mar morto", livro de Jorge Amado. As passagens do livro a fizeram pensar em acordes menores, que a levaram até Trocando em miúdos, música de Chico Buarque. Compôs uma música bonita no violão a partir disso. Dividiu o resultado com Samuel e Febraro. Depois, os meninos foram ao cinema assistir Resident Evil 6. Diversão hollywoodiana. Ligia, Yasmim, Fernando e Roberto se reuniram no teatro. Fizeram as unhas, leram, brincaram com os cachorros. Posteriormente, mudaram o lugar de encontro para a cozinha. Fizeram um lanche maluco que envolvia pão de mel e bife, sobras do almoço numa frigideira e Nescau Cereal. Tomaram chá. Aos poucos, cada um tomou seu canto. Ligia e Fernando se recolheram. Gabriel escrevia uma peça de teatro para o seminário da faculdade. Yasmim continuava fazendo descobertas no violão a respeito de "Mar morto". Estava encantada com o livro. Febraro e Samuel chegaram do cinema animados com a ação do filme. Se encontraram os quatro. A reunião foi no quarto de Yasmim. Conversaram sobre o dia. Thiago, nosso fotógrafo, deu boas notícias sobre um trabalho importante. Ficamos felizes por ele. 
 Nos despedimos com "boa noite" e "eu te amo" pelo grupo do Whatsapp. Nos encontramos com carinho no final do dia. Os encontros foram naturalmente se desfazendo pela necessidade de dormir. Dormimos. Amanhã outro encontro se faz pela necessidade um do outro. Amanhã nem existe. Hoje existiu.

janeiro 29, 2017

DIÁRIO DE BORDO: 28/01/2017 - ENCONTRO

janeiro 29, 2017


As poses são brincadeira, mas nos divertimos de verdade.
O diário de bordo é uma aventura de homens e mulheres comuns. Uma mãe nos disse isso. Aceitamos. Virou filosofia. Samuel e Febraro acordaram às 8:15. Atrasados para ajudar a irmã de Samuel a limpar um prédio. Pegaram um Uber até o local. Era o primeiro dia dele. Tiveram problemas para finalizar a viagem, quase se irritaram. Mas tudo deu certo. No final, ele até deixou fazerem uma ligação no celular dele. Terminaram de limpar depois de algumas horas. Ligia fez supermercado. Gabriel, Yasmim, Roberto e Fernando organizaram a casa e o teatro. Ligia trouxe o almoço: sopa paraguaia e kibe. Todos almoçaram juntos.
As aula de teatro para as turmas infantis começaram às 14:00. Febraro e Samuel deram aula. A aula era de construção de personagem. Os alunos escolhiam seus personagens favoritos e os interpretavam, primeiramente em um monólogo, depois em dupla, depois com todos. Na turma de seis à sete anos, tivemos Branca de Neve, Aurora, Cachorro, Elsa, Cavalo, Kid Flash, Pequena Sereia. Se alongaram, andaram pelo espaço, fizeram descobertas de corpo e voz para o personagem. Se divertiram. Tiveram medo. Houve um aluno novo. No fim da aula, conversaram. Sobre dentes moles e quando eles cairiam. O que fizeram no dia. Rafa, um aluno, nos perguntou sobre a pintura de Sarah Caires na parede do jardim de inverno. Queria saber porque ela chorava e porque tinha uma casa na cabeça. Perguntou se a pedra em cima da mesa era um pão. Todos descobrimos coisas novas. A aula acabou às 16:00. Kelly se vestiu de Mixirica e deu uma varinha mágica para Rafa. Foi lindo. Nos encantamos. Ele não largou a varinha, fez mágica. A mãe até enviou uma foto dele dormindo com a varinha. Pareceia que o mundo estava mais colorido. A aula da turma de oito à doze anos começou. Tivemos Malévola, Cebolinha, Isabela, Bruxa, Fiona, Burro do Shrek, Mulher Gavião, Mulher Maravilha, Velhinho de trezentos e seis anos, Cachorro, Cobra, uma mulher que já nasceu duzentas e seis vezes, Coelho. E só tinham seis alunos. Os personagens foram experimentados o tempo todo. Chegaram três alunos novos. Se afinaram rapidamente à turma. Se tornaram um coletivo. Juntos. Durante a aula, voltamos com o projeto "Um minuto na Casa de Cultura Nildes Tristão Prieto", onde passamos gravando a casa por 1 minuto. Postamos no Facebook. Fernando ligou para pousadas para nossa futura viagem. Gabriel fez a arte de divulgação de O Pequeno Príncipe, espetáculo que apresentaremos no Bosque dos Ipês em fevereiro. Ligia conversou com os pais. Descobrimos que a mãe de uma aluna nossa, foi dançarina de Axé. Passou o carnaval na Bahia e subiu no trio-elétrico do Araketo. Só desceu quando os pés latejavam. Era carnaval! A aula acabou às 18:00. Todos os alunos novos se matricularam. 
 Thaisa, que já foi da Cia., vendeu doces e pipocas durante janeiro nos nossos espetáculos do fim de semana. Chegou sem saber que o espetáculo de hoje havia sido cancelado. Compramos doces e pipocas mesmo assim. Febraro e Samuel subiram ao quarto e dormiram. Gabriel treinou flauta. Ligia não passou detalhes sobre o que aconteceu fora isso. Yasmim acordou Samuel e Febraro. Todos se arrumaram e saíram para caminhar e tomar água de coco. Caminharam Roberto, Gabriel, Samuel, Febraro, Ligia, Fernando, Yasmim. Estava frio. Yasmim e Ligia trocaram de casaco. Vimos um novo lugar de lanches na esquina de casa, na Praça das Águas. Cumprimentamos e prometemos passar na volta. Caminhamos até a água de coco. Pedimos cinco cocos. Talvez seis. Tiramos fotos para o diário de bordo. Ligia enrolou o casaco na cabeça por motivos de frio. Iniciamos o caminho de volta.  Ligia e Fernando falaram que quem tem pouca experiência no teatro não tem muito a falar além da própria experiência. Passamos pelo lugar de lanches mas seguimos em frente. Ligia tinha a ideia de fazer um caldo. Acabamos decidindo pelo lanche. Fomos ao lugar. Pedimos sete cachorros quentes e um x-salada. Comemos e conversamos. Nos demos conta do quão longo foi o dia sem um espetáculo. Discutimos sobre o próximo, Pinóquio, que apresentaremos no dia 12 de fevereiro no Bosque dos Ipês. Descobrimos sobre o encontro de ontem de Roberto. Ficamos felizes por ele. O amor está tentando bater à porta. Tomara que entre. 
 Chegamos em casa. Ligia, Fernando e Roberto conversaram sobre amor na cozinha. Yasmim e Gabriel treinaram violão e flauta, respectivamente. Samuel e Febraro discutiram sobre a escrita do diário de bordo. Nada foi decidido. A casa foi fechando. O ritmo abaixando. O dia foi cheio. Foi um dia. Falamos de amor, nos desentendemos, nos entendemos, sentimos ciúmes, demos boa noite, catamos cocô dos cachorros, nos encantamos pelos novos alunos e pelo amadurecimento dos antigos, escrevemos, lavamos louças, nos alimentamos, tomamos banho. Toda dor é passageira. A do pé e a do peito. Dormimos. É sempre a última coisa que fazemos. O resto é sonho. Viva o teatro. Que ele exista sempre que fizermos. 

28/01/2017.

janeiro 28, 2017

DIÁRIO DE BORDO: 27/01/2017 - GENTE

janeiro 28, 2017
 O dia começou cedo. Acordamos todos às sete, alguns mais perto disso, outros mais longe. A manhã foi destinada a resolver pendências de saúde. Primeiro, levamos Ligia e Yasmim para fazerem exame de sangue. Yasmim não pôde fazer pois seu pedido havia expirado. Ficamos todos no corredor esperando Ligia. O médico terminou e saiu da sala chamando pelo próximo. Não havia próximo. Mas existiam quatro acompanhantes, todos de Ligia. Depois, fomos na padaria mais próxima para preencher o vazio deixado pelo jejum de 12 horas feito para o exame. Pedimos torta de frango, carolina, café, capuccino e pão na chapa. Conversamos sobre tudo. A conta saiu mais cara que o esperado. Na saída, nos lembramos de perguntar os preços antes de comprar. O capuccino era 10 reais. E pedimos dois. Samuel e Febraro foram autorizar alguns exames enquanto Ligia, Fernando e Yasmim seguiram para o ginecologista e posteriormente para o supermercado. 
 Combinamos pelo Whatsapp de ir ao shopping pegar os objetos de cena para o espetáculo do fim de semana e trocar os cartões presente que ganhamos no Natal e nunca trocamos por falta de tempo. Ligia avisou que estava muito cansada e que descansaria um pouco antes do almoço. Às 11:11, nossa agenda do dia foi enviada no grupo do Whatsapp. Incluía terminar de escrever os projetos da Cia., divulgar o espetáculo do fim de semana e ensaiar às 15h. Às 12:25, uma mensagem chegou no grupo avisando que as apresentações de sábado e domingo estavam canceladas. Todos estávamos cansados e não teríamos condições. Nos reunimos e entendemos a maturidade da decisão. Precisávamos desacelerar o ritmo e recarregar as energias. Postamos a arte nas redes sociais avisando do cancelamento. 
 Uma parte se dividiu na cozinha para preparar o almoço. Outra parte se dividiu na organização dos quartos. O almoço ficou pronto. O suco era de laranja com acerola. O prato principal foi ratatouille. Comida nova para alguns de nós. A mesa foi arrumada e Ligia montou o prato de um por um de forma caprichosa. Prato bonito e feito com carinho. Sentamos todos à mesa. Éramos oito. Nos refastelamos. Temos cultivado e apreciado a palavra "refastelar" já tem alguns meses. Usamos sempre que possível. Tiramos fotos para o diário de bordo. Capturamos amor. Após o almoço, descansamos. Houve quem dormiu. Houve quem só deitou. Decidimos levar os cachorros para passear. Eles são temperamentais e acabam brigando. O passeio durou pouco. Voltamos. O interfone tocou. Era a mãe de um aluno, que vinha para buscar um documento que admitisse o filho numa faculdade de Artes Cênicas nos Estados Unidos. Algo assim. Ligia entregou. Descansamos. 
 Começamos a arrumar a casa e a nós mesmos para irmos ao shopping trocar nossos cartões presente. Só tinham mais três dias de validade. Fomos num carro de cinco lugares, oito pessoas. Chegando lá, fomos comprar um perfume novo. Olhávamos as roupas e pensávamos em possíveis figurinos. Encontramos a mãe de uma aluna e conversamos por um tempo. Na livraria, não sabíamos que livro escolher. Demoramos um tempo. Ligia disse que achava um absurdo a falta de livros sobre teatro. Uma mulher que estava por perto disse que Ligia queria se passar por intelectual. Ligia não respondeu porque não ouviu. Foi difícil achar livros que já não existissem em nossa biblioteca. Conseguimos. Febraro escolheu "A náusea" de Sartre. Fernando e Gabriel se divertiram com os videogames modernos. Yasmim escolheu "Mar morto" de Jorge Amado. Ligia escolheu canetas para o seu escritório e uma caixa de giz de cera para os alunos. Samuel escolheu "O idiota" de Dostoiévski. João escolheu "A insustentável leveza do ser" de Milan Kundera. Roberto escolheu o box com todos os livros de Game of Thrones. Pois é. 
 Pagamos o estacionamento e saímos do shopping a caminho de um restaurante de comida japonesa. Conversamos sobre a mulher que alfinetou Ligia na livraria e rimos da situação. Deixamos Roberto no terminal de ônibus para um encontro. No restaurante, encontramos outra mãe de aluna e conversamos por um tempo. Gostamos da comida e do atendimento. Pedimos frango, peixe, temaki, gyoza, sushi, sobá. Nos sentimos revigorados. Ao pagar a conta, Ligia pegou alguns pirulitos de coração e distribuiu entre nós. Tiramos uma selfie antes de sair. No caminho para casa, paramos em uma farmácia para comprar remédios e água. Fernando tem uma teoria de que nosso filtro não filtra a água tão bem quanto antes. Chegamos em casa. Demos "boa noite" e "eu te amo". Nos despedimos no fim do dia para nos reencontrarmos no início. Dormimos com facilidade. Roncamos.

27/01/2017.

janeiro 27, 2017

DIÁRIO DE BORDO: 26/01/2017 - NÓS

janeiro 27, 2017
 Para quem não olha com os olhos de ver, parece só uma casa bagunçada. Mas é uma casa em que houve trabalho o dia todo. Pelo teatro. Uma casa que recebeu energias de todos os tipos, ouviu muita música, se encheu de palavras, de vozes, de corpos. Pelo teatro. Por aqui hoje, existiram vinte e duas pessoas e três cachorros. Onze livros sobre teatro foram abertos. Dez textos de trabalho entraram em desenvolvimento. Uma peça foi ensaiada. Uma aula foi dada. Nove músicas diferentes foram tocadas infinitas vezes. Não houve silêncio. Um desenho foi feito o dia todo. Os três cachorros morderam um colchão. O depósito foi organizado. Fizemos almoço. Comeram na mesa sete pessoas. Ficaram em volta três cachorros. Trocamos de roupa, tomamos banhos, comemos sanduíches. A torradeira foi usada cinco vezes. A geladeira foi aberta trinta e duas vezes. Foram dados três milhões, duzentos e doze passos nessa casa em vinte e quatro horas. As luzes foram apagadas e acendidas o dia todo. As vozes falaram e se calaram. Os amores existiram. Os olhares existiram. O teclado do computador passou por seis dedos diferentes. Gotas de suor de dezesseis pessoas caíram no tablado do teatro. Cabelos caíram. Espirramos. Tossimos. Houve insegurança. Houve descoberta. Houve poeira se juntando na estante. Houve uma aranha branca gigante pendurada no telhado. Tiramos uma foto dela. Nos abraçamos. Decidimos uma viagem. Discutimos trabalhos. Cinco celulares foram carregados. A grama foi cortada uma vez. Demorou trinta minutos. O ventilador fez com que cinco folhas voassem da mesa e caíssem no chão. Vinte e sete pratos sujos passaram pela pia. Quatro contratos de alunos foram preenchidos. E todos esses números são ficção. Nenhum deles é exato e tem compromisso com a realidade. Tudo é ficção. Os números não importam. A verdade não existe e se existe é fraca. Amanhã é tarde e amanhã nem existe. Mas tudo acontece. Aconteceu. Um dia inteiro.
Na mesa de estudo, alguns livros, em destaque: "A Mulher Só" de Harold Robbins, Comédias e Sonetos de Shakespeare, "Amor e Exílio" de Isaac B. Singer e "Maria Cachucha" de Joracy Camargo
 Na parte da manhã, fomos ao banco, organizamos a casa, escrevemos para o blog, reestruturamos o texto e fizemos novas descobertas musicais para "O Trem do Pantanal", espetáculo da Turma do Bagacinho que apresentaremos no sábado e no domingo. Começamos a preparar o almoço um pouco tarde. Comemos. Organizamos os quartos e a cozinha. Ligia foi para o computador escrever novos projetos e nos chamou para ouvirmos um texto escrito por ela. Ele dizia que para permanecer no teatro só precisamos de uma coisa: verdadeiro amor. Falamos sobre. Com amor. Gabriel começou a finalizar o desenho da Turma do Bagacinho. Kelly decorou caixotes com tecido para o cenário da peça. João ensaiou as músicas com seu mais novo instrumento, o acordeon. Yasmim treinou com o violão. Depois, começamos a arrumar o depósito. Recebemos duas ligações para alunos novos na turma adulta de quarta-feira. Decidimos abrir vagas para crianças de três anos. Começamos a ensaiar O Trem do Pantanal. Passamos o texto e as músicas, incluindo uma nova e autoral, que repetimos algumas vezes por conta da dificuldade. Os alunos da turma adulta avançada começaram a chegar. 
Partitura de uma música da trilha sonora de "O Trem do Pantanal"
 A aula começou sem todos os alunos terem chegado. Chegaram alunos suficientes para um começo. Ligia abriu todas as portas. Ventava. Nos posicionamos enquanto éramos orientados sobre a aula. Depois, nos separamos em duplas ou trios para que um alongasse o outro. Os alunos que ainda não tinham chegado começaram a chegar neste ponto. Alongamos um ao outro por cerca de trinta minutos. Ainda juntos, devíamos andar pelo espaço de mãos dadas, observando quem liderava e quem se deixava ir e como isso mudava, sempre pensando na ciência do ator e na consciência do corpo. Depois, andamos no espaço separados mas com o olhar fixo no parceiro. Devíamos correr sem tirar o olhar do parceiro. Devíamos correr e quando fosse dado o sinal para parar, encontrar a dupla ou o trio e juntar as mãos para que andássemos pelo espaço. Andamos de mãos dadas no plano baixo. Tentamos correr de mãos dadas no plano baixo. Toda essa etapa foi ao som de jazz e assim continuou quando Ligia nos pediu para deitarmos e pensarmos em toda a trajetória de nosso personagem, em toda a construção feita no Festival Processo em Cena - Edição Construção do Personagem. Após a calmaria, começava outro momento de fúria: nossos personagens tinham que voltar. Andando pelo espaço. Se comunicando. Olhando. Reagindo. Como ele é. Como ele faria. Não só com nossa dupla, mas com todos os presentes. Para entendermos o nosso personagem junto do outro e o outro junto a nós. Ligia nos pediu movimentos mais cheios. Depois, ganhamos cinco minutos para desenvolver o encontro de nossos personagens, pensando onde isso se daria, como tal personagem se comportaria em tal situação ou lugar. Concluímos todos esses exercícios de entendimento para que pudéssemos sentar e terminar nossas dramaturgias, que pedem o encontro de dois personagens, em alguns caso três, que foram desenvolvidos e construídos na primeira edição do Festival. Ligia pediu para que só mostrássemos o texto quando fosse nosso melhor possível. Ninguém mostrou, por enquanto. A aula acabou.
Parte do equipamento de "As Aventuras de Bagacinho"
 Quando todos os alunos foram embora, a casa fechou para o público. Continuou para nós que moramos. Fechamos o teatro, desligamos as luzes. Conversamos na cozinha sobre o cronograma dos próximos dias. Fizemos carinho nos três cachorros. Colocamos os três para dormir. Comeu quem sentia fome. Dormiu quem sentia sono. Nos cansamos. Pouco a pouco, fomos todos dormir até que na sala só ficassem os quadros, os livros e as cadeiras.

26/01/2017.

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O trem já vai partir! Embarque no último espetáculo da temporada de férias da turma do Bagacinho: O Trem do Pantanal! Depois de visitarmos Paris em "A Bela e a Fera", a Espanha em "Dom Quixote de La Mancha", o sertão do Cariri em "Romeu e Julieta", ainda passaremos em Aquidauana, Miranda e Corumbá. Você não pode perder! Exclusivo para 30 pessoas por dia! É só reservar sua cadeira por telefone ou por e-mail. O ingresso é R$20,00 mas TODO O MUNDO paga meia entrada! Então é só R$10,00! Vem passar suas férias com o Grupo Casa e a Turma do Bagacinho!

janeiro 26, 2017

25/01 - AULA INFANTIL: CONSTRUÇÃO DE PERSONAGEM

janeiro 26, 2017

Na aula de quarta-feira, trabalhamos com cinco etapas sobre a construção do personagem e a experiência de entrar em cena. O primeiro passo foi o aquecimento. Numa roda, cada um dos alunos fazia um movimento de alongamento e os outros repetiam. Depois começamos a andar pelo espaço, buscando entender nosso corpo no espaço e o mundo que vemos. O mundo a partir de nós e do outro. Pulamos, corremos, andamos em câmera lenta, rolamos. Os gritos da ansiedade estavam se acabando, e logo eles começaram a estar em busca da consciência de seus corpos e do ritmo. 

A segunda etapa era pensar em seu personagem preferido. Saiu de um tudo: Mulher Gata, Batman, Minnie que depois foi trocada pela Mulher Aranha, Peppa Pig. Escolhidos os personagens, um por um entrou em cena e contou a vida do personagem. Toda a trajetória deles. Apareceram os medos e inseguranças, mas foram apagados pela coragem de entrar em cena. Depois, foi a hora de andar pelo espaço, pensando na vida desse personagem, no corpo que ele tem, na voz, nos trejeitos.


Na terceira etapa, eles apresentaram uma cena que contava a história desse personagem. Porém, agora eles eram os personagens e contavam ao seu ponto de vista, apresentando as descobertas e escolhas feitas sobre seus corpos e vozes. Na quarta etapa, um sorteio decidiu as duplas. O exercício era montar uma cena com o encontro desses dois personagens. Peppa Pig virou amiga da Mulher Aranha e a Mulher Gato lutou com o Batman numa sorveteria de Gotham. Imaginem só! As duplas apresentaram as cenas e depois sentamos para discutir o que aconteceu e porquê aconteceu.



A quinta etapa trouxe mais um desafio: montar o encontro de todos os personagens. Eles bateram a cabeça, mas conseguiram. Após a cena ser apresentada, eles comentaram sobre ela: o que faltou, o que poderia ser tirado, etc. Depois, a cena foi apresentada novamente em 20 segundos. Depois em 15 segundos. 10 segundos. Até chegarmos a marca de 05 segundos. Depois de toda essa experiência, os alunos não queriam parar de repetir a cena, pois já estavam dominando a cena e entendendo que ela tinha que acontecer, mesmo que em poucos segundos. Para finalizar a aula, fizemos nosso tradicional Toi Toi Toi.
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