dezembro 19, 2017

FÉRIAS 2017

dezembro 19, 2017


Enfim, o Grupo Casa decreta suas Férias 2017!

Depois de uma manhã de trabalho, partimos para viagem rumo ao litoral. Um pedacinho da trupe vai para Brasília, outro pedacinho vai para Ubatuba, outro pedacinho fica em Campo Grande, e a maior parte da trupe está indo para o litoral capixaba. Com suas malas pessoais e com as malas da trupe do Bagacinho. Entramos na Kombi e Teuda que nos guie.

Preparamos as malas, o tereré, o figurino e o cenário. Essa é o começo de nossas férias. Depois de dois anos e dois meses, com "A Turma do Bagacinho", tiramos nossas primeiras férias. Mas o Grupo Casa não para mesmo nas férias: faremos nossas últimas apresentações do ano em Brejetuba, no Espírito Santo. Dia 23, com uma única seção e dia 29, com duas seções. Somos palhaços, artistas, moribundos, poetas, amantes, atores do mundo. Nossa Kombi é do tamanho do mundo. Viva o teatro!

Voltaremos com as postagens assim que chegarmos e recomeçarmos nossos trabalhos.

Bom fim de ano, boas festas e boas férias a todos!!



GRUPO CASA - Coletivo de Artistas

SEMANA DE BORDO :: 18 a 19 de Dezembro de 2017

dezembro 19, 2017

Agora sim: nosso últimos dias de trabalho do ano!

DIA 18: João e Vini sem dormir para ir ao Shopping Bosque dos Ipês. Trocar tecido. Saímos do churras plus joguinhos lá pelas 4AM e às 6AM os meninos já estavam no espaço à espera de Rodrigo para a troca de tecidos. E a pergunta do momento é: "Por que não fizemos isso antes?" Ficou incrível! Na foto ficou um pouco escuro, só vemos o leque. Mas ao vivo, galera... vejam! Neste domingo tem Circo Le Chapeau com seu espetáculo "O Auto de Natal do Circo Le Chapeau". A manhã foi dedicada a isso. Durante a tarde, trabalhamos na casa e no fim da tarde voltamos para o Shopping. Reunião e arrumação de camarim. Reunião com participação de Mandu. E assim nosso teatro vai ficando cada vez mais legal.

DIA 19: Logo cedo, nos encontramos na casa de cultura. Fomos trabalhar em uma creche. É a trupe do Bagacinho levando alegria para todas as crianças! Almoçamos em coletivo para nos despedirmos de João, Thaisa e Samuel, que não vão passar Natal e Ano Novo com o coletivo. Encontramos Thiago e comemos conversando. Até que resolvemos fazer nossas malas e partir. 




GRUPO CASA - Coletivo de Artistas
18 a 19 de Dezembro de 2017

dezembro 17, 2017

SEMANA DE BORDO :: 11 a 17 de Dezembro de 2017

dezembro 17, 2017

Nossa quase última semana de trabalho do ano!

DIA 11: Apenas nos deixamos levar pelo nosso dia de folga. Ligia e Fernando trabalharam com algumas burocracias que discutimos no dia seguinte. Conversamos sobre Shakespeare. Parece que encontrou a felicidade. Descobrimos que é um cachorro de apartamento. Shakespeare está tão feliz que ficou até educado. Não para de lamber. Não para de pedir carinho. Quer deitar juntinho o tempo todo. É outro cachorro.

DIA 12: Falta um dia para o espetáculo de finalização de ano de uma das turmas de crianças. Febraro preparou o espetáculo "A Graça do Ator" que conta com nove crianças em cena. Para receber os pais e demais pessoas presentes no público, a turma adulta que está preparando o espetáculo "Declaração Universal do Menino Invocado" realizará a leitura dramatizada do livro. Era pra rolar ensaio hoje, mas tivemos aula normal, hoje de música com João. Recebemos Mandu para mais uma reunião sobre as reformas dos nossos espaços. Marcos Prieto quer voltar a morar na casa. Precisamos de espaço para todos nós. Conversamos por horas. Fernando e João o levaram até o nosso espaço no shopping. Voltamos e conversamos mais um pouco na casa. Thaisa e Vini passaram o dia mexendo com alunos e escola. 

DIA 13: Dia de espetáculo. Dia de finalização de curso. Chegamos cedo para a limpeza e a organização da casa. Adriana passou a tarde conosco. Fez macarrão com frango para o almoço e pão caseiro salgado e pão doce com coco e goiabada para o lanche. Cuidou da cozinha toda o tempo todo. Uma fofa! Mas esse foi um lanche para nós da casa. As crianças trouxeram suas comidinhas. Cada um trouxe um lanche. Comemos cachorro quente, frutas, sorvete, bolo, refrigerante e suco. E logo voltaram aos ensaios com Febraro e Ligia. Os adultos chegaram às 18h para um ensaio que começou às 18:47. Ligia interrompeu o ensaio às 19:12 para que pudéssemos começar a grande noite. Começamos com a leitura dramatizada e passamos para o espetáculo infantil. A leitura foi mais ou menos. O espetáculo infantil foi muito fofo. Crianças sempre sendo melhores que os adultos. Finalizamos cedo e cansados.

DIA 14: Todos quase em ritmo de férias. Bermudas e chinelos à solta pela casa. Almoçamos e logo saiu do forno um bolo molhadinho de beijinho. Nos refastelamos. Metade da trupe foi ao camelódromo comprar um novo cabo para a mesa de desenho do Gabriel e um novo carregador para a câmera fotográfica também do Gabriel. Dia tranquilo. Eu aqui escrevendo e algumas rodinhas de conversa rolando pela casa. Enfim todos chegaram na casa e logo decidimos trabalhar na casa de Ligia, Fernando e Febraro para tomarmos um belho banho de piscina. Realmente as férias estão chegando. Viva! Partiu piscina! Fernando e Vini foram ao mercado e trouxeram várias coisinhas para um churrasquinho. Uns cozinhavam, uns limpavam, uns trabalhavam. Nos refastelamos até tarde da noite.

DIA 15: Dia de espetáculo. O Sítio do Pica Pau Amarelo no Dahma. Passamos o dia trabalhando na produção e na passagem do texto e das músicas do espetáculo. Foi tenso. Amanda e Ana Julia passaram o dia conosco para os ensaios. Adriana fez nossa comidinha do dia. Montamos a Kombi com nossos cenários e atores e partimos. Dessa vez foi mais tranquilo para entramos no condomínio. Sem grandes perguntas. Ufa. Logo montamos nosso cenário. Demos uma volta no carro do Papai Noel do Dahma. Contamos a história do sítio de Dona Benta. Voltamos voando para casa. Tínhamos compromisso com a noite de Campo Grande.

DIA 16: Sábado mais tranquilo que já esperamos nas nossas vidas. Pré-férias. Nos encontramos na casa de cultura, mesmo a escola de teatro já tendo parado. E nós estamos quase parando também. Os meninos foram cortar cabelo. As meninas meio conversavam, meio trabalhavam, meio tiravam carrapatos dos cachorros. Tivemos uma reunião sobre o ano e sobre a viagem. Deveria ser breve, mas discutir relação nunca é breve. Deveríamos ter ido para o shopping para trocar o tecido amarelo do espaço por um preto. Tivemos um problema e ficou para segunda. Catamos manga na árvore da rua. Passamos o texto do último espetáculo do ano no shopping na casa de cultura. Com chuva.

DIA 17: Domingo. Dia de Shopping Bosque dos Ipês com "As Aventuras de Bagacinho - Quem Conta um Ponto Cria um Conto - Retrospectiva 2017". E um churras pré-férias na piscina com direito e ping-pong e Quest!



GRUPO CASA - Coletivo de Artistas
11 a 17 de Dezembro de 2017

dezembro 10, 2017

SEMANA DE BORDO :: 4 a 10 de Dezembro de 2017

dezembro 10, 2017


DIA 4: Hoje seria um lindo dia de folga. Mas essa semana é de trabalho em outra cidade. Corumbá, nos aguarde. Antes de mais nada. combinamos com a Val de buscar Shakespeare para que ele passasse a semana com ela. Está muito difícil a convivência dele com Nelson. Vini e Roberto não conseguiriam apartar uma briga deles estando sozinhos. Os cachorros choraram bastante com a despedida. Mas é assim. De tarde já estavam bem.

DIAS 5 a 8: Estamos em Corumbá. Em parceria com o SESC MS fizemos uma semana de apresentações com a trupe do Bagacinho e seus espetáculos "O Patinho Feio", "Dom Quixote de La Mancha" e "O Trem do Pantanal". Além dos espetáculos, Ligia e Febraro tomaram a frente de uma oficina de criação e contação para crianças de Corumbá. Foi um projeto de muito gosto para todos nós. As crianças nunca tiveram contato com o teatro. Com carinhas tristes, perguntaram se não teriam mais aulas de teatro depois dessa oficina. Ouvimos absurdos relatos de pessoas que foram ao teatro pela primeira vez nessa semana. Algumas com mais de 50 anos. Pois é. Não existe teatro na cidade. Só queremos voltar muitas outras vezes. Mais sobre essa semana maluca NESTE POST.

DIA 9: Queríamos acordar depois das 10h? Sempre. Ainda mais tendo chegado tarde da viagem. Mas hoje tínhamos compromisso cedo. Finalização das aulas de teatro para crianças contratadas por Fabiano. Nos dividimos. Febraro e Ligia deram as aulas. João foi dormir. Thaisa tomava conta da recepção e da sala para as mães que aguardavam seus filhos. Fernando, Gabriel, Samuel e Kelly foram ao Shopping ajudar Ramona na arrumação de seu espetáculo que aconteceu no período noturno. Nos juntamos e almoçamos para continuar a labuta ni período da tarde. Mais duas aulas para crianças. Agora dadas apenas por Febraro. Bibi passou a tarde conosco e foi a ajudante de Febraro na primeira aula. Ligia passou a trabalhar em projetos no escritório. Cada um com seus afazeres até a noite, quando nos dividimos novamente. Fernando, João, Febraro e Gabriel voltaram ao shopping para ajudar Ramona no momento do espetáculo. Kelly e Samuel foram trabalhar em uma formatura com Mixirica e Alcaparra. Thaisa, Vini e Ligia mantiveram seus trabalhos de computador. Roberto estudava o texto de Chapeuzinho Vermelho para o dia seguinte. Nos encontramos e jantamos. Nos despedimos e dormimos.

DIA 10: Domingo. Dia de Shopping Bosque dos Ipês com "As Aventuras de Bagacinho - Quem Conta um Ponto Cria um Conto - O Natal da Chapeuzinho Vermelho". 

Image may contain: one or more people and people standing

GRUPO CASA - Coletivo de Artistas
4 a 10 de Dezembro de 2017

dezembro 09, 2017

GRUPO CASA NO SESC CORUMBÁ :: De 05 a 07/12/2017

dezembro 09, 2017

O Grupo Casa, em parceria com o SESC MS de Corumbá, realizou uma pequena temporada de espetáculos infantis.

Foram cinco dias de viagem nessa linda cidade e eu conto tudo agora!

---------

DIA 1 (04/12/2017)
Muita chuva. Acordamos em ritmo de viagem. Só que tarde. Pretendíamos sair de Campo Grande às 11h, mas outras prioridades nos impediram de sair no horário. 

Febraro passou a madrugada no hospital com infecção de garganta. Ligia já estava lá tomando um belo soro depois de assar mal com lactose. Fernando acompanhava os dois. 

Logo cedo, João foi à sua unidade de saúde tomar vacinas pela mordida que levou de Shakespeare.

De tarde, Febraro precisou ir a uma UBS tomar as devidas vacinas depois de ser mordido por Shakespeare. Era pra tomar só a anti-tetânica, mas não deixaram ele ir embora sem tomar a anti-rábica também. Precisou ser atendido por um médico, e logo tomou todas as vacinas, faltando uma dose da anti-rábica para 3 dias. 

Ligia precisou ir até a Fundação de Cultura assinar novamente o contrato de prestação de serviços da nossa apresentação no Parque das Nações Indígenas que aconteceu em Outubro pois haviam perdido o contrato anterior.

Samuel aproveitou o tempo de espera para visitar sua mãe.

Buscamos os meninos e partimos. Rumo à Corumbá. Lá pelas 18:14. A viagem foi boa. Devagar. Gostosa. A pista era boa. Muita perereca cruzando a estrada. Viajar sempre é bom. Passávamos pelas cidades citadas no espetáculo (Aquidauana e Miranda) e falávamos falas do espetáculo de acordo com a região. Chegamos em Corumbá. Por volta de 00:47. A viagem foi gostosa, mas o tempo que levamos para chegar nos matou as pernas. Para viajarmos confortavelmente nessa kombi que suporta nove pessoas, apenas seis poderiam estar lá. Cenários e malas por todos os lados. Inclusive nos nossos colos. E o que ia por cima, caía em nós durante a viagem. E a gente ainda acha que a kombi é o suficiente para o Grupo Casa. Bom, a gente gosta de estar juntinhos. Mas não com coisas caindo sobre nós. Ficamos bem.  Encontramos o hotel e fomos para nossos quartos. Todos ótimos. Só que não. Ligia e Fernando trocaram de quarto três vezes. 

DIA 2 (05/12/2017)
Acordamos em Corumbá. Cada grupo de quartos tomou café em horários diferentes. Todos muito cansados. Voltamos para nossas camas. Fazia sol. Saímos atrasados para tentar descansar o máximo possível depois da viagem. Fomos ao Sesc. Conhecemos o espaço. Limpamos o chão da área de palco. Descarregamos a kombi. Montamos o cenários enquanto Ligia foi divulgar o espetáculo ao vivo na TV local. Ligia e Febraro deram atenção para a oficina a partir de então. Sete crianças. O restante passou som e texto. Finalizada a oficina, passamos texto e música novamente no camarim. Todos suados. Cidade quente da pega. Hoje era dia de "O Patinho Feio". Casa encheu. Fomos apresentados pela Marcelle. Contamos a história do patinho mais palhaço da história! Foi difícil. Marcamos com apenas uma passada. Foi divertido. Teve quem chorou na plateia. Uma história muito emocionante. Tiramos fotos com as crianças e fomos nos trocar. As roupas de palhaço são muito quentes, você nem imagina. Estávamos causando uma enchente dentro do Sesc. Thaisa ficou organizando o cenário e conversando com o pessoal do Sesc. Um pessoal muito gente boa, por sinal. Adoramos trabalhar junto com eles. Voltamos para o hotel e caímos na piscina por volta das 22h. Em silêncio para não acordar os hóspedes. Resolvemos ir comer uma pizza. Fomos ao Avalon Bistrô. Que lugar fofo! Aliás, tudo nessa cidade é fofo. Uma arquitetura sem igual. Comemos pizza de abobrinha com Martini. Merecemos. Demos uma volta de Kombi pela cidade. Passamos pelo porto. Voltamos para o hotel para descansar que o dia seguinte também prometia.

DIA 3 (06/12/2017)
Acordamos atrasados. Às 9:23. Apenas João, Thaisa e Gabriel tomaram café e já foram pra piscina. Os demais foram chegando. Passamos texto na piscina, almoçamos e partimos para o Sesc. Ligia e Febraro já foram direto para a oficina. Aqui não tem tempo nem de beber água. Os demais ficaram no palco improvisado para arrumar cenário e passar som. Ligia terminaria um projeto enquanto Febraro aquecia as crianças, mas recebemos a TV local e Ligia acabou ficando o tempo todo na oficina, que logo finalizou e já nos concentramos no palco/cenário para marcar o espetáculo.  Eram oito em cena. Fernando dirigia. Não foi fácil fazer as marcações. Mas Fernando conseguiu pensar em tudo e ficou lindo. Passamos as músicas e os microfones. Fomos nos arrumar no camarim. Aguardamos nosso lanche que chegou em cima da hora. Comemos pipoca com refrigerante antes para não passarmos fome. Nada saudável. Comemos um belo lanche depois da apresentação. Sanduba e pastel no Skinão. Vimos uma praça e fomos dar uma volta até vermos um morcego e voltamos de fininho. Avistamos uma sorveteria e lá ficamos por um bom tempo, tomando sorvete e conversando. Scorpios. Lá tinha um cartaz com divulgação dos nosso espetáculos. Queríamos levar com a gente. Voltamos para o hotel para descansar que o dia seguinte seria mais um grande dia.

DIA 4 (07/12/2017)
Thaisa, João, Ligia, Fernando, Gabriel e Smauel se encontraram no café da manhã. O dia estava nublado. Caíam gotas bem finas de chuva. Voltamos para a cama quando Ligia lembrou da segunda dose da vacina de Febraro, que foi à UBS acompanhado de Thaisa e Fernando. Fomos a pé na chuvinha mesmo. Conhecemos mais um pouco de Corumbá, vacinamos e voltamos para nossas camas no hotel. Combinamos de almoçar às 12h e fomos às 13h. A finalização da oficina começou às 15h com últimas passadas dos ensaios. O espetáculo foi às 18h. As crianças todas tímidas. João tocava músicas. Os pais ficaram emocionados. Vi uma lágrima no olho de uma mãe, pelo menos. Conversamos com os pais, nos despedimos, e fomos para o camarim. Passar texto e pintar o nariz de vermelho. Gabriel tomou o papel de Curupira e o papel de Caboclo do Mato. Aprovado. Um espetáculo sempre muito querido. Ainda mais tendo sido feito em Corumbá, uma das terras mencionadas no espetáculo, onde o trem termina sua viagem e Bolonhesa reencontra seu grande amor. Finalizamos e conversamos um tempão com Tânia sobre Corumbá e sobre a cultura de Corumbá. Thaisa ia arrumando o cenário. Continuamos nossa conversa no Dolce Café. Só petiscos. Uma delícia. Conversamos por horas. Uma banda fazia covers de clássicos do rock. Voltamos para o hotel para descansar que o dia seguinte era de lazer.

DIA 5 (08/12/2017)
Acordamos em ritmo de viagem. Só que não. Queríamos ficar e passear. 

Saímos do hotel e logo fomos conhecer a casa do Dr. Gabi, uma casa/museu com uma belíssima arquitetura e artigos mega históricos. O mais legal da casa é que Dr. Gabi era muito fã de Dom Quixote e lá ele nome uma das salas da casa como "Sala Dom Quixote", direcionada à leitura. Além dessa sala, a casa conta com uma decoração com muitas esculturas, pinturas, desenhos, cata-ventos e outras artes que remetem à história de Dom Quixote. Gilberto nos apresentou toda a casa e falou da história e das reformas dela. E um pouco da história de Corumbá. Ficamos ainda mais encantados. E nervosos ao saber de tanta história que não víamos mais nessa linda cidade por patrimônios ainda não tombados terem sido destruídos.

De lá, fomos ao SESC buscar nosso cenário e fomos passear pela Bolívia. Fomos ao Shopping China. Super pequenininho, bem diferente daqueles clássicos e gigantes do Paraguai. Nem compramos quase nada. Apenas uma mala de viagem. Fomos ao cruzeiro de Corumbá ver de perto o Cristo e a paisagem de toda a cidade. Incrível. Bem tarde partimos de volta para nossa cidade. Demos uma parada para jantar em Miranda e logo chegamos. Vini cuidou da casa a semana toda e nos recebeu na nossa chegada. Junto com os cachorros. Viajar é muito bom. Conhecer novos lugares é muito bom.

ENFIM
Queremos agradecer ao SESC MS pela parceria e dizer que desejamos mais semanas como essa. Ainda mais depois de ter conhecido a cidade de Corumbá! Nós que adoramos história não conseguimos esconder nosso encanto por essa cidade. Corumbá deixou em nós marcas profundas. A cidade respira história em cada casa. O Mato Grosso do Sul deve ter mais cuidado com aquele tesouro. O Brasil precisa conhecer o Brasil. Corumbá é uma joia arquitetônica, cultural, histórica... Viva cada canto daquela cidade!"Todo objeto estético é um monumento histórico". Corumbá é nosso! Viva!

Viva as parcerias! Viva o teatro!!




GRUPO CASA - Coletivo de Artistas

dezembro 03, 2017

SEMANA DE BORDO :: 1 a 3 de Dezembro de 2017

dezembro 03, 2017

DIA 1: Dia tranquilo com poucos afazeres para o administrativo. O ateliê passou o dia bombando com Kelly, Samuel e Gabriel nos acessórios de "O Quebra Nozes", "Dom Quixote", "Patinho Feio" e "O Trem do Pantanal", espetáculos da semana. Rolou a aula da turma de quarta com finalização de divisão de falas e leitura do Menino Invocado sob direção do Fernando. Convidamos Kim para morar na casa durante as férias para cuidar dos cachorros.

DIA 2: Dia tenso. João chegou cedo para preparar almoço. Os demais trabalhavam em seus afazeres do dia. Febraro deu as aulas das crianças das turmas Infantil 1 e Infantil 2. Talitinha trouxe um bolo para comermos depois da aula da turma 1. Rolou ensaio da turma 2 para apresentação do espetáculo de fim de ano. João e Vini passaram a tarde estudando maquiagens para o espetáculo "A Vida é Sonho". Kim trouxe sua mãe para conhecer a casa e conversar com Ligia e Fernando sobre sua estadia de férias. Após a tarde terminar, lanchamos para aguentar a noite de ensaio. Lanchamos pão e sorvete com coca zero e prats de laranja. Nos preparamos para começar o ensaio de "O Quebra Nozes" quando os cachorros começaram a brigar. Dessa vez foi uma briga homérica. Nelson e Shakespeare não se largavam. Puxamos os cachorros de todas as formas para separa-los, mas nada adiantava. Jogamos água de todos os lados e os cachorros mantinham os dentes cravados um no outro. João e Febraro foram mordidos. Todos estavam sem saber o que fazer, menos Chaplin que andava pelo quintal sorrindo com a língua de fora como se estivesse tudo bem. Prendemos Nelson na lavanderia e sentamos em uma grande roda para o ensaio, que aconteceu apenas após um bom tempo de discussão sobre os cachorros. Fernando foi à farmácia comprar remédio para passar nas mãos dos meninos. Decidimos que era melhor deixar um deles com outra pessoa em outra casa. Se 12 pessoas não conseguiram separa-los da briga, imagina três ou quatro pessoas que são as que ficaram aqui na casa nas férias. Duas delas sem conhecer o dia a dia desses malucos. Não ia ser fácil pra Kim e pra Marília. Bibi passou o dia com a gente. Somos babás também. Nas horas vagas? Não, a gente traz a criança pra nossa correria! 

DIA 3: Dia de teatro no Shopping Bosque dos Ipês com o espetáculo "O Quebra Nozes", nosso especial de natal com participação de todos os palhaços! Antigamente a gente usava apenas um fiesta e dava conta de carregar toda a galera. Trocamos pela Kombi que, acreditem, é pequena. Bagacinho, Bolonhesa, Charanga, Alcaparra, Mixirica, Carranca, Coringa, Berinjela, Cebolinha, Biscoito e Marshmallow! E Chocolate (Bibi),  nossa mascote, que passou o dia com a gente de novo. Vini estava junto. Imagina a lotação da Teuda com essas treze pessoas.

GRUPO CASA - Coletivo de Artistas
1 a 3 de Dezembro de 2017

dezembro 02, 2017

A MINHA MESMA SOLIDÃO

dezembro 02, 2017
Por: Febraro de Oliveira.



O exercício desta escrita me impulsiona. Muito prazer! Sou professor de teatro para crianças. Tenho apenas dezenove anos e nada nas mãos. Isso não é um artigo com regras e métodos, mas com uma liberdade clandestina. Essa é a minha liberdade. Escrevo sobre o que não achei nos livros, coisas que nunca li e, por isso, busco, em minhas experimentações com a criança que faz teatro, uma lucidez daquilo que penso, da loucura que se transforma em palpável, que se comunica com um espectador.

Quando cheguei no Grupo Casa, como um aluno da turma de Iniciação Teatral, já havia escrito mais de seiscentas páginas de poesias, contos ou crônicas. A minha loucura e as minhas pesquisas sobre a solidão, a minha e a sua, começam quando eu tinha doze anos, quando comecei a sentir uma angústia, um troço no peito; e para não endoidar, eu escrevia. Em dois anos, já havia escrito um milhão de livros, falando sobre nós. Chega um momento em que escrever também não basta, fui fazer teatro. Conheci o Grupo Casa.

Antes de contar sobre as minhas experiências, te faço uma pequena introdução para nos aventurarmos melhor, grande companheiro. Nunca concluí meu ensino médio. Na minha escola tem um grande trabalho de pesquisa que você tem que apresentar. Esse trabalho vale 50% da sua nota em todas as matérias, ou seja, ele te garante se você passa ou não de ano. No meu primeiro ano, fiz um trabalho sobre a influência das cores em nossas vidas, com esse eu passei. No meu segundo ano, fiz um trabalho sobre Chaplin: eu fazia uma peça de teatro em que todos os “Chaplin’s” se encontravam com seus amores. Tosco, mas interessante. No terceiro ano que começou a tragédia: a importância de escutar histórias, o amor, a escola que não pensa na escola, e por aí vai, todos trabalhos negados. Com isso, desisti da escola. 

Em que momento da história deixamos de nos comunicar, de amar o outro, ouvir e somar? Essas questões sempre me acompanharam e, talvez, me acompanhe para sempre. Por isso, depois de algum tempo de quando comecei a fazer teatro, comecei a acompanhar a turma das crianças e, como um espectador, anotava tudo, passo a passo. Dessa forma, conseguia deixar palpável a minha loucura e a loucura do mundo.

Mas como se começa a fazer teatro? Quais são os impulsos? Aqui eu esbarro na minha pesquisa. Essa pesquisa é para outro dia, mas vou contar um pouco sobre. Antes de nascer o desejo de se fazer teatro, existe uma falta. Que pode se partir de qualquer lugar, até mesmo de uma falta que não seja da própria criança. Uma falta inventada deixaria de ser uma falta? Talvez possamos concluir, de forma rasa e frívola, que, antes da criança começar a fazer teatro ou desejar ser artista, exista a vaidade por si só. Talvez, mas o mais interessante, sem dúvida, seja a caminhada e a longa jornada que nos impulsiona e que vivemos. O objetivo final e o ponto de partida já não nos interessam tanto. 

Quando a criança começa a fazer teatro, é necessário que ela entenda que, mesmo com sete anos de idade, no corpo dela existem todos os afetos do mundo, inclusive aqueles que ela não sabe o nome. O meu papel de cientista, junto à ciência de encontro dela, talvez dê um caminho, muitas vezes sem destino, que faça ela acender partes do seu corpo em busca da consciência. A solidão de se fazer teatro existe não apenas no segundo da incompletude, mas quando o sujeito se olha e enxerga seus limites, suas dores, códigos, linguagens, quando não é necessário inventar, mas descobrir o que já está ali, pronto. É óbvio que essa “descoberta” não é uma finalização ou um objetivo, até porque ela nem existe, isso tudo é um longo caminho que só acaba quando morremos. A tragédia do ator. Lógico que não aponto e não concluo que toda pessoa que faz teatro vive na solidão, ou que os fazedores de arte sejam condenados a serem sozinhos, porque não é real, mas uma pesquisa. Existe teatro além da solidão?

Para esse acesso, do corpo-descoberta, é necessário muito esforço para o mínimo resultado, quando se há um resultado. Trabalho com uma média de quarenta crianças. Já fizemos, em meus dois anos de aventura, uma média de trinta apresentações para uma plateia. Um relato interessante em uma dessas experimentações foi quando uma criança apresentaria um monólogo sobre a sua vida, mas ao entrar em cena, essa mesma criança não conseguia dizer um níquel de palavra, só chorava e chorava. Quando conseguia falar, dizia que ninguém a escutava e vivia em completa solidão. O que um professor de teatro, com dezenove anos, tão solitário quanto ela e qualquer pessoa do mundo, que tem de desenvolver uma grande maturidade, um afeto e uma rigidez... o que esse professor faz? Essa grande angústia, junto à nossa solidão, me faz ter de viver e inventar caminhos. A dor dela de ser barrada pela família, pela igreja, pela escola e pelo mundo era a minha mesma dor, e só restava para nós a arte para apontar e fortalecer um caminho, mesmo sem destino. Essa mesma criança que se colocou em cena para contar a sua história caminha para a construção de um adulto mais consciente. O que nos dá esperança para algo. 

A solidão da criança que faz teatro é a mesma que a minha, e a partir do encontro das nossas solidões, nos tornamos mais fortes. Esse é o nosso fardo: o tornar real nossa própria imaginação, que nos leva a uma construção mais consciente. A busca pelo ator consciente independe de sua idade.

Se a solidão da criança que faz teatro é a minha mesma solidão, e se caminhamos juntos, isso quer dizer que a nossa maior angústia é que quando tivermos oitenta anos acessaremos algo em nosso corpo que sempre existiu, e lá iremos concluir: que burrice todos os anos anteriores. Essa calma angustiante que devemos ter nos fornece a exatidão do encontro do teatro consigo mesmo. Cada um no seu tempo, sem ter tempo para temer. 

Vivo em um Grupo de Teatro, é doloroso, mas é o único jeito. A solidão de um grupo de teatro nos acompanha para sempre. Quando entrei aqui, consegui notar e olhar a poesia que existe além das palavras, que me foge, que acontece no encontro dos olhares, corpos, brigas, carinho, ternura, respeito e ouvido. Essa poesia, que antes era de palavra e hoje acontece na exatidão da falta, do sujeito e do encontro, me mostra que eu sou você. Esse texto, por exemplo, é um encontro, um grande encontro, companheiro. Esse encontro, movido por tantas coisas do mundo, é só uma desculpa para falar do que acredito que realmente importa. E assim vamos, caminhando a passos curtos, para um mundo mais humano. 

Com amor e carinho,

DO ATOR CONSCIENTE À EXISTÊNCIA

dezembro 02, 2017
Por: Ligia Prieto.


Quando se resolve fazer teatro, fazer mesmo, não tem mais volta. O teatro existe no coletivo, insiste na vida para torná-la possível e, mesmo que sempre precise de defesa, só morrerá se for morto e não de velhice.

Isso tudo eu aprendi cedo. Mas que fazia doer, porque era um mergulho em si e no mundo, isso eu aprendi na prática diária dos últimos anos. A necessidade de se conhecer, de nominar seus próprios monstros, a psicanálise já havia me alertado. Me dando respostas? Não, pelo contrário, me apontando o risco da existência e o grande enigma do mundo, o desejo. O que eu desejo? De que desejo eu fui gerado? Quem deseja? O que deseja? Por que deseja? Ah, a vida o que é então? Um frenesi? Uma ilusão? Exatamente isso, e por isso faço dela o que eu bem entendo e resolvi fazer.

Há quatro anos sou diretora, produtora, administradora e atriz de um Grupo de Teatro. Depois de doze anos fazendo teatro, finalmente a maior coragem chegou. Fazer teatro exige coragem, mas fazer teatro de grupo, exige algo além de coragem, talvez uma super coragem. Mas nosso coração sorri quando Ariane Mnouchkine afirma que o teatro só se faz em grupo, significa que talvez esse seja um caminho possível. É isso que somos, um coletivo, um lugar de encontro, de crescimento, de medo, de luta contra a própria vaidade íntima e alheia. Nesse mundo vivemos os últimos quatro anos, e ainda viveremos muitos.

Antes disso, a questão principal da minha pesquisa infinita: a busca da consciência do ator. E neste lugar da consciência, a existência. Vou contar uma pequena história para que a gente possa se relacionar com mais luz. Eu e você que lê. Em 2013 iniciei um trabalho na Secretaria da Pessoa com Deficiência no Rio de Janeiro, como professora de teatro. Foi a virada. Sou formada em psicologia, tenho uma especialização em saúde mental e psicanálise, pela UERJ e iniciei uma formação em psicanálise na EBP no Rio de Janeiro, etc. Sem grandes currículos. Eu adoro o sujeito humano, barrado pela linguagem e afundado nos seus próprios abismos na busca de sua “felicidade”. Iniciei um trabalho de teatro com pessoas com deficiência. Entendi aí: o teatro é fundamental para dar existência.

Quando iniciei o trabalho o teatro ficava ali, naquele cantinho, quase não visto, sem sala fixa, sem material, não sei nem se na resistência, pois não posso dar certeza que ele existia, e para resistir é preciso existir. Consegui uma sala - era em outro andar, mas era para o teatro - era uma sala de dança, mas já era muito legal; depois consegui alguns materiais: nariz de palhaço, tecidos, fantoches, dedoches, máscaras, papéis, canetas, coisas divertidas e simples mas que nos propiciam um mundo novo. A SMPD apresenta um projeto muito interessante, deveria ter em todos os lugares do mundo. Lá, uma equipe multidisciplinar trabalha completamente interligada para o desenvolvimento das pessoas inscritas no programa. O teatro começou a fazer parte das reuniões de discussão dos casos clínicos, para que pudéssemos juntos pensar o teatro como uma ferramenta de desenvolvimento humano. E dia após dia eu me surpreendia. O contato consigo mesmo, um mergulho nos próprios medos, desejos, e um caminho claro para uma pergunta que doía: quem sou eu? Um sujeito assujeitado pela sociedade. Sem possibilidades. Sem futuro e sem presente. Até encontrar o teatro como ferramenta de existir. De descobrir em si mesmo a própria potência, a possibilidade da existência, de superar seus próprios desafios, como agente ativo da sua própria vida. Enquanto as criações de histórias, de personagens, de dramaturgias, de cenários, de figurinos iam nascendo e acontecendo, o sujeito começava ao mesmo tempo a criação de si mesmo: meus limites, meus desejos, meu texto, minha possibilidade, minha criação, meu eu. Junto com a equipe multidisciplinar, fomos entendendo o desenvolvimento daquelas pessoas envolvidas no projeto. Eram muitos. Eu ministrava as aulas na unidade da Rocinha e da Central do Brasil. Depois de alguns meses, passei para uma “gerência”, todos os professores de todas as outras unidades deveriam seguir este projeto de aula e pesquisa, e assim eu precisava, além de ministrar as aulas nas minhas unidades, também supervisionar e orientar as outras unidades. Fizemos muitas apresentações interessantíssimas.

No final do ano de 2013, precisei me mudar do Rio de Janeiro para Campo Grande – MS, devido ao falecimento de minha mãe (cenas de um próximo capitulo) e deixei este trabalho. Mas assim mantive o “método”, não gostaria de chamar de método porque não foi inventado por mim, ele surgiu ali, nasceu do encontro, mas é um reflexo de tudo que já passou no mundo, da história, de Brecht, de Stanislavski, de Grotowski, de Platão, de Aristóteles, de Freud, de Lacan, e de todos os outros. Mas ali existiu. A utilização do teatro como ferramenta de desenvolvimento. As turmas eram variáveis de acordo com a minha própria capacidade de comunicação: pessoas com paralisia cerebral tinham aulas particulares, e assim por diante. A gente existia. Foram muitos casos, e muitos exemplos, mas o foco deste texto não é ficar somente aqui.

Para todos. Pessoas com interesse em seguir no teatro como profissão, ou não. Pessoas que chegam às aulas de teatro por qualquer motivo que seja. O caminho dentro da pesquisa teatral é da existência. Da SMPD para a escola de teatro atual, a escola de teatro do Grupo Casa, o nosso grupo, o nosso coletivo, o nosso estilo de vida, pesquisa, crescimento, onde ministramos aulas de teatro. Todos os professores seguem a mesma estrutura: o caminho da existência. De maneira simples: o material de trabalho do ator é o seu próprio corpo, nesse sentido cabe ao ator um único caminho, a busca do autoconhecimento, para que assim domine tudo, seu corpo, sua voz, seus músculos, sua respiração, suas emoções, suas sensações, sua alma. Quanto mais se conhecer mais vai se conectar a si mesmo e se manipular. Veja bem que eu não digo que a falta de consciência não é bem-vinda, ou a loucura em si, espero deixar isso mais claro possível, antes que Artaud venha e me enterre em pouca idade ainda. Meus pensamentos vêm da minha insignificância mortal. Artaud, e outros grandes autores, atores, diretores, que viviam na loucura, eram gênios. Já que eu não tenho esse poder, eu preciso encontrar meus próprios meios para alcançar esses “momentos plenos”, completamente necessários ao artista. Nesse caminho é muito importante que eu me afaste da racionalidade e me aproxime da consciência. Até para que eu consiga fazer as escolhas dos meus gestos, dos meus caminhos de cena, da minha própria composição de forma mais verdadeira possível, e assim encontrar consistência. A possibilidade do ator criador. Tem um psicanalista francês que diz que o ponto certo do ator é entre a intimidade e a extimidade, conceitos para um próximo texto. Mas podemos brincar agora dizendo que a intimidade seja a verdade de Stanislavski e a extimidade seja o estranhamento de Brecht.

Talvez o contemporâneo já esteja nos apontando isso. Precisamos falar de nós, nos olhar. Estamos nos classificando no mundo atual de forma que só conseguimos fazer hoje devido às ferramentas tecnológicas que temos. Estamos sendo invadidos por classificatórios e rótulos, desde as doenças até os gostos pessoais, musicais, políticos etc. Tudo virou uma coisa só, e a intolerância nascida da vaidade e do grande ego toma conta.

O momento do contemporâneo talvez seja esse: descobrir quem eu sou. O que eu desejo? Qual caminho seguir? Amar ou não amar? Eis a questão. Olhar nos olhos e respirar, acreditar que é possível existir além das limitações impostas pelo que vem de fora.

O texto de novembro era pra introduzir o diálogo do ator consciente com a existência. Mas muitas coisas e muitos caminhos estão em mim, a dor da direção, a construção da atriz, as conquistas e as tragédias de um coletivo, o feminino da cena, sempre a existência, e nela o teatro. O teatro como “possibilita-dor” da vida. 


ENTRANDO EM UMA COMPANHIA DE TEATRO: O FENÔMENO GRUPO

dezembro 02, 2017
Por: Vini Willyan.


Há um ano venho experimentando novas e intensas descobertas. Em mim e no mundo. Expô-las agora me parece precipitado. Me sinto em processo de entendimento. Entendendo a mim, o outro, o grupo e o caminho pela frente. Decidi nomear esse processo de “Fenômeno Grupo”.

Aos poucos vou descobrindo o Grupo Casa. Os artistas que compõem esse coletivo. O dia a dia de uma companhia e a arte de fazer teatro. Procuro me encontrar no todo. Caminhar no mesmo ritmo. Há uma necessidade de soma, de contribuir e receber. Se me percebo fora do ritmo, sinto que preciso me afinar. As palavras, o corpo e a consciência se transformam. Experimento o infinito diariamente. Em grupo eu sou e posso mais.

Tenho a ótica de um recém-chegado. E sou visto da mesma forma.

Enquanto minhas impressões são formadas, se forma também minha posição. Vou encontrando meu lugar, minhas funções e a importância disso dentro da missão.

Sim, dividimos uma missão: a de fazer e viver o Teatro. Não apenas como uma simples atividade humana, mas como um estilo de vida.

Para entrar nessa aventura, precisei sair. Sair de lugares cômodos que me aprisionavam e inutilizavam. Foi como realizar uma conversão. Decidi deixar para trás crises emocionais, noites solitárias de música, choro e poesia.

Minha rotina mudou. Os horários mudaram. A alimentação. O sono. A vida.

Os espaços vagos foram se preenchendo. Seja no ateliê aprendendo a importância da construção dos elementos cênicos, ou na frente do computador entendendo os números que movem o Grupo Casa.

Durante as manhãs nos reunimos para trabalhos de pesquisa, leitura e corpo. As tardes são de música, e as noites de aula. Preciso e quero estar presente, muito mais que antes.

A casa parece funcionar organicamente. Como um corpo. Observo cada membro com carinho e admiração. Se nos entendo como corpo, os preciso muito mais que antes.

Tenho hoje o coração sorridente, cheio de gás. Quero preservar essa energia, ou melhor, quero que ela se alargue e encontre mais.

Sei também dos desafios. Imagino que muitos estão por vir. Alguns deles já chegaram. Mantenho-me firme. Para fazer teatro preciso ter garra. Não há tempo para vaidades. Só há tempo para ir em frente.

Hoje tenho vinte e dois anos, em menos de um mês farei vinte três. Imagino, às vezes, como teria sido se tivesse chegado mais cedo. A imaginação corre. Preciso parar e me convencer de que para tudo há sua hora. Sinto que as experiências pelas quais passei e a fome de existência que senti foram necessárias para as certezas que encontrei.

No último mês precisei posicionar minha família, amigos e parceiros do momento que estou hoje. Os coloquei a par das novas direções e desejos. De volta, eu recebi apoio e carinho. Sinto-me grato e abençoado por ter construído boas relações em minha jornada.


O teatro se torna agora minha fonte inesgotável de ser. Produzindo afeto, descobertas e avanço. Uma vez me disseram que só existe uma maneira de ser: sendo. E, talvez, apenas em um coletivo de teatro esse fenômeno possa ser compreendido. 


TEATRO NA ADOLESCÊNCIA

dezembro 02, 2017

Por: Amanda Maia

O teatro é um mundo de novas possibilidades. Do cinza ao azul. A adolescência é a fase da formação, e é importante termos algo que nos faça fugir do mundo fútil. Eu costumo dizer para todos que me perguntam "como o teatro mudou sua vida?" que o teatro me mudou. Hoje sou um amanhã sou outro. É comum vermos adolescentes que entram no teatro com o sonho de ser famoso, ou para escapar da timidez. E eu tinha esse sonho. O sonho de ser famosa. Eu só entendi que não, e que é muito mais que isso quando eu saí do teatro por alguns meses. Eu saí porque estava começando a entender que doía, e quando percebemos isso, logo vem à cabeça que é muito mais fácil não fazer. E com o passar dos meses que eu estive fora, eu vi a falta que me fazia e a necessidade que eu tinha de estar lá. Entrei de novo, e um mundo novo surgiu na minha cabeça: o mundo do medo, da dor, do nervoso, da ansiedade. Da nossa mudança a partir do outro, e o nosso não entendimento das coisas. Da nossa confusão e transformação. O auto conhecimento, a consciência e a luta diária para nos superarmos. Conhecer a nós mesmos é um processo doloroso. Conhecer todos os nossos defeitos dos pés à cabeça. É uma grande viagem no centro de você mesmo. São turbulências.

--

Por: Ana Julia Teles.

A adolescência no teatro é uma coisa estranha. Aquele momento em que você não é um nem outro. Aquele momento em que você não entende e que não é entendido. E, na verdade, é isso. O teatro é isso tudo. É o negócio de entender a si mesmo e entender os outros. É a lógica do encontro entre vários troços que estão em busca do próprio conhecimento. Eu sou um desses troços. É louco saber que a partir de mim mesma eu me transformo. Nesse mar de feras, eu tento me entender todos os dias. Nas desventuras dos meus 14 anos eu me transformo a partir do outro. O medo anda de mãos dadas o tempo todo, e isso dói tanto. Medo de quê? Medo de ir vivendo o que for sendo, só porque a vida não é o que eu pensava e sim outra.

"Vou mostrando como sou e vou sendo como posso jogando meu corpo no mundo, andando por todos os cantos e pela lei natural dos encontros, eu deixo e recebo um tanto. Participo sendo o mistério do planeta".

Que sejamos muitos. Viva o teatro.

--

JURO SOLENEMENTE QUE SÓ COMPRAMOS COLA QUENTE

dezembro 02, 2017
Por: Samuel Alejandro, Gabriel Brito e Kelly Figueiredo.


Nós corremos contra o tempo. Todos os doze.  O artigo é de nós três. Kelly. Gabriel. Samuel. Nomes curtos e sem sobrenomes para economizar tempo. Preciso puxar esse curativo com rapidez para que a dor não atrapalhe tanto. Eu, Kelly, não tenho afinidade com a escrita. Eu, Samuel, vou tentar te seduzir. Eu, Gabriel, enlouquecido e acadêmico. Rápido. Somos três cabeças no ateliê. Um ateliê que pensa sobre a cabeça dos outros. Que chapéu cabe na cabeça dos outros? Que cor tem uma bruxa? Deixa eu medir a circunferência da sua cabeça para que a máscara caiba em você também. Pintamos caixotes, juntamos pincéis e demos o nome de ateliê. Se esse nome cabe ao espaço que dividimos com os cachorros, não sei. Não devo saber de nada tão cedo. Não tem tempo. É fazer acontecer. O mês fez acontecer essa equipe. E veio do sangue no olho, a vontade de criar. De pulsar. Virou a chave. O que eu fizer tem de ser meu ponto de concentração e a criação da minha vida. Veio A Bela Adormecida, O Sítio do Picapau Amarelo, Chapeuzinho Vermelho, O Mágico de Oz, A Bela e a Fera, A Branca de Neve.  Tudo parte do entendimento de quem cria o mundo que se vive em cena. Que se cria a saia de uma princesa que será usada por você ou vista por você. Tudo é contato. O entendimento de que o mundo tem um dedo seu. Da sua cola quente. Da sua ideia. Do Pinterest. Da placa de “Lar Doce Lar” da casa. Do jornal. Da sua roupa antiga que estragou e virou tecido pra uso. Tudo tá cheio de dedo. Tudo é referência. 

Juro solenemente que só compramos cola quente. O resto já existe. Achei na rua. No depósito. No seu guarda-roupa. No armário de tapetes. Se tudo já existe, tudo pode ser usado em tudo. Reaproveitado. Reciclável. Mas ainda assim, permanecemos mal perante ao meio ambiente. Usamos muito spray de cabelo. Faz mal. Mas é outra história. Nossa história é essa da companhia de teatro. Nunca ouvi falar, só sei o que é porque tenho uma.  É sobre ciência. É um artigo. O primeiro de nossas vidas. Com 18, 19 e 39 anos. O tal choque das gerações. A lógica trabalha em entender o espetáculo antes do espetáculo, o espetáculo como conceito, como atmosfera, o personagem como presentificação, o que combina com ele, o que limpa e o que suja. Falta cor? Tem tecido. Não tem tinta? Tinge com café. Ninguém usa esse vestido? Traz pra mesa. Tem jornal? Tem jornal. Para trabalhar como o Grupo Casa, sem tempo e sem dinheiro, é preciso ter olho bom, ouvido aberto, nariz que cheira. Todo o necessário está em casa ou muito perto. Nosso depósito é um fenômeno de recurso inesgotável. Sempre aparece mais tecido. Caixa de papelão. Livro velho de advocacia com página bonita. Ferro de cortina. Tudo é tão tentador pra misturar e transformar. Quando acabar, começamos a usar os tijolos. 

“A cenografia é um produto que só uma vez será usado, usado para um e um só espetáculo. Não importa se este permanecerá em cartaz um ano ou cem. Num determinado momento, tudo terminou e do que aconteceu somente sobreviverá a vaga, e cada vez mais vaga, lembrança de algo que foi belo como um amor antigo do qual somente sobrou uma foto esmaecida, o desenho de um gesto no espaço, a entonação de um adeus, a vaga rememoração de um som, de uma luz, de um consenso.”

De Gianni Ratto, “Antitratado de cenografia”, 1999. O que entendo por isso? A parte do amor antigo. Só sei achar e achar. Acho que acabamos. Acabamos, eu, Kelly, eu, Samuel, eu, Gabriel. Todos com adjetivos que não vem ao caso. Cientistas. De cabelo bagunçado e jaleco. Como pode um peixe vivo viver fora d’água fria? Vou descobrir.

A MÚSICA NA URGÊNCIA DO TEATRO, NA URGÊNCIA DA EXISTÊNCIA

dezembro 02, 2017
Por: João Celos.


É preciso escrever, difícil iniciar, mas sem início não há meio então melhor que inicie. Vivo em um grupo de teatro. Em que todos gostam de escrever, se inclinam a poesia, e eu sou músico. Exato, arrogante, grosso, inevitavelmente adepto da verdade. Gosto das provas que a música me dá de que existe antes de nós. Me apaixono por isso. Me apaixono em perceber que se uma nota é produzida no ambiente, seus harmônicos, seus intervalos de quintas e terças, irão soar no espaço, e a partir dessa atração inevitável e física fazemos as consonâncias e dissonâncias. Me apaixono pela concepção de que as alturas sonoras são marcações no tempo que ultrapassam nossa percepção de tempo, e a partir daí se agudam até se tornarem ultrassons, até se tornarem luz, matéria, até se tornarem nós. Me apaixono pelo entendimento de que somos feitos de música – união de sons e ruídos – um fenômeno mais do que artístico, constitutivo da existência. E por isso me apaixona também a existência, também o teatro. Coexistir na música e no teatro tem sido minha peleja dos últimos dois anos, minha confusão e amor.

Com isso, o grupo de teatro. Vivo em um grupo. Trabalho, estudo, como, choro e me divirto com o grupo, e preservo minha solidão quando posso. Estamos constantemente atravessados pelas crenças, mentiras, dores e manias uns dos outros, e em meio a tudo, o teatro, que é o motivo e a certeza. Antes de mais, tenho 20 anos, me chamo João, estudo piano desde criança, participei de coral, estudo canto, toco violão também, acordeão, e preciso conduzir a construção da música dos espetáculos e a formação musical de um grupo de teatro. Digo preciso porque recebi a função sem ter noção alguma do que deveria ser feito previamente, sem ter a mínima certeza se daria conta, e quanto mais a necessidade aumenta, maior essa dúvida.

Entrei no grupo pela necessidade, a vida num grupo de teatro não era sonho, apareceu como pura oportunidade concreta e sem fantasia de viver a fantasia de se viver de arte. Fui posto como preparador musical, não havia tempo, eu era o único músico possível, e meu primeiro trabalho era afinar o grupo para cantar as músicas que entrariam na dramaturgia de uma saga de espetáculos, As Aventuras de Bagacinho, que iniciavam em novembro de 2015 no shopping Bosque dos Ipês. A partir daí um espetáculo diferente da saga a cada semana, meia dúzia de músicas novas a cada semana. Eu também entraria em cena, tocando as harmonias das músicas, cantando, e seria palhaço. Fui posto em cena pela necessidade, e virei palhaço pela necessidade. Não pela necessidade de sustento ou qualquer outra, mas por talvez perceber inconscientemente que esse era o único possível caminho de entender a arte como é, na sua urgência, na sua inevitabilidade. Mas a música que eu trazia como experiência e estudo não era suficiente à cena, as vezes oposta ao que era pedido. Eu traía à minha antiga e certa música a cada momento que tocava e cantava para o teatro, e aquilo me doía como o remorso de um pecado cometido. Todos os métodos sagrados e necessários à composição de uma música válida anteriormente eram ignorados e passados para trás, me pediam para desrespeitar a música, abusar do ouvido, criar efeitos não calculados e improvisos cegos, pular etapas, ignorar os pequenos detalhes e optar pela rapidez. O teatro profanava constantemente a música.

Minha experiência com coral orientou meus primeiros trabalhos vocais com o grupo. Mas não havia tempo. Ninguém estava ali para cantar, e sim para fazer teatro. Ainda assim, a música nunca tinha sido tão imprescindível. Percebi que a técnica existiria nos meandros, na medida do cabível, e deixei ao orgânico da prática constante nossa formação musical, mais por cansaço do que por escolha própria. Depois de dois anos percebo o avanço expressivo de todos nós, ainda que com todas as nossas presentes limitações, e com isso acredito um pouco mais na prática.

Nesse tempo de trabalho diário com teatro e música no teatro, digo que as questões frente à potência dessa união me são hoje tão grandes quanto a paixão pelas duas artes. Não em relação a simples presença tradicional de uma em outra, mas a coexistência de métodos e fins, que se sobrepõem, muitas vezes se contrapõem e parecem em alguns momentos até antagônicos. Existe em mim muitas dúvidas sobre o que é simplesmente sacralizado em música, e o que é música em si. Até que ponto posso romper a música, e ainda assim continuar acreditando em sua potência. No teatro coexistem diferentes discursos, que se juntam em harmonias e se afinam em diferentes dimensões. Não há protagonismo de vozes que não a própria teatralidade – aquilo que existe entre as linguagens. Como músico desenvolvo e me preocupo especialmente com essa voz do teatro, mas como é possível ter enfoque em uma linha melódica dentro do arranjo complexo que é teatro, como entender onde se inicia a criação de um discurso musical que será consequência e causa de todos os outros fenômenos teatrais, e, portanto, necessariamente incompleto em si?

Minhas experiências me conduzem hoje principalmente a evitar os preestabelecimentos, a buscar notar o diálogo dos discursos no fazer teatral e que impulsos e vibrações tiram do silêncio a música inevitável à cena. Estar sensível e aberto o suficiente para que o som surja dialogicamente na polifonia do acontecimento é o que me parece o certo.

Os desejos e vontades surgem a partir da necessidade. Me tornei músico da cena por necessidade e tive de tentar entender muitas coisas enquanto os fenômenos aconteciam na minha frente. Me apaixonei por essas necessidades, e agora elas nos impulsionam a um novo processo – a montagem da peça A Vida É Sonho – processo no qual as questões já surgem aos montes, e no qual as possibilidades de criação são latentes e ardentes. E que venham as necessidades!





LIDERANÇA SEM HIERARQUIA

dezembro 02, 2017
Por: Fernando Lopes Lima.



Tenho vivido nos últimos quatro anos uma experiência incrível: a construção de um grupo de teatro. Sou testemunha, junto com meus companheiros, do nascimento de um coletivo de artistas. O Grupo Casa tem apenas quatro anos, é apenas um embrião daquilo que prevemos, daquilo que pode vir a ser. Eu e Ligia Prieto somos os pilares de sustentação deste projeto, como professores, diretores, produtores, dramaturgos e atores. Desde o princípio, baseados nas nossas experiências e referências, traçamos o plano de etapas que o coletivo teria de enfrentar. Seguimos instintos, intuições e aprendemos rapidamente, por necessidade, a lidar com o “caos”. É preciso entender esse sistema sem estabilidade, esse dinamismo, que se altera no tempo, em ato, para criar um grupo de teatro. 

Quando nós aportamos em Campo Grande (MS) nosso primeiro grande desafio era encontrar os atores, os artistas que comporiam nosso elenco de trabalhadores. Aceitaríamos todo mundo que não fosse qualquer um, era nosso combinado. Precisávamos de gente que aceitaria o desafio de viver para o teatro, pelo teatro, com o teatro. Nós somos sacerdotes, acreditamos na missão teatro, não podemos trabalhar com quem não acredita dessa forma. Vejam, caros leitores, nosso desafio é ainda enorme, cada vez maior. Para alcançar nosso primeiro objetivo criamos uma escola de teatro. A primeira turma já veio cheia de surpresas, muitos jovens apaixonados pelo que eles entendiam de teatro. Era um começo, um ponto de partida. 

(Quereriam eles de fato serem artistas? O que é ser um artista?)

Explicação necessária: Campo Grande não tem uma tradição de teatro, são raras as temporadas, portanto, a referência principal das pessoas que procuram um curso de teatro é a televisão. É um começo, um ponto de partida.  

Esses jovens, cheios de sonhos e desejos frívolos, quiseram nos escutar, alguns mais que os outros e de cada turma nós cooptamos, atraímos, agregamos os que julgávamos capazes de viver e trabalhar juntos. Hoje, 2017, somos doze artistas que estudam, pesquisam, experimentam teatro todos os dias e que têm responsabilidades especificas dentro do coletivo. Pela escola já passaram uma média de quinhentos alunos, pelo grupo muitos outros artistas, não sabemos quem entrará ou sairá amanhã, há uma seleção natural, quem não aguenta o trabalho passa mal. Passar bem. A gente não tem tempo nem para dar tchau. São muitas horas de trabalho por dia, muitos espetáculos por mês, pouco dinheiro... ...Grupo Casa não para... É um grupo em formação, não temos tempo para não trabalhar. O tempo perguntou ao tempo e o tempo nem respondeu por falta de tempo. Esse nosso “caos” é a nossa celeuma. E nosso grito tem sido ouvido em todo o Brasil. 

Minha função é pegar no manche do navio e dizer: Vamos pra lá! Mesmo sabendo que não há lá lá. E que venham as transformações. Processo, já que não tem mar, vamos ensaiar! Dirigir um grupo de teatro é ter a oportunidade de não ter que provar nada pra ninguém ao mesmo tempo que nos colocamos à prova o tempo todo. A gente experimenta, saboreia, digere e merda pra você. É a busca pela felicidade.

Nós temos a pretensão de criar o maior grupo de teatro do planeta, esse é nosso sonho adolescente. Dependemos de todos e não apenas de um, essa é nossa determinação. Temos que cuidar uns dos outros, esse é sem dúvida outro grande desafio. Um grupo é feito de muitos indivíduos, cada qual com seu desenvolvimento, entendimento, esclarecimento... Todos os dias precisamos estabelecer novos acordos, novas éticas, para proteger e fortalecer o indivíduo e enfraquecer as individualidades. Eis um ponto importante na relação de grupo, o processo colaborativo. Não há entre nós, artistas criadores da cena, uma relação hierarquizada. Somos partes importantes de um todo, de uma roda, a roda da criação. Tomo parte logo existo, essa é nossa filosofia. Cada artista é responsável por uma parte, as instâncias se sobrepõe no que se refere ao caminho de uma determinada criação. Tudo é “diálogo”. 

O teatro é, por essência, colaborativo, essa é nossa verdade. Mas como liderar um conjunto de artistas ainda muito jovens e com pouca referência nesse caminho da colaboração? Essa tem sido nossa grande questão. Primeiro a gente precisava pôr todo mundo pra trabalhar: leituras dramatizadas, espetáculos, festivais, montras, processos, estudos etc... Fazíamos de tudo pra que ninguém ficasse parado e que a cidade pudesse receber um pouco da nossa paixão. Essa fase não vai acabar nunca, mas nesse primeiro momento tinha uma função de peneira e também de estimulo. “Desculpem o transtorno, estamos em construção”, diz a frase impressa em um quadro de metal resistente na parede. Um fator importante é que eu e a Ligia desejamos estar em cena, não somos apenas diretores, antes de mais nada somos atores com boas experiências e isso nos aproximou mais dos artistas, dividimos conhecimento na prática. A troca é imediata. Queremos o melhor do outro, essa é nossa potência. Outro caminho adotado foi o de tornar os atores empresários, somos todos sócios produtores do Teatro Casa Ltda. Isso é, em si, uma grande responsabilidade. E a formação continua. É muito importante ver teatro, ler teatro, comer teatro para se fazer teatro. Temos uma sede, esse é nosso privilégio. Nestes poucos anos a gente se tornou mestres em buscar referências, não só indo a outros estados para ver teatro, como também trazendo artistas renomados para nos fortalecer. Não há milagre! É trabalho e trabalho duro. O trabalho continua e hoje estamos mais perto de alguns objetivos, temos atores mais experientes em condição de enfrentar novos desafios, e que venham eles!

Esse tem sido nosso desafio, a criação de um grupo de teatro. Apesar de eu exercer uma função de liderança, isso não quer dizer que os outros também não tenham que exercer liderança em suas funções. Somos todos condutores da nossa própria trajetória. Somos todos encarregados por nosso grupo. Somos todos responsáveis por nós e pelos outros. Temos todos um objetivo em comum: a criação do espetáculo. 

A “Criação” será o tema do meu próximo artigo para este blog.

Beijo grande em todos e sejam felizes.


dezembro 01, 2017

O PODER DA COMUNICAÇÃO

dezembro 01, 2017
Por: Roberto Lima.


Quem sou eu neste mundo e como interfiro na vida dos que me cercam? A dúvida foi o incentivo gerador da impulsão: duvida e medo não são sinônimos! Me formei na área de logística, sou inicialmente um tecnólogo, trabalhei com lead time e caminhos críticos, tomadas de decisões, cumprir metas e atingir expectativas. Dentro da faculdade tive acesso à Língua Brasileira de Sinais (Libras) e iniciei um curso básico, que após algum tempo, se tornou uma prioridade em minha vida. 

A partir de então, passei a estudar com mais profundidade!  Não era apenas um idioma, era um modo de viver, era mais do que vocabulário, era comunicação plena! Coisas que eu não ousava dizer, eu podia sinalizar! Era uma forma de gritar ao mundo coisas pelas quais a voz não era forte! Essa língua me salvou diversas vezes... Procurei especialização na área, e fui para um curso de Pós-Graduação da Uníntese, na condição de receber o título de Capacitação em Libras, quando o período de banca se aproximou, senti que não estava preparado e decidi procurar aula de expressão corporal numa tentativa de desinibir, encontrei o Grupo Casa – Coletivo de Artistas que rapidamente me mostrou uma terceira realidade. Mergulhei sem hesitar! Logística não estava mais na minha identidade! Fui me achando aos poucos dentro de uma nova perspectiva.

Cheguei no Grupo Casa por causa da língua de sinais. Precisei fazer meu corpo falar para acompanhar as melodias que minhas mãos compunham e logo entendi que o ator e o intérprete caminham no mesmo lado da moeda: eles têm o poder da comunicação! O ator, em suas palavras percorre os sentidos visual-espacial-auditivo e o interprete percorre os sentidos visual-espacial-sinalizado, são mensageiros de uma mesma vertente de guerra. Entendi que havia achado meu lugar, eu era intérprete, mas descobri ser também ator! Era uma necessidade que brotou sem ser desejada, era maior que eu, e a tento conquistar a cada dia. A arte sempre vai carecer de defesa, e a melhor e mais potente arma é a salvação alcançada com a palavra. 

A comunicação é a forma mais eficaz que o ser humano tem de manter-se desperto. É a partir dela que entendemos e transformamos nossa realidade. O mundo sem comunicação é um mundo sem coletividade, sem alegria e sem amor. Dentro do teatro, uma real inclusão para surdos ainda é um desafio, para estes, peças teatrais, e quaisquer outras manifestações artísticas não despertam o interesse, pois já está enraizado o sentimento de que não haverá uma comunicação adequada, e quando há, se dará de forma precária ou sem preparo especializado. Há dois anos sinalizo peças infantis no shopping Bosque dos Ipês, e neste período não tivemos em nossa plateia um público surdo. As apresentações possuem entrada franca e mesmo assim, não conseguimos ter um surdo presente. Isso me destrói por dentro!

Nos últimos dois anos sinalizo e atuo pelo Grupo Casa, consegui administrar as funções e fundi-las, tarefa complexa, mas não impossível. Agora, nossa maior luta está sendo em fazer com que esse personagem intérprete ganhe mais espaço e movimento dentro de cena, e sei que demandará uma completa entrega ao mundo da pesquisa e da experimentação. Trazer o público surdo para dentro do simulacro que as vezes é a própria vida, um espelho do fictício e do real, ainda é desafiador, mas a semente está lançada, basta continuar a regar para colher os frutos. 

O DIA A DIA DE UMA TRUPE DE TEATRO :: NOVEMBRO

dezembro 01, 2017
Por: Thaisa Contar.



Olá! Quanto tempo, né? Depois de um mês, voltamos com as postagens aqui no blog. Viva! E já venho contando novidades!

A partir desse mês teremos artigos artísticos, escritos por cada integrante do coletivo, sendo publicados mensalmente aqui no blog, além do nosso querido diário de bordo, que agora deve ser substituído por esse post que lemos, um resumão do mês. Trataremos de diversos assuntos, como História, Música, Línguas, Corpo, Acessórios, Dramaturgia, Idade, Psicanálise, Criação, Desenho, e, claro, Teatro. Além de outros assuntos que surgirão de acordo com o andar da carruagem e com o passar do tempo.

A novidade foi lançada. Agora, vamos conversar sobre o mês de novembro aqui do Grupo Casa? Quantas coisas será que acontecem em um mês dentro de uma cia de teatro? Bota gelo na garrafa e serve o tereré que a leitura vai começar!


--------

O mês de NOVEMBRO sempre nos traz muitas alegrias. É sempre um mês de boas lembranças:

- Em Novembro de 2013 o projeto Grupo Casa começa a ser pensado, logo após o falecimento de Nildes Tristão Prieto.
- Em Novembro de 2014 tivemos a estreia de "Zion o Planeta dos Carecas", nosso primeiro espetáculo infantil!
- Em Novembro de 2015, foi a vez da estreia de "As Aventuras de Bagacinho - Quem Conta um Ponto Cria um Conto", até hoje nosso principal e mais gostoso projeto!
- Em Novembro de 2016, foi criado o ETECA (Encontro de Teatro entre Crianças), um evento muito gostoso de se fazer e viver!
- Para Novembro de 2017, guardaremos como boa lembrança o início de um novo processo: "A Vida é Sonho". Fomos aprovados no FOMTEATRO (edital cultural municipal) com esse projeto. E logo logo ele vai para os palcos.

Também temos lembranças de chegadas e saídas:

- Em Novembro de 2016 recebemos e adotamos o Gabriel, nosso atual e querido artista plástico!
- Em Novembro de 2017 Vini se juntou a nós se metendo e mudando todos os números da casa! Será que agora vamos ficar ricos?
- Em Novembro de 2017 também tivemos a "meio-saída" de Daniel, que se mudou para São Paulo para estudar direção teatral lá.

E com essas lembranças todas notamos que os fins de ano sempre são mais prazerosos e atordoados para nós.

Iniciamos o mês assim, com uma reunião relembrando todos os acontecimentos e a história do Grupo Casa, desde o início até os dias atuais. Isso nos deu um fôlego satisfatório e gratificante para enfrentar o mês.

Vamos para as novidades do mês: 

O projeto "As Aventuras de Bagacinho - Quem Conta um Ponto Cria um Conto" completou dois anos! E, felizmente, vamos manter esse lindo projeto por muito tempo. Já fechamos o ano de 2018 com o Shopping Bosque dos Ipês. Que continue a loucura de fazer um espetáculo diferente por semana. Na verdade, são dois ou cinco espetáculos por semana. Às vezes sete. Depende da agenda do mês. Haja remanejamento de horários.

São tantas apresentações por mês que as vezes esbarramos com compromissos inevitáveis. Neste mês os dias 5 e 12 foram de ENEM. Não contamos com João, o Charanga, nos espetáculos que foram apresentados nesses dias. Thaisa o substituiu nas músicas. Demos esporros múltiplos para que Cebolinha soltasse a "Cebolaura" que tem dentro de si. Foi difícil, mas interessante.

Como todos os meses temos muito trabalho no ateliê, e nesse mês a equipe se formou mais intensa. Gabriel, Samuel e Kelly tomam conta dessa parte super importante e delicada de trabalhos manuais. Cenografia. Figurino. Acessórios. Reformamos figurinos e acessórios. Criamos novos figurinos e acessórios. Temos um depósito para guardar todo esse material. Organizamos o depósito. Umas três ou sete vezes. Talvez um pouco mais. Não é fácil manter essa organização. Mas acredite: lá tem de tudo um pouco. E é desse depósito que sai tudo que está no palco do Grupo Casa. Menos a cola quente.

Voltamos a cuidar da biblioteca. Todos os livros estão sendo recatalogados e poderão ser emprestados novamente. Mas agora com controle total de Thaisa e Febraro. Voltaremos a fazer cadastro de pessoal para empréstimo de livros. Logo daremos mais informações.

Cuidamos de questões empresariais e burocráticas como já fazemos todos os meses, comandados por Ligia e com seus assistentes Thaisa e Vini. Que parte necessária mais chata, eu hein. Sim, nós também somos empresários, meus caros. São projetos. Licenças. Cálculos financeiros. Esse mês foi mais um mês com o mesmo problema de todos: fim de mês vermelho. 

Começamos a passar por mais trabalhos coletivos. Com a direção de Fernando e Ligia na defesa do trabalho colaborativo e no apontamento dos caminhos necessários para o crescimento artístico de cada um. Trabalhos científicos. Estudos. Corpo. Leitura. Música. História. Reuniões semanais. Mais de três vezes por semana. Mais de três vezes por dia. Mais de três horas por período. Grupo Casa se fortalecendo para o futuro.

Dentro disso, demos início ao processo de montagem do novo espetáculo "A Vida É Sonho". Alguns trabalhos já foram iniciados:

- Fernando começou a escrever a dramaturgia. Lemos o que já estava pronto. Discutimos. Comparamos com o texto original. Conhecemos a história de Calderón de La Barca. Conhecemos as origens do texto. Adquirimos novos livros para estudo. E principalmente, trabalhamos a palavra na boca do ator. São 16 horas semanais dedicadas exclusivamente a este trabalho. 
- João deu início ao nosso preparo musical. Individual. Em coro. Em dupla. Em diferentes topos, melodias e bases. Nem sei o que estou escrevendo. É que acho que foi isso que fizemos. São 4 horas semanais dedicadas exclusivamente a este trabalho.
- Ligia trabalha nosso corpo. Nosso individual e nosso coletivo. Com partituras e com loucuras. Debaixo do sol de meio-dia ou dentro do teatro com o ar-condicionado ligado. De diversas maneiras que façam com que acordemos e nos descubramos por inteiro. São 4 horas semanais dedicadas exclusivamente a este trabalho.

E, no meio disso, temos os fortes e os frágeis. Como sermos todos fortes?

Quanto trabalho. São 24 horas semanais dedicadas ao projeto, fora todas as reuniões de cenário, figurino, de leitura dos livros do Grupo Galpão e do Théâtre du Soleil (nossas maiores inspirações). Estamos animados e ansiosos para a estreia. Vai demorar. Mas já sonhamos com todos os detalhes. No último mês tivemos a visita do Ernani Malleta para nos organizar melhor musicalmente, este novo ano ainda teremos mais dois encontros com esse maestro querido, e também receberemos Tiche Viana e Ésio Magalhães. Nos encontraremos três vezes antes da estreia do espetáculo. Não vemos a hora desses encontros acontecerem. Queríamos poder trabalhar nisso a semana inteira. É uma pena que as semanas tenham apenas sete dias e os dias tenham apenas vinte e quatro horas. A vida é muito curta para os dias serem curtos também. Temos que dividir nosso tempo em aulas de teatro, em oficinas de criação e contação de história, em apresentações, ensaios, em estudos de pesquisa, trabalho de corpo, de música, da palavra, haja fôlego e energia. 

Esse mês nós colocamos o pé no natal. Montamos a árvore de natal e enfeitamos o Grupo Casa todinho. O Shopping Bosque dos Ipês (nossa segunda casa) também se adiantou e preparou uma grande festa para a chegada do Papai Noel! Esquecemos os trenós e as renas. Nosso bom velhinho chegou foi de helicóptero! Um evento para emocionar crianças de todas as idades! Bagacinho, Bolonhesa, Charanga, Carranca, Alcaparra, Mixirica, Berinjela e Cebolinha estavam lá para receber o bom velhinho. Junto com a gente estavam a Alice, o Chapeleiro Maluco, o Coelho Branco e a Rainha de Copas pra dar mais cor e altura à festa. Grupo Casa e Circo do Mato juntos pela primeira vez, tomara que seja uma parceria longa. Foi um prazer trabalharmos juntos. Recebemos o Papai Noel. Digamos que esse foi um espetáculo extra, novo e improvisado do Grupo Casa. Intitulamos-no de “Auto de Natal da Turma do Bagacinho”. Um espetáculo preenchido por histórias e músicas improvisadas. Finalizamos o dia sem voz e sem pernas. Sempre que chegamos a essa situação, pedimos ajuda ao bom e velho chá quentinho.

A gente sabe que precisamos descansar nossas cabeças de vez em quando. Mas quem disse que descansamos? O que é descansar? Sair para conversar? Não. Para ver teatro, ou seja, trabalhar. Não deixamos de ir ao teatro. Mesmo que pouco. Durante todo o mês de novembro, prestigiamos apenas dois espetáculos. Um de teatro e um de dança. Uma prática que temos e fazemos de tudo para conseguir realizar sempre. Mas muitas vezes nosso tempo não permite. 

E é com tanto trabalho que não nos sobra tempo para economizar. Queríamos conseguir fazer almoço em casa todos os dias. Por ser mais rápido, comemos fora todo dia. Dia e noite. E assim se vai todo nosso cachê que nem chega a ser dividido entre nós. Bem, raciocinemos: fazer compras é mas barato + cozinhar é mais barato + não temos tempo para cozinhar = contratemos alguém para nos fazer comida! Foi daí que surgiu a ideia de conversar com Adriana, mãe da Ana Julia, para nos preparar deliciosas refeições. Todas as terças e quintas recebemos Adriana e suas mãos de fada para nos preparar comidinhas deliciosas para o dia de hoje e o de amanhã. Segunda e sábado nos viramos. Domingo almoçamos e lanchamos juntos no shopping. Resultado? Economizamos e ainda trabalhamos mais. Paramos exatamente na hora do almoço (às 14h) e depois minutinhos antes de iniciarmos as aulas para um cafezinho, uma frutinha, um bolinho, um pãozinho. Estamos economizando. E engordando.

Outra novidade incrível é que nosso espaço no Shopping Bosque dos Ipês está sendo reformado de pouquinho em pouquinho. Apesar de ser querido e lotado há dois anos, o espaço precisa de reformas. Atenção. Carinho. Mudanças. Com a mesma lógica da falta de tempo para cozinhar, também não temos tempo suficiente para nos dedicarmos a essas reformas, e também não sabemos fazer um projeto de arquitetura. Com isso, esse mês nós contratamos uma arquiteta para nos emprestar seus conhecimentos e suas habilidades para a renovação do espaço. É claro que sabemos exatamente o que queremos, então a querida Paula Magalhães fica doida com tanta informação, mas o projeto ficou pronto, e ficou lindo. Vamos trocar as cortinas de fundo. Vamos construir arquibancadas. Vamos embelezar mais o espaço. Vamos abrir uma lojinha/bilheteria na lateral do espaço. Não, não. Os espetáculos de domingo ainda serão gratuitos. A bilheteria será para uso dos outros dias. Outros espetáculos. E se já nos falta tempo para tudo, como vamos encontrar tempo para ocupar o Teatro Arena Bosque de outras formas? É, acho que somos malucos mesmo.

Grupo Casa não para. Só não somos ricos. Tudo que ganhamos é voltado para o próprio desenvolvimento da cia, para o pagamento das contas, da Teuda, dos alugueis, das reformas, das faxinas, da cola quente. Haja cola quente. Apesar de tanto trabalho e tanta gente fazendo o grupo ir pra frente, ficamos no vermelho todo mês. Poderíamos cobrar mais pelo nosso trabalho? Na verdade não poderíamos. Nosso valor é acessível por muito motivos: entendemos a lógica e a urgência da cia se azeitar, dos artistas amadurecerem o mais rápido possível, e acreditamos que o teatro é necessário em todos os lugares para todos os públicos. Então é suor que não para.

Mesmo com toda essa agenda lotada, encontramos espaço para dois eventos de lançamento de livros. Primeiro, Ligia dramatizou a história do livro “A Bruxa da Sapolândia”, de André Luiz Alves. Febraro, Samuel, João, Gabriel e Andreza interpretaram o conto. Depois, Vini nos trouxe o mesmo desafio, mas agora com o livro “Estranhas Delicadezas”, de Tânia Souza. Dessa vez, os atores em cena foram Febraro, Samuel, João, Gabriel e Vini. O espetáculo do livro “A Bruxa da Sapolândia” aconteceu na Estação Ferroviária / Plataforma Cultural e o espetáculo do livro “Estranhas Delicadezas” aconteceu no Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul. Um de frente pro outro. Um de cada lado da rua. Coincidência maluca, não é? Grupo Casa ocupando todos os espaços por onde passa.

Além de tudo isso, continuamos nossos trabalhos diários de aulas de teatro. Turmas adulta e infantil. Três turmas de adultos. Três turmas de crianças. Seis turmas no total. Mais ou menos cem alunos. Quatro professores: Ligia, Fernando, Febraro e João. Se fosse só dar aulas nos horários de aula estava tudo bem. Mas como todo professor, precisamos preparar aulas. E lá se vai mais um pouco de nosso tempo.

A novidade do próximo mês é que duas dessas turmas estão com apresentação de espetáculos marcados para o mês de dezembro, para o dia 13, já anota aí na sua agenda. A turma das crianças de 8 a 12 anos, com espetáculo sendo dirigido pelo professor Febraro, e a turma de adultos de quarta-feira, que fará uma leitura dramatizada sob direção de Fernando. E essa leitura logo será transformada em espetáculo infantil. Está ficando uma fofura. A turma infantil fará o espetáculo “A graça do ator” e a turma adulta fará a leitura dramatizada do livro “Declaração universal do moleque invocado”. Todos estão convidados. Será dia 13/12/2017 às 19h aqui na Casa de Cultura Nildes Tristão Prieto. Entrada com valor único de R$5.

Além da nossa sede, também buscamos ocupar nossa segunda casa: o Teatro Arena Bosque no Shopping Bosque dos Ipês, agora também chamado “Espaço Grupo Casa”. Pela necessidade de uso do Espaço Grupo Casa, criamos o “Conta Outra”, um oficinão de criação de contação de histórias ministrado por Ligia e Fernando. Quinzenalmente, temos dois aulões no espaço. Um aulão de contação e o oficinão com apresentação de cenas ao fim da oficina. O aulão é sempre na segunda quinta do mês, e o oficinão com apresentação, sempre na última quinta do mês. Sempre na busca de transformar o Espaço Grupo Casa num lugar cada vez mais científico para nós.

Caramba, olha o tamanho desse texto e eu ainda não terminei! Vou tentar ir mais rápido.

Durante o mês de novembro, a agenda do Grupo Casa abrigou 9 apresentações. Dentre todas as apresentações do mês, contamos as histórias: O Sítio do Pica Pau Amarelo, A Bela Adormecida, O Mágico de Oz, A Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho, A Bela e a Fera, O Auto de Natal do Grupo Casa... Isso em shoppings, aniversários, comemorações, formatura, eventos culturais etc. Foi o nosso mês com um número menor de apresentações visto que tivemos uma agenda muito atribulada de trabalho interno.

Passamos o mês com muito trabalho e muito amor, mas não foi o suficiente para suportar a dor que tivemos quando chegou até nós a notícia do suicídio de uma ex-aluna do Grupo Casa. Tivemos várias reuniões para tentar pensar em projetos e possibilidades de modificar essa realidade que faz da nossa cidade uma das primeiras no ranking de suicídios do Brasil. Um único pedido vem do coração desse grupo ao mundo: amemos mais, a vida pode ser suportável e linda quando se tem amor.

Finalmente o último dia do mês. Sentamos para lermos nossos artigos uns para os outros. Um mais legal que o outro. Menos o meu. Parece que escrevi superficialmente. E reescrevi tudo que escrevi em um mês em apenas quatro horas. E olha que hoje caiu a temperatura para 20°C com sensação de 18°C. Dá até um desânimo pensar que não estou debaixo de três cobertas. E cá estamos. Trabalhando. Até a hora que nosso cérebro não mais trabalhar junto com nosso corpo. Colocamos os cachorros pra dentro de casa para protegê-los do frio, e os filhos da mãe aproveitaram para destruir um banheiro inteiro e uma das bolas da árvore de natal. Além de destruir uns aos outros. Porque cachorros brigam? Amamos demais esses pestinhas.

A última novidade que vou te contar, é que definimos nesse mês nossa viagem de fim de ano. Vamos todos juntos fazer um caminho muito doido, com cenário e figurino na Teuda. Afinal, pra que férias se a gente pode trabalhar? Hoje iniciamos o novo mês. Ansiosa para o próximo blog. Tudo novo de novo. Todo dia uma aventura. Quem ama teatro faz barulho! Vem com a gente!

Um beijo e até o próximo post 

SEGUIDORES