fevereiro 27, 2017

DIÁRIO DE BORDO: 25/02/2017

fevereiro 27, 2017
   Acordamos tarde, não se sabe exatamente quando. Por volta das 10:00. Acordamos banais. Os normais. Limpamos a casa, botamos roupa para bater, guardamos a louça. Fomos assim até às 14:00. Samuel e Febraro se aprontaram para almoçar fora. Yasmim, Azar, Preta e Gabriel se juntaram para ter um almoço incrível em casa. Ouvem-se boatos de que comeram macarrão ao molho vermelho com bacon e cebola. Os cachorros comeram ração em suas panelinhas verdes. Antes de saírem, os meninos passaram o texto do espetáculo de Domingo na garagem com Yasmim. João chegou e acompanhou. Ligia pediu no grupo do Whatsapp que achássemos decorações e acessórios de Carnaval em nosso depósito para o espetáculo. Devido à falta, Yasmim e Preta confeccionaram tiaras e adereços coloridos para usarmos. Ficaram lindos. Ligia e Fernando curtiram o hotel e mandaram fotos da feijoada que os alegrava. Junto da foto, o aviso: ensaio às 18:00. No shopping, Samuel e Febraro almoçaram e pararam para ficar em uma livraria. Leram a autobiografia de Rita Lee e a contracapa de "Crime e Castigo" de Dostoiévski. Recomendam a autobiografia e a contracapa.

   O rock de verdade começou às 18:00. E foi rock. Todos encontrados para ensaiar Pelo Amor de Colombina. Ligia e Fernando chegaram do hotel e começamos a passar o texto sentados na mesa. Levantamos das cadeiras com e por nossas dificuldades, para que trabalhássemos o corpo e a palavra de Arlequim, Colombina e Pierrô. Yasmim como Colombina e Samuel e Febraro se dividindo entre Arlequim e Pierrô para que a plateia escolhesse na hora quem faria quem. Ligia, Fernando e João com força na parte musical. Te conto que penamos. Atores, diretores e músicos. Chegamos a lugares e não conseguimos chegar em outros. Gabriel treinou frevo para o espetáculo. Daniel assistiu tudo e tomou nota. Enquanto Cia., conversamos sobre o que se passou. Ouvimos sobre alma, inexperiência e trabalho. Teatro. O dia de hoje não acaba em flores. Mas acaba em amor, está claro. É que teatro dói. E eu sou sensível. Ai!


25/02/2017.


fevereiro 26, 2017

DIÁRIO DE BORDO: 24/02/2017

fevereiro 26, 2017
   O dia chegou com ares de segredo. Tínhamos um plano, feito por cochichos pouco discretos nos cantos da casa e um grupo no Whatsapp. O aniversário do Fernando. Kelly e João se encarregaram de comprar delícias no supermercado enquanto Samuel, Yasmim e Gabriel preparavam a casa. Os queijos, pães, carolinas e o bolo chegaram e foram preparados para subir as escadas em bandejas. Subimos e batemos na porta de Ligia e Fernando por volta das 9:00, com desenhos de pontos turísticos do Rio de Janeiro colados no peito, em alusão ao lugar onde Fernando nasceu, e desenhos de pontos turísticos de Campo Grande nas costas, em alusão ao lugar onde ele existe agora. Ligia abriu a porta e tentou disfarçar. Fechou. Febraro chegou do exército e se juntou à surpresa. Enquanto esperávamos na porta do quarto, apagamos as velas em formato de quatro e três que denunciavam a idade de Fernando. O cheiro mudou e Fernando percebeu. Abriu a porta e iniciamos o parabéns. Fernando se divertiu com suas frases escritas nos desenhos colados em nós. Descemos para tomar café da manhã juntos e estouramos um lança confete. Azar, Preta, Kelly, João, Samuel, Gabriel, Febraro, Yasmim, Ligia e o aniversariante numa reunião carinhosa. Nos refastelamos em pães, queijos, carolinas e sucos. Deixamos o bolo para mais tarde e voltamos a nossos descansos. Só levantamos de nossas camas e chãos quando Fernando ofereceu seu bolo. Comemos juntos e o aniversariante partiu para um hotel, junto de Ligia. Ficamos Gabriel, Yasmim, Samuel e Febraro com nossos cachês. 

   A chuva caía sem parar. Queríamos vibrar junto e decidimos ir a um bloco de Carnaval. Chegamos. Resolvemos voltar. Ficamos sem saber se o Carnaval já foi melhor ou nós já fomos piores. Fomos para o shopping ter um jantar. O restaurante estava cheio mas escolhemos esperar por uma mesa. Haviam dezesseis felizardos em nossa frente. Perambulamos até que o alerta acendesse, avisando que nossa vez de ser felizardo chegava. No meio da perambulação, encontramos Ligia e Fernando, que estavam ali para jantar no restaurante ao lado. Não estava combinado. Nada é. É tudo improviso. Conversamos banalidades e nos separamos. Nosso alerta acendeu e vibrou. Entramos e tivemos uma senhora refeição. Aliás, refeições. O plural enche mais barrigas. Ligia e Fernando passaram pelo mesmo, logo ao lado. Compartilhamos nossos pratos pelo Whatsapp. Terminamos de comer quase ao mesmo tempo. Ligia e Fernando voltaram ao hotel. Após isso, ainda fomos em casa, fomos ver uma festa, fomos ver os conhecidos aliados ao desconhecidos, aqui, ali e acolá, mas não nos encontramos tanto quanto na porta do restaurante, de surpresa. O encontro de nós mesmos. Puxo a sardinha para o nosso lado e a engulo. Nada contra os outros. Só somos caretas. Como compensação, somos apaixonados. Ufa.

24/02/2017.


fevereiro 24, 2017

DIÁRIO DE BORDO: 23/02/2017

fevereiro 24, 2017
   Acordamos oficialmente no fim das 10:00. Tomamos café da manhã com os pães da padaria francesa que descobrimos no dia anterior. Após o café da manhã, Ligia continuou trabalhando na lista de alunos. Parou para cortar o cabelo de Febraro mas logo voltou aos alunos. Samuel trabalhou nas postagens do blog. O restante se dedicou às tarefas domésticas. João varreu a casa e Febraro lavou as varandas. Só as vassouras aliadas ao sabão em pó vencem a sujeira dos nossos cachorros. Fernando pôs em prática sua formação em Gastronomia preparando um almoço incrível. Já te conto o que era. Samuel espremeu as laranjas e juntou com gelo. O casamento resultou em suco. Compramos um galão d'água para o nosso bebedouro. Almendra se despediu e partiu para Bonito, passar o fim de semana com uma amiga e vender artesanias. Daniel e Gabriel chegaram já almoçados. Daniel almoçou em casa e Gabriel com a avó. Nós, que ainda não comemos, nos reunimos para comer. Fernando preparou arroz, feijão com linguiça e carne. Tudo envolvia sal do himalaia, óleo de coco e curry. Estamos economizando a palavra incrível para as grandes coisas. E esse almoço foi uma. Após a grande coisa, nos organizamos para iniciar nosso grupo de estudos, às 15:00. Continuamos nossa leitura, pensando na presentificação do texto como dramaturgia e como a história aconteceria no teatro. Lemos o primeiro capítulo duas vezes, com intervenções para comentários e pesquisas de palavras. Vimos uma gabarra no Google. Estamos apaixonados pelo texto. Combinamos de continuar estudando. As crianças da turma de 2 à 4 anos começaram a chegar. Às 17:30, iniciamos a aula andando pelo espaço, aquecendo e alongando. As crianças passaram por um circuito físico que aos poucos foi sendo dificultado. Sentiram sensações em cada etapa. Pensaram em personagens e decidiram ser gatos, foguetes, carros e girafas. Fizeram cena em dupla e agradeceram os aplausos. Fim da aula com Toi Toi Toi! Durante a aula, Kelly trabalhou nas planilhas de alunos, Daniel nos contratos e Gabriel fez as artes de Pelo Amor de Colombina, nosso espetáculo deste Domingo.

   Intervalo de meia hora até a turma seguinte, a dos adultos. Aproveitamos para finalizar nossos textos. Não conseguimos. Os alunos chegaram e se reuniram com seus textos e personagens. Ligia nos deu uma hora para terminarmos. Não terminamos. Mesmo assim, sentamos na garagem e lemos o que havia por agora. Discutimos sobre as dramaturgias sem hora definida para acabar. Quem tinha que ir embora, foi. Quem podia ficar, ficou e ouviu. O fim da aula só foi decretado quando Fernando nos chamou para comemorar seu aniversário em um rodízio de sushi. Fomos em dez: Fernando, Ligia, Azar, Preta, Gabriel, Yasmim, João, Kelly, Samuel e Febraro. Nos refastelamos. Fernando usou o jargão "Vou fazer meu aniversário aqui". E fez. Ganhou até um petit gateau. Completamos o cartão de fidelidade e ganhamos um rodízio de graça também. É dia de festa! Tiramos lindas fotos na saída. Voltamos para casa e já passava da meia noite. Era outro dia. O que te conto do dia que virou é que logo dormimos. A poesia do fim está na foto. Uma das raras vezes em que o diário vem com duas fotos, por mais necessidade do que nunca. A foto tem razão. Nos amamos. Felizes e empanturrados. 

23/02/2017.


fevereiro 23, 2017

DIÁRIO DE BORDO: 22/02/2017

fevereiro 23, 2017
   Quarta-feira. De volta ao trabalho! Febraro saiu às 5:50 para ir ao exército descobrir se seria interrompido ou não. Gabriel foi para a faculdade. O restante da casa iniciou o café da manhã às 9:30. Ligia avisou que sentaria em seu escritório e lá ficaria para sempre. Muitos projetos para fazer. Fernando se dedicou a refazer o texto de "Pelo Amor de Colombina", espetáculo especial de Carnaval que apresentaremos neste Domingo, às 15:30, no Shopping Bosque dos Ipês. Enfrentou problemas com a tecnologia de nossos computadores, que insistem em ser ruins. Serviu para decidirmos de vez comprar um novo. Se alguém souber de um notebook bom e em conta, avise o diário que vos fala. Voltando a Fernando, conseguiu escrever e escreveu. Se animou e nos animou com o texto. Ficou muito legal. Passamos a manhã apreensivos com a notícia de que Febraro teria que ficar até às 18:00 no exército. Ligia escreveu no Facebook sobre. "Esse é só um caso de uma sociedade que achata diretamente o coração daqueles que tentam sobreviver num mundo careta, tradicionalista, e numa pátria completamente frouxa, egoísta e preconceituosa como essa que atualmente vivemos!". João chegou e logo foi incumbido de preparar o almoço. Fez frango assado, arroz e purê de batata doce. O cheiro já nos alegrava, quando poucos minutos antes do almoço ser servido, Febraro mandou mensagem avisando: "Fui liberado". Comemoramos com palmas e almoço. O interfone foi tocando e as pessoas chegando. Pelo portão, passou primeiramente Daniel. Minutos depois, Preta e Azar. Por último, Febraro.

   Na nossa agenda, constava nosso grupo de estudos às 15:30. As eventualidades acabaram por desmarcar nosso encontro. Ligia e Fernando foram levar Yasmim em casa e Kelly tinha médico marcado no horário. Febraro e Samuel aproveitaram o tempo livre para se desentenderem. Resolveram com sorvete. Almendra foi se encontrar com uma amiga. Preta e Azar fizeram vários incensos. A mesa ficou cheia. Ligia e Fernando voltaram com uma notícia que seria um pequeno passo para a humanidade, mas um grande passo para os cafés da tarde do Grupo Casa. Encontraram uma padaria francesa e trouxeram pães e croissants. Duas alunas já haviam chegado e lancharam conosco. Atualizamos nosso Twitter e nossa página no Facebook. Vejam lá! 

   Às 17:30, a aula de teatro para crianças começou. Se alongaram e se aqueceram, deram seu grito de guerra e partiram para o circuito físico. Passaram por escadas, se equilibraram, pularam e se arrastaram por uma hora. Sempre entendendo o caminho do corpo. A segunda hora de aula foi destinada à contação de histórias. Contaram histórias em conjunto e individualmente, entendendo o começo, o meio e o fim. A rotina, a quebra da rotina e a resolução do problema. Contaram sobre o cotidiano: a amoeba que fizeram, a briga com a amiga do colégio, o machucado no pé, etc. Também saíram histórias encantadas: a menina que entrou no espelho, a princesa que achou uma vassoura voadora, o menino que lutou com a escada, etc. Conversaram sobre todo o processo e finalizaram com Toi Toi Toi! 

   Os alunos da turma adulta de teatro já haviam chegado e preenchiam nossa casa com seus corpos e vozes. Às 19:30, a aula começou. Nos alongamos para iniciar o trabalho e partimos para a experimentação. Andamos pelo espaço experimentando nos dificultarmos, andando de modos inseguros que nos levassem à beira do abismo. Treinamos a palavra à beira do abismo. Experimentamos a neutralidade no corpo, na voz e na palavra. Falar a palavra sem intenção. A palavra já é cheia, nós é que somos vazios e precisamos de significados. Cessada a primeira etapa, sentamos em roda para apresentarmos e discutirmos as sinopses de nossos personagens. Terminamos com um grande "Merda"!

   A casa foi fechando para o público e nossa fome se apresentando. Ficamos em dúvida entre comer em algum lugar ou pedir para entrega. Especulações depois, decidimos pedir. Demorou. Enquanto não chegava, fizemos uma infinidade de coisas. Conversamos e rimos. Um aparelho antigo de massagem foi resgatado por Samuel para massagear Ligia e posteriormente, Preta, que está lendo "O menino e o pinto do menino" de Wander Piroli. Azar estudou cifras de músicas e treinou no violão. Gabriel limpou a sala e o teatro. Febraro dormiu. Ficamos aleatórios. Mas o lanche chegou e fez valer a espera. Antes, estávamos conversando e rindo. Agora, conversamos, rimos e comemos. A  mesa recebeu histórias de pizzarias, de ex-mulheres e de mães. Coisas que já passaram. Tudo passa e a gente fica. E se ficamos, que estejamos presentes. É um dever. O teatro é a arte da presentificação.


22/02/2017.


fevereiro 22, 2017

DIÁRIO DE BORDO: 21/02/2017

fevereiro 22, 2017
   Terça-feira. Decidimos que seria folga também. Reunir em sequência as informações de um dia de folga é trabalho árduo, senhores. Em outras ocasiões, já comentamos o quão longo é um dia sem espetáculo. Mas vamos lá. Avante, cavaleiros! Sabemos que Gabriel acordou às 6:15 para ir à faculdade. Ligia e Fernando acordaram às 8:00 para levar Azar e Preta no posto de saúde e Yasmim em casa. Almendra acordou junto para trabalhar. Tocar música nos ônibus da cidade. Em seguida, Ligia e Fernando foram ao mercado. Quando voltaram, Almendra já havia voltado. Samuel e Febraro não sabem ao certo o que fizeram de manhã e ninguém se recorda direito também. Mistério... Por volta da hora do almoço, Ligia pediu para que pagassem o boleto de nosso site no shopping. Foram e quando voltaram, a mesa já estava posta. A lasanha que sobrou de ontem, bife de fígado acebolado e batata doce. Com tais pratos, se encontraram Azar, Fernando, Samuel, Febraro, Gabriel, Ligia, Almendra e Preta. Ficou definido pela maioria que foi o melhor almoço de suas vidas. E foi mesmo. Não se sabe explicar o porquê, mas realmente foi. Palavra de diário. Ligia organizou a lista de nossos alunos. Ficamos surpresos em saber que ainda cabem mais crianças. Elas juntas parecem vinte. Ainda bem. Febraro e Samuel dormiram após o almoço e continuaram no estado de descanso por um bom tempo. O restante da casa também descansou. Ligia e Gabriel, por exemplo, ficaram estatelados no chão grande parte do dia da mesma forma que os cachorros, até serem acordados pelos próprios. Ligia relatou acreditar que havia um terremoto acontecendo quando Shakespeare pulou em cima dela. Ao acordarem, Fernando, Samuel e Febraro foram levar Preta e Azar no posto de saúde novamente e buscar Yasmim em casa. Por volta das 18:30, havia um super chá da tarde, já com Preta e Azar participando. Fernando preparou um bolo de granola com açúcar mascavo e tacos de massa integral. Para acompanhar, manteiga com ervas. Todos nos refastelamos. Preta deu continuidade às tranças de Gabriel, que a apresentou Rupaul's Drag Race durante o processo. Se divertiram enquanto Ligia continuava organizando as turmas. Febraro e Samuel foram passear no shopping e quando voltaram, Preta e Gabriel já estavam em um novo episódio. Azar sugeriu que assistíssemos o filme "A Princesa Mononoke" de Hayao Miyazaki. Nos ajeitamos todos em volta da tela gigante do computador e demos início a aventura. É um filme de animação muito bonito. Definimos como nosso preferido, já adianto. Mas paramos na metade pois já passava da meia noite e tínhamos sono. Migramos todos para a cozinha e fizemos sanduíches. Ligia foi a pioneira. Fez um sanduíche de manteiga, tomate e manjericão e o cheiro inspirou os seguintes. Aos poucos, fomos fechando a casa, desligando as luzes e nos despedindo. Mas a despedida nunca faz muito sentido porque dormimos sempre perto um do outro. Boa noite.


21/02/2017.



fevereiro 21, 2017

DIÁRIO DE BORDO: 20/02/2017

fevereiro 21, 2017
   Segunda-feira. Nosso dia de folga e refastelamento. Samuel e Febraro começaram a curtir o dia acordando às 5:00 da manhã para irem ao exército. Gabriel acordou às 6:15 para ir à faculdade. O restante da casa acordou tarde, não se sabe o horário em números exatos. Nada do dia de hoje se sabe com exatidão. Essa é a vantagem dos dias de folga. Tudo é sonho. Vou te contar o que ouvi. Gabriel chegou da faculdade por volta do meio dia e só encontrou Yasmim em casa. Ligia e Fernando haviam ido ao mercado, Preta e Azar ao médico e Almendra tinha ido trabalhar. Tocar música nos ônibus. Samuel e Febraro chegaram do exército por volta das 14:00, a tempo de almoçar com todos. Ligia fez uma tapioca incrível para cada um. Desde o almoço já combinamos a lasanha do jantar. Gabriel fez as artes para informações de nossas vagas e da aula de violão com nosso professor Carlão. Todos se dedicaram à arrumação da casa. Assim fomos até que surgiu a ideia de caminhar no Parque das Nações Indígenas. Foram Ligia, Fernando, Gabriel, Yasmim e Azar. Samuel e Febraro foram ao mercado comprar os ingredientes faltantes para a lasanha. Esqueceram a chave e ficaram para fora de casa, sentados na calçada com sacolas na mão. Por sorte, Almendra voltou do trabalho e ficou com as compras. Entregou aos caminhantes quando eles chegaram. Samuel e Febraro foram ao shopping, jantaram e foram ao cinema. Assistiram "Aliados" e se arrependeram. Cinema traz muito arrependimento. Voltaram para casa e a galera já tinha preparado e comido a lasanha. Os boatos de que estava deliciosa são fortes e convincentes. Conversamos e demos risada por bastante tempo até cada um subir para seus quartos. E quando subimos, abrimos os quartos alheios e nos juntamos de novo. A gente só se separa se for para se juntar de novo. Nos amamos. Principalmente nas folgas.


21/02/2017.



fevereiro 20, 2017

DIÁRIO DE BORDO: 19/02/2017

fevereiro 20, 2017
  Acordamos às 8:30 para o dia de trabalho que nos esperava. Após tomarmos banho e café da manhã. nos dividimos em dois carros para irmos ao Shopping Bosque dos Ipês. Kelly, Samuel, Fernando, Febraro, Ligia, João e Yasmim partiram para a aventura de ensaiar O Pequeno Príncipe. Roberto, Azar, Almendra, Gabriel e Preta ficaram para outra: organizar a casa para zapparmos mais tarde. Chegamos no shopping às 10:00. Organizamos o camarim e montamos o cenário. Para essa apresentação, o avião ficou mais alto e toda a parte de música foi para cima das mesas. Agora sim, ensaio. Fernando com seu chapéu do Aviador e Ligia com o terno do Pequeno Príncipe. Começamos. Ensaio intenso até às 14:00. Paramos para comer. Compramos os lanches e almoçamos. Ao terminar, voltamos ao trabalho. Passamos o texto mais uma vez, testamos os microfones e fizemos os xixis necessários. Roberto chegou para ser o nosso Coringa e interpretar a peça em libras. Junto, vieram Almendra, Azar, Gabriel e Daniel para nos assistirem e gravarem o espetáculo. Às 15:15, já éramos A Turma do Bagacinho no cortejo. Chegamos num Arena Bosque cheio, composto de gente de todas as idades cantando nossa ciranda. A partir daí, só fomos. E fomos até o fim. Fim da peça. Fomos felizes para sempre! Tiramos fotos com o público. Roberto, Daniel, Almendra, Azar e Gabriel foram para casa para receberem a feirinha do 1° Zappada. Ainda ficamos por um tempo no camarim conversando sobre a peça e sobre o que vinha à cabeça. 

   Chegamos em casa às 18:40 e a feira já estava de pé, com as barracas de Thaisa e Fernanda e as artesanias de Preta. Sarah Caires expôs seus trabalhos e vendeu seu livro com Febraro, que você também pode comprar neste link. Gabriel expôs seus desenhos. Nos arrumamos para recepcionar o público, que foi chegando aos poucos. Aos poucos a casa se encheu. O evento foi tomando corpo e demos início às apresentações. Samuel e Febraro abriram com poesia. O trio de Carlão, nosso professor de violão começou com chorinhos. Depois, Azar e Almendra tocaram seus sambas. Yasmim e João foram se juntando. Fizeram a base e Fernando cantou as poesias de Febraro. A galera sambou, cantou junto e assim continuou. Zappamos. O evento estava cheio de gente dançando, sorrindo, se emocionando. Gente que aceitou nosso convite e veio. Nos divertimos juntos até acabar, perto da meia noite. Voltem sempre! Fomos lanchar na esquina. Energia boa, risada boa. Tudo fica bem quando tudo está bem. Achamos graça até de "O Exterminador do Futuro 3" na televisão da lanchonete. Voltamos para casa em bando. É o que somos. Só andamos de dez pra cima. Ainda bem. Deus me livre ser sozinho.


19/02/2017.


fevereiro 19, 2017

DIÁRIO DE BORDO: 18/02/2017

fevereiro 19, 2017
   Nosso dia começou cedo. 6:30. Ligia acordou por volta desse horário para gravar um comercial e saiu às 7:40. Passou por Samuel, que acordou às 7:30 para ser Alcaparra e animar uma festa com Mixirica, a Kelly. Alcaparra e Mixirica saíram às 8:40. Palhaços no meio da rua. Aos poucos, o restante da casa foi despertando e realizando os trabalhos domésticos necessários. Fizeram o café da manhã às 11:30. Pão, mortadela, requeijão, suco, iogurte. O típico. O que havia de especial estava sentado nas cadeiras. Azar, Febraro, Almendra, Preta, Yasmim, João e Gabriel. Hoje estou para elogios. Ligia chegou da gravação e descansou. Quando Kelly e Samuel chegaram, a casa já estava em polvorosa. Azar, Almendra e Preta empenhados no preparo de nosso almoço, uma macarronada à bolonhesa incrível, e o restante trabalhando na limpeza da casa e do teatro para receber os alunos. 10 minutos antes da aula, os alunos já começavam a chegar. 10 minutos passados, a aula se iniciou, ministrada por Febraro, Samuel, João e Yasmim. Daniel com seu caderno de anotações à tiracolo. A primeira hora se destinou à musicalização, com João coordenando. Após se alongarem e aquecerem, as crianças começaram a produzir sons usando seu instrumento de trabalho: o corpo. Ouviam o som do outro e aprendiam com ele. Entendiam o timbre e os motivos do timbre. Se era o pé descalço, o chão de madeira ou a mão em forma de concha. Reproduziram o que ouviram. Na segunda etapa, por Yasmim, Febraro e Samuel, correram, rolaram, pularam, andaram normalmente e em câmera lenta, de olhos fechados e abertos, em dupla confiando no outro. Sempre buscando a consciência corporal. Toi Toi Toi!
   
   Enquanto a aula acontecia, todo o restante da casa almoçava junto. Até Roberto, que chegou para passar o fim de semana conosco. Preta passou o dia trabalhando em artesanias para sua banca mas tirou um tempo para fazer tranças em Gabriel. Fernando deu banho em Chaplin, Shakespeare e Nelson, os cachorros. Estão prontos para se sujar novamente. João ensaiou no piano com Almendra e Azar para o nosso Zappada, que ocorrerá amanhã. Venham! 16:00. Mais uma aula começou. Alongamento, aquecimento e musicalização, no mesmo método da aula anterior. As crianças logo entenderam que tudo é música. Ficaram em silêncio para ouvir o mundo. Começaram pelo ar condicionado e chegaram até os passarinhos. Trabalharam em seus sons. Na segunda parte, foi a hora de suar. Suaram pela ciência do ator, estudando o corpo e seus movimentos na grande busca da consciência corporal. Mais um Toi Toi Toi! Os pais dos alunos ficaram encantados com os artesanatos de nossos amigos argentinos, expostos em nossa garagem. Samuel e Fernando foram presenteados pela mãe de uma aluna por seus aniversários. Samuel pelo dia 07 e Fernando pelo dia 24, que se aproxima. O presente continha até um caderno de O Pequeno Príncipe, que não por coincidência apresentaremos amanhã, às 15:30, no Bosque dos Ipês! Esse é mais um convite que lhe faço. Venham! 

   Ao fim da aula, todos já se aprontavam para irmos ao Armazém Cultural prestigiar a Cia. De Carona, direto de Blumenau com a peça "Das Águas". Nós doze nos dividimos em três carros, como de costume. Discordando do ditado, doze não é demais. Faltou a Kelly, que estava trabalhando como Mixirica em outra festa. A peça terminou por volta das 21:00 e saímos para comer. Os três primeiros lugares que tentamos ir estavam fechados. Fomos comer espetinhos. E comemos. E comemos mesmo. Muito. Fome! Chegamos empanturrados em casa, aprontamos as coisas para o ensaio de amanhã e aos poucos fomos nos despedindo com carinho: beijos na testa, beijos mandados de longe e boa noites simpáticos. 

Nos amamos no fim da trabalheira toda. Flutuaríamos se não estivéssemos pesados de tanto comer. E te convidaríamos para voar com a gente. Com amor. Voem com a gente sempre que quiserem. A vida precisa de amor porque as histórias sem amor soam como um fuén fuén fuén eterno. Assim não gostamos. Gostamos de música! E por isso te convido. Para O Pequeno Príncipe, o Zappada e o amor. Te espero.


18/02/2017.


fevereiro 18, 2017

DIÁRIO DE BORDO: 17/02/2017

fevereiro 18, 2017
   Antes do dia de hoje existir, existiu um combinado para o dia de hoje. Acordar cedo e comprar pão. Não cumprimos. Todos acordamos às 10:00. Yasmim fez omeletes para todos e Samuel fez tapiocas para quem queria. Colocamos a mesa e tomamos café da manhã juntos. Azar, Almendra, Fernando, Ligia, Febraro, Samuel, João, Yasmim, Preta, Gabriel, os omeletes, as tapiocas e as risadas. Nunca fomos tantos. Ainda bem que agora somos. Febraro e Samuel seguiram para a Saga da Matrícula Escolar. Enquanto isso, todos se dedicaram à limpeza e organização da casa para que ela ficasse impecável para os alunos. Ligia preparou o almoço. Peixe. Ouvem-se boatos a serem confirmados de que estava incrível. Todos almoçaram juntos. Preta, Azar e Almendra fizeram artesanatos para vender no nosso 1º Zappada, que ocorrerá no Domingo. Venham! Já montaram as mesas com todas as coisas. Repito: venham!

   Samuel e Febraro chegaram e se iniciou o ensaio de O Pequeno Príncipe, espetáculo que apresentaremos neste Domingo, às 15:30 no Shopping Bosque dos Ipês. Fizemos as alterações necessárias, reencaixamos as músicas e experimentamos nossos personagens de jeitos diferentes da montagem anterior. O dever do ator é experimentar tudo, não qualquer coisa. Frase de Ariane Mnouchkine, diretora e criadora do Théâtre du Soleil, que aprendemos no ano passado e temos procurado por em prática. Trabalhamos na peça até às 19:00, horário da aula da nova turma adulta de teatro. Conforme os alunos chegavam, nos assistiam ensaiar. A aula começou, ministrada por Fernando. Nos alongamos até o ponto de acordar o corpo. Andamos pelo espaço estudando nossa existência e a existência do outro, reagindo e usando velocidades. Somos um grupo. Trabalhamos o equilíbrio do espaço. Cada um escolheu um personagem da literatura para representar. Duplas apresentaram uma cena com o encontro desses dois personagens pré-definidos. Improviso. Duelos apaixonados. Guardamos a experiência. Passamos da hora sem perceber. Um grande "Merda" para finalizar! Duas novas matrículas. Enquanto a aula acontecia, Ligia e Kelly trabalharam nas planilhas de alunos.

   A casa fechou para o público. Fomos jantar pastel na feira. Adoramos pastel e nossos amigos argentinos tem adorado também. Azar, Almendra e Preta conseguiram autorização para vender artesanato na feira. Estava faltando por lá. Quatro mesas se juntaram e jantaram juntas dez pessoas. Terminamos empanturrados e voltamos para casa. Fomos no carro planejando trabalhos para março e pensando em espetáculos para abril. Começamos a encerrar o dia pouco a pouco. Encerramos as conversas, fechamos as portas e levamos garrafas d'água para nossos quartos. Almendra está procurando um livro para ler. Começou "Diário de Uma Paixão" de Nicholas Sparks e logo descartou. Febraro ofereceu "A Mulher Só" de Harold Robbins. Está folheando. Agora sim, o encerramento. Não te digo tchau porque é uma palavra fechada. E o Grupo Casa é aberto. Para poesia, teatro, música e amor. Venham, pois o meteoro destruidor da Terra foi remarcado para semana que vem. Não podemos bobear. Aproveitemos.


17/02/2017.


fevereiro 16, 2017

DIÁRIO DE BORDO: 16/02/2017

fevereiro 16, 2017


  Quando Febraro acordou, não tinha sol ainda no céu. Continuou sua saga no Exército. Gabriel foi à faculdade. Yasmim foi para a aula de violão com o Carlão. Ela está ensaiando a canção Amor de Romance de Dilermando Reis. Depois foi a vez de Fernando, teoria e prática. Febraro chegou quando o almoço ficou pronto, mas preferiu dormir um pouco. É a vida. Comemos, demos risadas, nos encontramos e sentimos falta. Falamos sobre teatro, amor, poesia, arte e o mundo. Depois do almoço, continuamos nosso Grupo de Estudo. Líamos duas páginas e debatíamos sobre. As crianças começaram a chegar para a aula de Teatro e Musicalização para crianças de 02 a 04 anos, nos alertando de que nosso debate deveria cessar. Ligia ministrou a aula com seus assistentes Febraro, Samuel e Yasmim. Sensações, movimentos, circuito, jogo. Jogo. Tudo é jogo. Quando a aula acabou, Ligia conversou e perguntou a seus assistentes o que eles sentiram e o que eles perceberam da aula além do óbvio. Fomos até a psicanálise, uma grande aula que se prolongou e foi aumentando conforme a Turma Avançada iria chegando. A aula foi uma grande conversação. Sobre nós, sobre o outro. Sobre o limite, o grande outro. Eu e você. A aula foi acabando e os pensamentos continuavam. Ligia e Fernando saíram para pagar uma conta e voltaram com pizzas! Quando as pizzas chegaram, foi uma felicidade só. Voltamos a falar sobre amor, teatro e poesia. Parecia O Banquete, de Platão. Por falar nisso, nossa biblioteca está aberta com mais de 1.500 livros. Venha conhecer!
  Vamos nos despedindo, lentamente. Fazemos chá, pensamos em viagens, e até em comprar instrumentos musicais (já que o Chaplin comeu uma parte de nossa flauta). Isso é o que nos move. Amor. Poesia. Está começando a ficar repetitivo, então, nos despedimos por aqui. Até o próximo encontro ou desencontro.

16/02/2017

DIÁRIO DE BORDO: 15/02/2017

fevereiro 16, 2017
   Febraro acordou às 5:30 para ir ao exército. Gabriel à faculdade. Ligia e Samuel acordaram às 8:00 para o retorno do médico. Fernando os acompanhou com nervosismo. "Tudo certo" disse o médico. Fim do nervosismo. Voltaram para casa. Fernando e Samuel seguiram para o cabeleireiro. Cortaram os cabelos e ganharam massagem. É incrível o que mãos bem treinadas podem fazer em ombros e o que tesouras ágeis podem fazer em cabelos. Estamos bonitos. Venham nos visitar. Conheçam a nova decoração da garagem e nossos novos cabelos. Ligia e João prepararam o almoço. Aos poucos todos foram se notando e se encontrando até ocuparmos nossos lugares na mesa para almoçarmos juntos. O encontro de Ligia, Fernando, Yasmim, João, Yasmim, Preta, Samuel e Febraro com a carne de soja e o macarrão. Conversamos sobre tudo. Limpamos o teatro para receber os alunos. Após o almoço, iniciamos um grupo de estudos por necessidade. As coisas acontecem por necessidade. Iniciamos a leitura de um livro para um possível novo espetáculo e entramos em conversa. Nós nos apaixonamos muito fácil. Tudo vira vontade de fazer um espetáculo. Dessa vez, planejamos nos aprofundar em romance-em-cena. A primeira parte era uma apresentação do autor. Nos debruçamos sobre sua vida difícil e aventureira. Grifamos palavras bonitas, épocas e acontecimentos para estudar. Rememoramos a pauta do dramaturgo que só era dramaturgo, como Ibsen. Discutimos a formação do artista no século XIX e nos dias de hoje. Pensamos em que gênio pode nos salvar nos dias de hoje. Estamos abalados com a morte do menino que foi agredido com uma mangueira de pressão. Terminamos o grupo de estudo com a promessa de que só leremos as próximas páginas juntos. As crianças começavam a chegar. 17:30. Começamos a aula, as crianças se alongaram e se aqueceram. A primeira hora foi destinada à parte de musicalização, ministrada por João. Os alunos descobriram música em seus dedos, narizes, pés e bocas. O entendimento da música. Usaram as palavras barulho, alma, sentimento e voz para definir o que era música. Estudaram o som do outro para repetir. Criaram a partir do som do outro. Na segunda hora, se alongaram e começaram um estudo do corpo. Andaram e correram pelo espaço em contato com o outro. Se olhando, preenchendo os espaços vazios, usando os planos alto, médio e baixo. Existindo. Teatro é a arte de existir. Terminamos a aula repassando um aperto na mão numa roda. O aperto serve para lembrar que estamos vivos. Toi Toi Toi! Ligia e Kelly trabalharam nas planilhas durante a aula. Fernando caminhou com Azar e Almendra no Parque das Nações Indígenas. Antes, eles só tinham visto o parque por fora. Preta passou o dia fazendo artesanatos para o nosso 1º Zappada, que ocorrerá no domingo. Venham!
   19:30. Aula da turma adulta. O plano de aula era outro mas o grupo de estudos virou uma chave. Outra aula virou necessidade. Sentamos em roda para conversar. Conversamos por duas horas sobre o teatro, o universo e a morte. Por que estávamos fazendo teatro e não pilates. Sobre o quanto ainda precisamos aprender e o quão nada ainda somos. Podemos morrer amanhã e ainda assim temos o costume de nos darmos por satisfeitos. Uma aluna de 13 anos dividiu sua experiência dizendo que entendia a importância do teatro mesmo em meio aos seus medos e disse que seu medo só aumentou à medida que ela entendeu a seriedade da coisa. Passamos da hora. Foi aula de teatro. Teatro dói. Uma aula para o entendimento de que tudo é teatro, uma conversa é teatro e um artista não existe sem trabalho e estudo. Ligia novamente pediu as sinopses dos personagens para a próxima aula. O melhor que podemos fazer.
   22:00. A aula acabou. As conversas continuaram. Aos poucos, foram acabando. A casa foi fechando para o público. Nós mantivemos a brilhante ideia tida mais cedo de jantar na feira. Nos dividimos Ligia, Fernando, Daniel, Febraro, Yasmim, Preta, Samuel, Almendra, Gabriel, Azar e Kelly em três carros. Nunca fomos tantos. Parece até nome de espetáculo. O pastel que comemos estava um espetáculo. Azar comeu pastel pela primeira vez. Adorou mas se sentiu muito cheio. O resto de nós, nem tanto. Ainda coube um doce para cada um. Agora sim, satisfeitos. Passamos na farmácia e voltamos para casa. Logo, todos dormimos. Demos os boa noites, eu te amos e fechamos as portas. Nos encerramos em nossos quartos.
   Teatro é para quem tem uma vontade sobrenatural: os burros de cargas, o que carregam pianos, os que não se cansam nunca, não desistem nunca. Teatro é para quem tem sangue no olho, enfrenta sol, chuva e tempestade, mesmo que os bolsos estejam secos. O resto é falastronice, o que sobra é artista de fim de semana, grupinho de amigos e lero lero, close e rede social. Isso quem disse foi nossa página no Facebook. O diário de bordo concorda e não tem mais nada a dizer. Podemos morrer amanhã, atropelados por um carro ou por um iogurte vencido. E talvez nunca estivemos vivos. Nos demos ao luxo de não estarmos. O asteroide que viria à Terra foi cancelado. Sou contraditório. Boa noite.


15/02/2017.


fevereiro 15, 2017

DIÁRIO DE BORDO: 14/02/2017

fevereiro 15, 2017
   Samuel e Febraro acordaram às 5:00 da manhã para mais uma etapa do alistamento do exército de Febraro. Samuel e o livro "A Mulher Só" de Harold Robbins foram como acompanhantes. Gabriel foi à faculdade. Ligia, Fernando e Preta ficaram em casa. Preta se dedicou a fazer artesania. Almendra e Azar foram trabalhar. Fizeram música pela cidade. Ligia e Fernando organizaram e limparam a casa. Fernando iniciou a reforma da decoração do nosso lounge de entrada. Chamamos de lounge mas varanda é mais bonito. É a recepção de nossa casa de cultura e onde temos ficado bastante. Ligia e Fernando foram tomar café da manhã em um supermercado com nome de doce que não é de comer. Já era tarde, então acabaram almoçando. Na volta, compraram lã para as tranças que Preta fará em Gabriel e tecidos para a futura cortina da cozinha. João foi à academia e à aula de canto com Nilo Cunha. Ligia preparou a agenda da Cia. e depois ajudou Kelly a organizar as planilhas financeiras. Samuel e Febraro resolveram pendências para o alistamento do exército o dia todo. Durou até às 19:00. Chegaram e encontraram o lounge novo. Fernando pendurou quadros. Resgatou o quadro de Veneza e colocou um desenho do Bagacinho numa moldura. Gabriel pintou a logo do Grupo Casa em nossa parede. Duas cestas de livros sobre teatro foram colocados à disposição. Mantas coloridas no sofá. Nossos penduradores de bolsas em formato de flor made in Pirenópolis foram colocados na sala. A casa está linda. Venham visitar. Fazer aula. Assistir um ensaio. Ler um livro e tomar um café. Kelly descobriu festivais de teatro para nos inscrevermos. Limpamos a sala e arrumamos a mesa para o jantar. Preta pediu para que cada um escolhesse uma pedra para que nos presenteasse com um colar. Ligia preparou uma sopa gostosa. Almendra, Preta e Azar experimentaram com farinha, batata palha e pão. Não sabemos nem se é costume brasileiro mas apresentamos. Gostaram. Falamos sobre educação nos países, a importância da arte na formação do sujeito, sobre o sonho de ter um teatro itinerante, preconceito e família. Falamos sobre nossas diferenças e semelhanças. De que podemos ser ets, ou nos encontramos em outras vidas. Observamos a força de nosso encontro. Um grupo de argentinos viajando pelo mundo parou na esquina de uma casa de cultura onde mora uma companhia de teatro e ficaram amigos. Pensamos muito parecido e temos ótimas conversas. Amamos os encontros. Somos ets. Acreditar em coincidência faz mal. Tudo tem uma explicação mágica. Terminado o jantar, Gabriel começou a fazer a arte do 1º Zappada do Grupo Casa, que acontecerá neste domingo, às 19:00. Zappada é quando músicos se reúnem para tocar. Aprendemos com nossos amigos argentinos. Ligia fez a agenda de trabalho coletivo de fevereiro, contendo todas as aulas e ensaios até o primeiro dia de março. Terminou e enviou no Whatsapp da Cia. João e Almendra tocaram piano. Admiramos. Febraro escreveu uma música. Preta fez nossos colares. Fernando e Azar conversaram. E por aí vai. E por aí vamos. 00:31 e estamos trabalhando com amor. Gravamos nosso 1 minuto pela casa. Ainda temos outros minutos antes de dormir.

   O dia foi longo e lindo. Celebramos mais uma vez os encontros. Encontramos nossa primeira família quando nascemos. Depois conhecemos as outras quando crescemos. Somos extraterrestres. Viemos do planeta Amor para sentar abaixo de luzes amarelas e fazer teatro. Tocamos piano juntos em bancos vermelhos. Toda poesia dita por último veio do primeiro. Todo último sabe quem foi o primeiro. Quem ri junto, ri melhor. Todas as frases prontas ditas com vontade e amor podem nos salvar da breguice. Eu sou cafona, graças a Deus. Viva a nossa porta escrita "Camarim", nossa logo pintada na parede da casa e nosso carro decorado com chita. Temos super-poderes. Somos bregas apaixonados uns pelos outros. Se pudéssemos, nos mandaríamos carros de telemensagem. O locutor, com um vozeirão, repassaria a mensagem: "Ainda bem que eu te encontrei".


14/02/2017.


fevereiro 14, 2017

DIÁRIO DE BORDO: 13/02/2017

fevereiro 14, 2017
   Acordamos por volta das 10:00. Nosso dia de folga. O que te conto hoje é cortesia. Nossa vida profissional existe nas folgas. Ainda pensamos em cenas, em textos e projetos. Tomamos café da manhã. Samuel e Febraro tentaram resolver suas matrículas na escola, sem sucesso. Fernando preparou o almoço. Almoçamos Ligia, Fernando, Samuel e Febraro. Um arroz carreteiro incrível. João chegou da academia e comeu conosco. Gabriel chegou da faculdade. As folgas foram postas em prática. Ligia nos disse no grupo do Whatsapp para aproveitarmos. Obedecemos. Samuel e Febraro foram ao cinema. Preta, Almendra e Azar provaram o arroz carreteiro e adoraram. Fizeram tranças em Gabriel, que por sua vez, terminou todas as artes de O Pequeno Príncipe, espetáculo que apresentaremos no Bosque dos Ipês neste domingo, dia 19. Fez arte de divulgação para o Facebook e o Instagram. Ligia fez um doce de maçã com a ajuda de Azar. Misturaram a receita argentina com a brasileira e ficou ótimo. Azar fez pãezinhos para acompanhar. Ligia organizou o planejamento das aulas restantes do mês de fevereiro. Samuel e Febraro voltaram decepcionados do cinema. "O Chamado 3" não foi uma boa. Fernando diria que isso é a falta de nove teatros em uma cidade. Concordaríamos. Os argentinos nos fizeram um chá de uma erva de seu país. Trouxeram do fundo da casa de Azar. Faz bem pro cabelo, pra pele e pro estômago. Preta brincou que faz bem para a lã das tranças. Almendra aconselhou açúcar no chá. Estava ótimo sem. Combinamos todos de ir ao cinema, provavelmente amanhã. Queremos levar os argentinos para irem à feira conhecer o famoso sobá. Nos demos um "boa noite" carinhoso. Fim. O resto é crônica ruim e isso este diário não permite. Os cachorros vão dormir e nós também. Viva o teatro! Viva a folga!


13/02/2017.

fevereiro 13, 2017

DIÁRIO DE BORDO: 12/02/2017

fevereiro 13, 2017
   Acordamos por volta das 8:00. Tomamos café da manhã, separamos os figurinos e os instrumentos musicais e partimos para o shopping Bosque dos Ipês. Arrumamos a iluminação, posicionamos os objetos utilizados no cenário e começamos o ensaio. Passamos a peça inteira. Testamos as mudanças, corrigimos as falhas, tentamos usar das potências de cada um. Tudo durou até às 14:00. Almoçamos o mais rápido possível e fomos nos arrumar. Hora de virar Bagacinho, Bolonhesa, Pão com Ovo, Charanga, Coringa, Mixirica, Berinjela, Alcaparra e Carranca! Devidamente maquiados e vestidos, nos pusemos a testar os microfones. O público já observava. Às 15:15, iniciamos o cortejo. Às 15:30, começamos a peça. As Aventuras de Bagacinho em Pinóquio! Estreia de Berinjela como Gepeto. Teatro lotado, incluindo nossos amigos argentinos. Energia boa. Energia de criança. Caras novas e caras conhecidas. 40 minutos depois, entre risadas e olhos atentos, Pinóquio virou um menino de verdade, fomos felizes para sempre e fim. Viva o teatro! Quem gostou fez barulho.

   Terminada a peça, tiramos nossas maquiagens, guardamos nossos figurinos e desocupamos o palco para um evento do shopping. Chegamos em casa às 18:00 para o aniversário de Marcos, pai de Ligia. Sabe-se que teve bolo e churrasco. Existem boatos a serem confirmados de que nos refastelamos. A folia terminou próxima das 23:00. Nossos amigos argentinos, que animaram todo o evento com música, seguiram cantando. Nos juntamos. Cantamos as músicas de nossas peças. Tiveram uma palhinha de Bagalício no País das Maravilhas. Disseram querer ficar o ano inteiro para acompanharem todas as histórias. Estão convidados. Encerramos o dia com música. Todas as boas. Cantando e dançando. A vida nos convida para dançar. 


Doce de brigadeiro de 2017.


fevereiro 12, 2017

DIÁRIO DE BORDO: 11/02/2017

fevereiro 12, 2017
   Acordamos às 9:00. Tomamos café da manhã. Organizamos a casa e separamos os elementos que faltavam para Pinóquio. Metade se dividiu em ir até o shopping montar o cenário e outra metade se destinou à limpeza da casa e do teatro para receber os alunos. Nossos amigos argentinos prepararam macarronada para o almoço. Tudo passou muito rápido. Logo eram 14:00 e as crianças chegavam para a aula de teatro. Começou. Se alongaram e partiram para um aquecimento intenso. Pulos, polichinelos e flexões. Se apresentaram um ao outro com nome, idade e comida preferida. Sempre tem a quem se apresentar. Andaram pelo espaço percebendo a si próprio, o outro e o coletivo. Sentaram em roda e inventaram personagens que ainda não existiam. Hoje foram apresentados ao mundo Pudim, Vaca Mimosa, Esquilo Taveira, Sereia Boa, Sereia Má, Mulher Super Poderosa, A Princesa Que Não Sabia Ler, Lobisomem Cospidora de Fogo, Super Fralda e o Super Cueca. Novamente andaram pelo espaço, dessa vez buscando o corpo e a voz desse personagem. Um por um entrou em cena e foi questionado. O personagem foi sendo criado a partir das perguntas da plateia sobre quem ele era, o que ele comia, onde morava, quem ele amou, etc. Histórias formadas, chegou a hora de criar uma história que contasse o encontro de todos os personagens. Criaram. Todos na coxia! Luz! Apresentaram. Sentaram e conversaram sobre as dificuldades. "Não deu para entender nada" foi a primeira resposta. Toi Toi Toi. 16:00. Aula da segunda turma de teatro para crianças no sábado. Quatro alunos novos. Também passaram pelo processo de construção de personagem. Criaram os personagens Gato Preguiçoso, Nunca, Não Sei, Terceira Irmã da Luna, Adolescente Louca, Cientista, Menina Gigante de Lego, Menina Invisível, Índio Protetor das Terras, Japonesa, etc. Fizeram o encontro dos personagens separados em dois grupos e apresentaram. Apontaram dificuldades em criar as falas, na timidez, dizer mais sim. A palavra de ordem no teatro é "sim". Mais um Toi Toi Toi. Fim da aula. Matrículas feitas.

   Acabadas as aulas, fomos Samuel, Yasmim, Febraro, Roberto e Daniel para o shopping. Ligia, Fernando, João, Gabriel e Kelly nos esperavam. Fizemos alterações no cenário. Retiramos as bicicletas, acrescentamos guarda-chuvas, personalizamos o leque. Palco arrumado. Fomos comer. Nos refastelamos em sanduíches. Todos estávamos cansados e com muita fome. Todo cansaço vale a pena. Voltamos para casa. Fernando e Ligia arrumaram o figurino de Berinjela, palhaço de Gabriel no Bagacinho. Iniciamos nossa primeira hora de descanso do dia. Já é tarde. Passamos do horário comercial. O que te conto é cortesia.

   Dia cheio. Direto. Roberto voltou a aparecer por aqui apenas nos finais de semana devido ao trabalho. Voltamos a notar o quanto estamos diferentes de um final de semana para outro. Ele volta e o atualizamos de uma vida. Temos passado bastante tempo com argentinos, estamos brincando com o sotaque, Samuel ralou o braço na escada, já temos novas piadas, o cenário está mudado, os cabelos estão cortados, a casa tem novos tapetes. A vida é direta. E mutante. E segue. Somos todos mutantes. Metamorfoses ambulantes. E seguimos.

11/02/2017.

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E amanhã, às 15:30 da tarde, a Turma do Bagacinho volta ao Shopping Bosque dos Ipês contando a história de Pinóquio! Não perca! Entrada gratuita.

fevereiro 11, 2017

DIÁRIO DE BORDO: 10/02/2017

fevereiro 11, 2017
   Acordamos por volta das 9:00. Tomamos um café da manhã coletivo. Nós e o trio de argentinos na mesa da sala. Às 11:00, todos saímos para o ato do resolvimento. Ligia e Gabriel, acompanhados de João e Fernando, foram resolver os problemas de seus óculos. Samuel e Febraro foram resolver suas matrículas no colégio. Resolvemos o que pudemos e voltamos. Almoço coletivo. Às 15:00. Terminadas as batatas doces e os bifes, nos organizamos para o ensaio de Pinóquio, que apresentaremos no Shopping Bosque dos Ipês neste domingo às 15:30. Passamos o texto, trabalhamos a palavra e ensaiamos as músicas. Ensaio longo e trabalhoso. Já repetimos a peça algumas vezes e o trabalho continua necessário. Os ensaios são aulas. Começamos a organização da casa para receber os alunos. Limpamos o chão e arrumamos a bandeja de café.

   19:00. Primeira aula da nova turma adulta de teatro. Experimentamos a conexão. Se conectar com o espaço e com o outro. De olhos fechados, abertos, usando os planos, pensando em outras vidas, no nascimento e na morte. Fomos árvores. Invadimos a bolha do outro. Sempre como cientistas. Ciência é uma palavra que usamos muito. A ciência do ator está em estudar que parte do seu pé pisa primeiro no chão, como você reage ao esbarrar no outro, como você respira, etc. Nos dividimos em duplas e conversamos. Logo chegou a hora de subir ao palco e um apresentar o que ouviu do outro. Ainda estudando. Se perguntando e se entendendo. Teve choro e teve riso. Um "Merda!" bem grande para encerrar. Houveram matrículas. 

   22:00. Saímos da aula e nossos amigos argentinos estavam preparando tacos para o jantar. Nossa família está ficando internacional. A comida estava ótima e a conversa, engraçada. Usamos a frase "Vou fazer meu aniversário aqui" para indicar o quanto gostamos. Moramos aqui. Ligia e João cortaram os cabelos um do outro. Criamos novos elementos para o cenário de Bagacinho. Os músicos argentinos e os do Grupo Casa estão conversando e tocando. Estamos escrevendo. Uma parte, organizando a casa. Alguns se despedindo. É assim que é.

   Hoje no ensaio, lembramos que nossa pausa na peça seria um pãozinho com café mas uma semana antes foi alterada para a Hora do Tereré, que continua até hoje. As coisas se transformam. Hoje nossa casa passou por transformações. Dos alunos, das panelas e dos refletores. Há 03 anos temos recebido e passado por transformações. A música boa toca na sala. Da cozinha, alguém se junta. Os desafinados observam e elogiam com os olhos. Nossos olhares são cúmplices porque somos cúmplices. O teatro é um duelo apaixonado. E vamos duelar!


10/02/2017.


fevereiro 10, 2017

DIÁRIO DE BORDO: 09/02/2017

fevereiro 10, 2017
   Acordamos todos por volta das 8:00. Arrumamos a mesa da sala para um grande café da manhã. Recebemos o trio de músicos argentinos e o professor de violão de Fernando e Yasmim. Cada um teve uma hora de aula. Os músicos argentinos passaram a manhã conosco conversando sobre música. Mostraram seu trabalho. Ligia organizou um projeto de espetáculos e oficinas para outra cidade. Fernando fez o almoço. Também aconteceu na sala. Tapiocas. Na mesa do almoço, Ligia contou uma ideia incrível que teve. Embarcamos. Aguardem. Limpamos o teatro e a casa para receber os alunos. Ligia continuou trabalhando no projeto. Kelly trabalhou nas planilhas financeiras. Samuel e Febraro trabalharam na dramaturgia de seus textos para a nova etapa do festival Processo em Cena.

   17:30. Aula de teatro para crianças de 2 a 4 anos. Dez estavam marcadas para a aula experimental. Apareceram quatorze. Se alongaram e se aqueceram pelo espaço. Andavam, congelavam e mexiam apenas uma parte do corpo. Andavam e produziam um som. Um por um apresentou o som e os outros repetiam. Fizeram três grupos e escolheram seus personagens. Montaram a história e chegou a hora de experimentar a cena. Todos na coxia. Apresentaram histórias de bruxos, princesas, foguetes, gatos e cavaleiros. Deram as mãos numa roda e foram repassando toques. Fizeram o primeiro Toi Toi Toi da vida. Fim da aula.

   19:30. Aula da turma adulta. Andamos no espaço como cientistas do próprio corpo, experimentando de olhos fechados e abertos, os corpos juntos. Andamos pelo espaço como cientistas da palavra. Nos exercitamos falando nossos textos e respirando com o diafragma. Sem parar. Ficamos por um tempo montando uma partitura corporal cansativa enquanto o texto era falado usando respiração diafragmal e modulação de voz. Todos na coxia. Um por um apresentou as descobertas. Hora de limpar as partituras. Treinamos novamente e repetimos. Teatro é arte da repetição. E dói. Doeu. Fim da aula.

   Limpamos o teatro. Decidimos jantar sopa. A ideia logo foi descartada e nos aprontamos para comer fora. Conhecemos o furgão dos músicos argentinos e achamos incrível. Queremos um. Fomos numa hamburgueria que abriu recentemente perto de casa. Ficamos com medo de nos arrependermos. Não nos arrependemos. Tudo era muito bom e gostoso. A música era agradável. Parecia Tim Maia mas era americano. Usamos a famosa frase "Vou fazer meu aniversário aqui". Coisa séria. Ligia só não entendeu o hamburguer vegano de grãos que era frito. Pagamos e voltamos para casa. Fizemos os planos de trabalho para amanhã. Iniciamos nossa primeira hora de descanso do dia. Estamos nos aprontando para dormir. 

   Os diafragmas terminam o dia cansados. O Grupo Casa tem o prazer de estreitar diafragmas e relações. Amanhã tem mais. Nossa agenda já tem nove coisas para amanhã. As agendas são teoria. Na prática, quatorze crianças fizeram aula de teatro pela primeira vez. Os cachorros sujaram a casa toda de terra. Os alunos da turma adulta saíram molhados de suor. Viva a prática. Teatro é prática. É a coisa. 


09/02/2017.


fevereiro 09, 2017

DIÁRIO DE BORDO: 08/02/2017

fevereiro 09, 2017
 Todos acordamos por volta das 9:30. Correndo contra o tempo. Dia cheio. Ligia e Samuel foram pegar os resultados dos exames feitos recentemente. Tudo certo. Febraro e Fernando organizaram o que seria levado ao Arena Bosque. João estava na academia. Gabriel na faculdade. Ligia e Samuel voltaram. Ligia e Fernando seguiram para o Shopping Bosque dos Ipês para uma reunião sobre nossas apresentações deste mês. Os meninos seguiram limpando a casa e o teatro para receber todas as pessoas que passariam por aqui para as aulas. Turma de crianças e turma adulta. Ligia nos orientou a partir para o shopping no máximo às 13:30. Tínhamos uma entrevista ao vivo com a Blink 102. João terminou o almoço às 13:20. Recebemos uma mulher, do trio de argentinos que está estacionado em nossa esquina, para o almoço. Pedimos um Uber e corremos para o shopping. Yasmim, Febraro, Samuel e João. Encontramos Kelly lá. Uma parte se destinou a separar o cenário enquanto outra limpava o palco e o camarim. A equipe da Blink 102 transmitiu ao vivo em seu Facebook nossa montagem do cenário. Demos uma pequena entrevista. Continuamos nossa missão de arrumar o teatro. Separamos o que usaríamos em cada peça do mês. A deste domingo é Pinóquio. Limpamos e adicionamos carpetes em nosso camarim. Recolocamos os espelhos e as luzes. Estamos de volta. Samuel, Febraro, Yasmim e João voltaram para casa enquanto Ligia e Fernando ficaram para resolver as questões que os diretores de companhia geralmente resolvem. 

   17:30. Febraro e Samuel iniciaram a aula de teatro para crianças. Tivemos duas alunas novas. Samuel descobriu que trouxe a chave do carro sem querer. Pediu para Veridiana levar ao shopping antes que fosse tarde. Resolvido. Não morreu. De volta à aula, as crianças se aqueceram, andaram pelo espaço, treinaram de olhos fechados a percepção do outro na sala. Criaram seus personagens. Sentaram e escreveram suas histórias. Em seguida, andaram pelo espaço fazendo descobertas de corpo, voz e frases. Chegou a hora de apresentar as criações. Nossa aluna que havia se incomodado em ser um sapo na aula anterior, decidiu tranquilamente ser um carro invisível nesta aula. Tivemos uma dançarina de hip-hop, duas bailarinas, um homem causador de guerras, uma caçadora de trolls, uma menina que vê os personagens dos livros que lê. Cada um era submetido à perguntas da plateia e respondia sem sair do personagem. Muitas pérolas saíram. "Quando eu morrer, conte-me histórias" foi uma. Depois, criaram uma peça com o encontro de todos os personagens. Fizemos tanta coisa que o tempo apertou. Não deu tempo de repetir. Fizemos um Toi Toi Toi. Fim. Daniel anotou tudo.

   19:30. Começou a aula da turma adulta. Fernando deu a aula enquanto Ligia e Kelly se encarregaram das planilhas financeiras e dos alunos. Foi uma aula de respiração. Trabalharam a respiração diafragmal e a modulação de voz. Passaram a aula experimentando e apresentaram os resultados no final. Merda! Fim da aula. Aula séria. Houve quem chorou. Teatro dói. Os alunos foram embora, mas não antes de Ligia avisar para trazerem a sinopse de seus personagens na próxima aula. Febraro e Samuel tentaram fazer as suas. Penaram.

   22:00. A casa fechou para o público. Ligia e Kelly ainda trabalhavam nas finanças. Conversamos sobre as aulas do dia. Fernando tentou encerrar nosso expediente, sem sucesso. Esquentamos a comida e jantamos. O trio de músicos argentinos nos presenteou com um incenso. Combinamos um jantar amanhã. Aos poucos, fomos subindo para descansar. Nos encerramos em nossos quartos.

   O diário de bordo de hoje entra quieto e sai calado. Não tem considerações finais a fazer além de: ufa. Trabalhamos bastante. É madrugada de fazer textos. Os processos estão de volta. Não há tempo. Boa noite e tenho dito.

08/02/2017.


fevereiro 08, 2017

DIÁRIO DE BORDO: 07/02/2017

fevereiro 08, 2017
   Samuel e Febraro acordaram às 9:00 na casa da tia de Ligia, que foi a primeira do dia a cantar parabéns pelo aniversário de Samuel com um bolo de cenoura com cobertura de chocolate. Os meninos foram andar à cavalo na fazenda em que a prima de Ligia trabalha. Febraro dominou rápido. Samuel esqueceu de controlar o cavalo, que foi em frente à uma jabuticabeira. Se estrepou nos galhos mas passou bem. Cada Dom Quixote tem seu moinho. Voltaram para casa e encontraram Ligia e Fernando acordados. Almoçamos. Conversamos bastante com a família. Partimos mais tarde do que o combinado: às 14:30. O carregador de nosso notebook estragou e não pudemos consertar nossa playlist de músicas. Ligia nos contou sobre Ibsen, o viking da dramaturgia, a partir da leitura de "Mestres do Teatro II" de John Gassner. Sabe-se que na época, por conta dos textos de Ibsen, as mulheres se inspiravam a largar maridos, fazer revoluções e se empoderarem. É o entendimento de Ibsen de retratar a maldade feminina ao invés da pureza feminina. O ponto em comum de suas personagens seria a busca pela infelicidade, da própria e dos outros. Ele entende que as mulheres educam os filhos, então o futuro está na mão das mulheres. Nossas leituras continuaram. Febraro com a "A Mulher Só" de Harold Robbins e Samuel com "O Idiota" de Dostoiévski. Paramos algumas vezes em postos na estrada para fazer xixi e comer, não necessariamente nessa ordem. Nos alimentamos de salgados, refrigerantes e bolos. Míseros de nós. Planejamos voltar com nossos exercícios diários para manter o corpo firme necessário para um ator. Tivemos um problema com o pneu por conta de um buraco na estrada. Paramos em uma borracharia mas o borracheiro não estava. A borracharia do lado resolveu nosso problema. Fomos adiante. Nos perdemos. Fernando pediu informação com sotaque baiano. Se explicou dizendo que acha mais simpático que sotaque carioca. Rimos. Encontramos o caminho certo. Dormimos. Lemos. Nos desentendemos. Os acontecimentos típicos de uma aventura pela estrada. A aventura durou até às 21:40. Chegamos em casa. Em Campo Grande. Nos recebiam Gabriel, Yasmim, Kelly, Daniel e João. Com bolos, balões e cantando parabéns. Em cada balão, havia uma frase de Samuel escrita. "Vou me refastelar" e "Que seja" se destacaram. Tocaram a música do Sítio do Picapau Amarelo em alusão à Samuel ter sido fã do seriado quando criança. Comemos bolo e cachorro quente enquanto contávamos detalhes da viagem. Os presentes desceram do carro e entraram em casa. Guarda chuvas, chapéus, filtros dos sonhos, doces de leite. Colocamos nosso olho grego na porta de casa. Falamos que gostamos tanto de Pirenópolis que pensamos em montar uma casa de cultura lá, mas nos demos conta de que temos um trabalho a continuar em Campo Grande. Não faz mal. Pensamos maneiras de trazer Pirenópolis para cá. Ligia e Fernando já imaginam reformas para a casa. João contou sobre três argentinos que estão rodando o mundo num furgão fazendo música e que por acaso estão estacionados na esquina de casa. Eles queriam saber sobre a cidade e precisavam tomar banho. Os convidamos para tomar banho e comer. Conversamos. Nos contaram suas histórias e contamos a nossa. Uma delas tocou nosso teclado muito bem. 

   Ainda está acontecendo. A casa está aberta. Os sotaques argentinos falam sobre música. Sobre paixão. Sobre não fazerem por dinheiro. "A gente gosta de viajar, fazemos por amor, a gente gosta de conhecer gente". Nós também. O sotaque de Ligia resgata a história de que todos da companhia já foram alunos. Ainda bem. Fomos resgatados. "Onde cabem dez, cabem treze". O diário de bordo não acaba nem quando o dia termina. Anotei uma frase de "O Idiota" para usar caso todos já estivessem dormindo. "Nos encerramos em nossos quartos". Achei bonito. Fica pra próxima. Não vamos dormir tão cedo. Ainda bem. Finalmente nos encontramos. Nossos dias não se dividem mais em parágrafos. Estamos encontrados.

07/02/2017.


fevereiro 07, 2017

DIÁRIO DE BORDO: 06/02/2017

fevereiro 07, 2017
   Acordamos por volta das 10:00 para tomar nosso último café da manhã na pousada. Tivemos uma ideia para a boca de cena do nosso teatro de bolso a partir da decoração do lugar. Comemos com tranquilidade e começamos a arrumar as nossas malas para partir. Fizemos check-out às 12:00. Fomos comprar lembranças para quem ficou em Campo Grande. Aguardem. Terminamos as compras às 13:00. Hora de ir embora. Demos até logo para as ruas de tijolinho e as casas coloniais coloridas de Pirenópolis. Buzinamos para o teatro como despedida e saímos da cidade às 13:10. Seguimos viagem lendo nossos livros. Febraro terminou "A Náusea" de Sartre. Samuel continuou a leitura de "O Idiota" de Dostoiévski. Ligia continuou "Mestres do Teatro II" de John Gassner. Já terminou a leitura sobre Ibsen. Não sabemos em que dramaturgo ela está. Paramos para almoçar na estrada às 16:40. Empadão, pastel, pizza e suco de laranja. Compramos lembranças comestíveis para quem ficou em Campo Grande. Aguardem. Para nós, compramos doce de leite no canudo. Nos arrependemos amargamente. Não há no mundo alma mais feia que o gosto de tal doce. Seguimos adiante. Ligia consertou nossa playlist de viagem. Febraro iniciou a leitura de "A Mulher Só", livro de Harold Robbins que Ligia leu ano passado. Ligia leu um texto que Samuel e Febraro fizeram um tempo atrás. Perguntou sobre o que era. Demoraram mas definiram que era sobre um casal que estava se separando. A partir de uma conversa, achamos um ótimo título para um novo espetáculo. Aguardem. O dia resolveu nos encher os olhos. Vimos o céu mais azul do que nunca e o por do sol esteve rosa-choque. Paramos em Mineiros - GO às 21:00 para dormirmos numa tia de Ligia. Jantamos, conversamos, rimos da conversa. Passamos todas as convenções comuns que se passam ao conhecer o desconhecido. Uma família desconhecida. Divertida. O dia acabou e ainda não dormimos. O resto fica pro diário de bordo de amanhã. 

   Sobre Campo Grande, serei honesto. Hoje foi segunda, nosso dia de folga. O que se sabe sobre nossa vida profissional é que uma família passou para fazer a inscrição dos filhos na turma de teatro para crianças de 2 a 4 anos. As aulas começam na quinta. Yasmim contou nossa história. Se emocionaram. Contaram que a mãe da família escreve poesia. A mãe de Ligia também escrevia. O dia valeu pelo encontro. Sempre o encontro.

   Para fechar o dia, a título de memória, lemos em "O Idiota" sobre uma mulher que sofreu escárnio no vilarejo até morrer de tuberculose. Só as crianças a tinham amor. Quem contou a história foi o príncipe Míchkin, que carrega  o título do livro. Não concordo com o adjetivo. Só não gosto que ele tenha sentido pena da mulher. Pena é ruim. No carro, relembramos o discurso de Ligia de que a dor existe mas o lugar da felicidade precisa continuar. Soubemos também numa conversa aleatória que um boi morreu engasgado com um caroço de manga. A autópsia confirmou. O que uma coisa tem a ver com a outra, não sei. A escrita surge por necessidade. Boa noite.


06/02/2017.


fevereiro 06, 2017

DIÁRIO DE BORDO: 05/02/2017

fevereiro 06, 2017
   Acordamos por volta das 10:00 para tomar café da manhã na pousada. Ligia e Fernando acordaram antes. Samuel e Febraro depois. Fomos conhecer a cachoeira Meia Lua. Limpamos nossas energias na água. Fomos à um restaurante próximo e almoçamos filé mignon, fettuccine e carne de porco com gengibre com merecidos outros nomes elegantes. Tomamos um ótimo vinho. Voltamos à pousada. Tomamos café da tarde e aproveitamos a piscina. Ligia e Fernando discutiram uma possível peça adulta nova. Falaram sobre estudar teatro narrativo, o entendimento da grandiosidade presente nas coisas simples e montar o espetáculo pensando no espaço que temos em nosso teatro de bolso. Da necessidade de tornar nossa rotina de trabalho mais funcional, foram ao redário da pousada organizar nossa agenda. Febraro continuou sua leitura de "A Náusea" de Sartre. Todos dormimos. Chovia. Saímos para jantar mesmo assim. Fomos à uma pizzaria mediterrânea e pedimos bruschettas. O sal nos afugentou. Voltamos ao primeiro bar de jazz que fomos no nosso primeiro dia em Pirenópolis. Pedimos chás diversos, salada com queijo e manga e uma focaccia. Começamos a falar sobre poesia e palavra em tom de brincadeira. Resolvemos jogar um jogo: cada um escrevia um verso até que todos os versos virassem uma poesia só. O jogo rendeu quatro: "A chegada", "Rocha Rosa", "Meu corpo" e "Erros repetidos". Nos encantamos. Lemos em voz alta. Dividimos aqui.

A CHEGADA
As casas que vejo
E os sapos iniciam a noite!
Suas unhas verdes anunciavam uma tragédia
Os ratos dançam ao som de jazz
Nadando em mim
Enquanto isso, uma palavra brota na casca de uma árvore
A espinha do rosto borbulha com o calor da vela
É o começo do início da primavera.

ROCHA ROSA
Não me olhe sem mim
Preciso ser salva de mim
Solitários são os azeites sem função
Mas uma mulher acabou de cantar
Forte como uma rocha rosa
As cores me perseguem com suas culpas
Só não me junto às suas mãos por falta de coragem
E todos dançam ao som da Lua!

MEU CORPO
A saudade me traz a brisa de volta
Por trás do natural existem os monstros azuis aquáticos e mal agradecidos
Meu corpo, tua casa
As suas curvas fáceis
Mas eu continuo me perdendo nos castanhos maldosos de seus olhos
Me ajude a me salvar das competições
Só sei navegar com você
E os originais como cópias
Cansei de brincar.

ERROS REPETIDOS
O amarelo lá fora me enfrenta outra vez
Tenho medo dos erros repetidos
Queria falar em espanhol
A nata transbordou do bule
Sou uma acendedora de lamparinas
Irei estrelar um susto
Você ainda quer fugir comigo?
Tartarugas velhas amam
Como uma lesma no sal eu me desfaço por você
Esse jogo eu não jogo
Sua ansiedade me transforma em ti
E no fim tudo é começo.

   Tomamos mais chá e conversamos sobre nossas poesias. Fizemos ligações e conexões com as palavras do outro. Brincamos sobre criar um poeta pseudônimo e lançar um livro. Pirenópolis tem o poder de impregnar poesia. Dá vontade de mudar para cá. Vamos vender poesia, música, teatro e desenho. As potências de cada um. Voltamos para a pousada. Não nos separamos. Estamos todos deitados no mesmo quarto, rindo e escrevendo. 

   Em Campo Grande, acordaram por volta das 10:00. Organizaram a casa e a bagunça dos cachorros. Todos almoçaram com suas famílias. Retornaram ao Grupo Casa por volta das 16:00. Bibi voltou de viagem e passou para nos dar um beijo. Receberam Rodrigo Portela, diretor de teatro e amigo de Fernando que estava na cidade para dar uma oficina para uma agência de modelos e atores. Conheceu nossa casa, falou sobre teatro e prometeu voltar para nos dar uma oficina. Encontro legal. Yasmim e Gabriel pediram pizza e se refastelaram. Vão dormir.

  Vivam as chaves que giram. Pelas viagens e pelos encontros. As viagens tem a vantagem da transformação e os encontros também. Não digo "poder de transformação" simplesmente porque acho chato. La crema desbordó el vaso de agua. É assim que se diz "A nata transbordou do bule" em espanhol, segundo os tradutores virtuais. Poesia continua. O diário de bordo só não terminou com uma boa frase pois não anotamos quando ela surgiu.


05/02/2017.


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