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fevereiro 28, 2018

TUDO DE NOVO

fevereiro 28, 2018


Por: Amanda.

É 2018. É janeiro de novo. 12 meses de novo. Tudo começa mais uma vez. No começo de janeiro a saudade do Rio de Janeiro já batia na hora de ir embora. Dia 04 de janeiro minhas férias estavam no fim. Cheguei em casa. Em Campo Grande. As aulas do teatro voltavam dia 15. Dia 15 tudo recomeçava. E que medo isso me deu. Janeiro foi um mês de muita ansiedade, muita angústia. Eu tenho pensado muito em 2018. E um novo ano me apavora por alguns momentos. E me empolga por outros. Na primeira aula desse ano tivemos duas horas de conversa com o Fernando. Compartilhei o que me dava tanta ansiedade e angústia. Em 2017 eu vivi um ano no teatro como nenhum outro que tinha vivido. Era tudo sempre novidade. E não sabia o que esperar. 2018 me apavora por pensar que talvez eu faça mais ideia de como as coisas funcionam. Apesar de que eu não sei. Não faço ideia de como as coisas vão ser esse ano. Porque então tanto sofrimento com antecedência? É janeiro e ainda estou de férias da escola. Esse ano irei para o nono ano. É, nono ano. A escola pra mim é... eu não sei como definir a escola pra mim. Eu sei que estar com 13 anos e viver tudo isso é doloroso. No mês de janeiro minha cabeça ferveu. Janeiro me fez pensar. Janeiro me fez questionar. E janeiro já está indo embora. E com ele minhas férias. Eu volto à minha rotina. E isso me apavora. O ano inteiro está pela frente. E sair da rotina com o teatro por um mês me deu espaço pra pensar em tanta coisa. Enquanto o ano passado acontecia, eu tinha na minha cabeça que era isso. Teatro. Não tinha outra saída. Em janeiro me questionei por vezes se tinha outra saída. E tem. Temos o caminho mais fácil e o mais difícil. A questão é que ir pelo caminho mais fácil é mais difícil. Ou não? Esse foi o mês de janeiro pra mim. O mês da dúvida. De muita dúvida. A ideia de que tudo está por vir de novo me dá de presente uma nova angústia. Tudo é sempre um desafio. De desafio em desafio: batalhas diárias. Escrever um artigo por mês é um desafio. E um medo. Todos os dias são desafios. E vêm novos medos. A virada de um ano para o outro pra mim nunca foi tão significativa. Pra mim sempre parece tudo a mesma coisa. E todas as viradas foram assim. Tudo na minha cabeça ia continuar igual. E isso era confortante. Até a virada de 2017 para 2018. A ideia de que 2018 pode ser tão dolorido, difícil e angustiante como 2017 me apavora. Ou pode não ser. Pode não ser metade de tudo que eu imagino. Sempre há dúvida. Pode ser. Como pode não ser. Dois dias antes de começarem as aulas do teatro meu coração acelerou. Acelerou por algo que iria acontecer daqui a dois dias. E também por algo que ia acontecer em abril. Ou em setembro. Ou até em dezembro. Por minutos meu coração disparou por 2018. E pelas suas surpresas. E pelas aulas. E pelos processos. Pelo Bagacinho. Por tudo. O medo já faz parte de mim. Ele está aqui sempre. Desde uma aula até um processo. E ele sempre estará aqui. Em janeiro tive insônia. Primeiras vezes que tive insônia. A cabeça não para. As aulas e compromissos da semana acabaram. Ufa! Tem daqui a uma semana de novo. E passa tão rápido. Já temos mais aulas e mais compromissos de novo. O mês de janeiro me parece um processo em cena sem processo. Eu deito a cabeça no travesseiro após a aula de quarta, já pensando na próxima vez. Escrever um artigo é difícil. Pra mim é muito difícil. O artigo de janeiro me parece confuso. Mas janeiro pra mim foi toda essa angústia. Janeiro tem 31 dias. 3 sílabas. 7 letras. E passou voando. E passou lentamente. Janeiro é confuso. Foi confuso. E quando vejo, janeiro já se foi! É difícil relacionar a minha idade com a minha vida. Bem difícil. Há pouco fiz 13 anos. Em outubro. Minha idade é uma das minhas grandes questões. Por vezes, parece que esqueço dos meus apenas 13 anos. Por vezes, me parece que os outros esquecem. E por vezes eu quero ter apenas 13 anos. Estou na adolescência. E é muita cobrança querer que eu tenha real certeza de que é isso e que não tem outra saída com a minha idade. Eu já acho difícil ter que decidir com 18. Imagine, com apenas 13 anos, passar pela cabeça que não há outra saída. Que é isso. E que não tem outra escolha. Peço que lembrem com carinho dos meus vagos e queridos 13 anos. Eu estou no começo da adolescência ainda! E vivo com as costas tortas porque a responsabilidade é pesada. Eu tenho medo de não querer seguir com o teatro. E tenho medo de querer seguir com o teatro. E me parece errado não querer seguir com o teatro pro resto da vida. Há uma grande dúvida dentro de mim. Se eu quero isso. Se eu quero isso nessa idade. Se eu quero viver minha adolescência no teatro. Eu quero ter outra saída. E talvez eu escolha a outra saída. E talvez não.

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Por: Ana Júlia.

Quando ficamos muito tempo fora, é normal sentir saudades. No começo de janeiro, Ana já estava com saudades de Campo Grande, faltando um mês para ir embora. Eu não via a hora de acabar as minhas férias em Apiaí. Sentia saudades do cheiro da minha casa. Dos meus livros. De Campo Grande. Dos meus amigos. Do teatro. Da mesma forma que eu sentia muita saudade do teatro, eu não queria que as coisas começassem por medo. O começo de tudo estava cada mais próximo. Em 2018 irei para o ensino médio. Período que é conhecido pela pressão dos pais sobre qual curso você vai escolher pra vida toda. Eu não faço ideia. Não sei o que esperar daqui pra frente. Vou vivendo o que for sendo. Logo no início de janeiro, quando soube da programação do ano e de todas as suas surpresas, de todos os seus processos e dificuldades, passou pela minha cabeça "irei poupar meu sofrimento e sair do teatro". Porém, sair do teatro é o caminho mais fácil e mais difícil de se tomar. Eu sei que não vivo mais sem teatro. É o que me move. Aos 14. Mas e aos 30? Será que o combustível será o mesmo? Janeiro e suas angústias. A angústia da dúvida sobre o que eu vou fazer pra vida. Tenho apenas 14 anos. Peço que se lembrem com carinho. Eu tenho dúvida. Dúvida sobre tudo que está relacionado ao teatro. Até de mim mesma. Penso que sempre me faltará coragem para deixar tudo isso pra trás. A grande questão é: eu quero deixar tudo isso pra trás? Talvez não tenha capacidade de escolher o que eu quero pra minha vida com apenas 14 anos. Eu não quero escolher com 14 anos. Eu tenho medo de querer seguir com isso. E tenho medo de não querer seguir com isso. Esse mês descobri que faria "Pelo Amor da Colombina". Faltava uma semana e eu já estava com medo. Me pergunto pra que o sofrimento com antecedência. Eu sofro por todos os 12 meses que estão pela frente. Não só pelo amanhã. Sofro por um processo que irá acontecer em dezembro. Falando em processo, meu primeiro foi no ETECA (encontro de teatro entre crianças). Eu tinha 13 anos. Escolhi falar sobre Maria e sua relação com a guerra na Síria, e como isso afeta a vida de uma criança. Os ensaios foram tensos. Eu chorava em todos eles. Os dias passavam lentamente. Hoje penso que todos somos Maria. Cada um com seu caos interno. Meu coração dispara por entrar em cena. Meu coração disparou antes de entrar em cena. E dispara por todos os desafios que tenho que enfrentar. Vivo cada dia uma aventura diferente. Uma experiência nova. Um frio na barriga novo. Me sinto desafiada e com medo cada vez que entro no Grupo Casa. E entender que tudo começa mais uma vez me traz a angústia de Janeiro. O começo de tudo começa mais uma vez. 

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Por: nós duas.

Nós percebemos que temos as mesmas angústias. Que passamos por tudo juntas. Que estamos no mesmo barco. E isso nos deu abertura pra juntarmos nosso janeiro. Nosso janeiro e nossas angústias. As nossas angústias diárias que nos permitem ser Amanda e Ana. Viva o teatro!

Com amor,
Amanda, Ana Julia e nosso mês de janeiro.


janeiro 16, 2018

SENTIMENTOS DO TEATRO NA ADOLESCÊNCIA

janeiro 16, 2018


Por: Amanda Maia

Tudo relacionado ao teatro me traz angústia. Uma dor de medo. Uma coisa estranha no peito. Parte disso está relacionada à tamanha responsabilidade. É uma responsabilidade enorme, e temos que trilhar caminhos para lidar com ela. Um bicho de sete cabeças. Ainda não sei qual a melhor forma de lidar com as coisas. Não faço ideia. E não sei se algum dia descobrirei. Tudo sempre é uma grande aventura. E que aventura não nos dá frio na barriga? São altos e baixos. Uma montanha russa. O teatro é tudo isso. Essa confusão. Esse misto de tudo. O teatro é tudo! Às vezes eu paro pra pensar na minha idade em relação ao teatro. É uma coisa louca! É uma magia. Eu tenho 13 anos e vivo tudo isso. Que loucura. É uma experiência sem igual. Todas as frustrações e alegrias são vividas tão à flor da pele. Eu tenho medo do ano que está por vir. Medo do meu ano no teatro. E do teatro no meu ano. Sempre há tanto medo. Ele anda comigo pra lá e pra cá. Não só ele como tantos outros sentimentos. Meus fieis escudeiros.

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Por: Ana Julia Teles.

Fazer teatro é difícil. Tudo é tão difícil. Lidar com as responsabilidades que surgem ao longo do tempo, os novos sentimentos, as novas dores, os novos medos. Medo de me descobrir cada vez mais e não ser o que eu pensava ser. Esse fim de ano foi bem difícil para a Biscoito e para a Ana Júlia. Fizemos muitas peças difíceis. As aulas de teatro sempre me deixam tensa, antes e depois, eu fico pensando o que poderia ter feito de melhor. As aulas de corpo são as mais difíceis de entender. A mim e ao meu corpo. Sítio do pica-pau amarelo sempre me traz novas surpresas e novos desafios. Fazer peça sem microfone foi uma das coisas mais loucas e difíceis a Biscoito já fez. O Quebra Nozes é uma peça linda e foi o meu grande desafio de dezembro. O teatro é como pegar na mão do desconhecido. A realidade é delicada demais. Eu tenho medo de tudo que ainda vou descobrir. Em mim. Em você. No mundo. No teatro. O teatro é um mundo de possibilidades. Você é uma possibilidade em meio a tantas outras. É a arte do encontro. Eu só me reconheço no outro. Muito obrigada Fernando, Ligia, João, Samuel, Thaisa, Kelly, Febraro, Gabriel, Vini, Roberto. Foi um ano lindo ao lado de vocês todos. Muito obrigada 2017. Viva o teatro!

Que sejamos muitos. Viva o teatro.

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dezembro 02, 2017

TEATRO NA ADOLESCÊNCIA

dezembro 02, 2017

Por: Amanda Maia

O teatro é um mundo de novas possibilidades. Do cinza ao azul. A adolescência é a fase da formação, e é importante termos algo que nos faça fugir do mundo fútil. Eu costumo dizer para todos que me perguntam "como o teatro mudou sua vida?" que o teatro me mudou. Hoje sou um amanhã sou outro. É comum vermos adolescentes que entram no teatro com o sonho de ser famoso, ou para escapar da timidez. E eu tinha esse sonho. O sonho de ser famosa. Eu só entendi que não, e que é muito mais que isso quando eu saí do teatro por alguns meses. Eu saí porque estava começando a entender que doía, e quando percebemos isso, logo vem à cabeça que é muito mais fácil não fazer. E com o passar dos meses que eu estive fora, eu vi a falta que me fazia e a necessidade que eu tinha de estar lá. Entrei de novo, e um mundo novo surgiu na minha cabeça: o mundo do medo, da dor, do nervoso, da ansiedade. Da nossa mudança a partir do outro, e o nosso não entendimento das coisas. Da nossa confusão e transformação. O auto conhecimento, a consciência e a luta diária para nos superarmos. Conhecer a nós mesmos é um processo doloroso. Conhecer todos os nossos defeitos dos pés à cabeça. É uma grande viagem no centro de você mesmo. São turbulências.

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Por: Ana Julia Teles.

A adolescência no teatro é uma coisa estranha. Aquele momento em que você não é um nem outro. Aquele momento em que você não entende e que não é entendido. E, na verdade, é isso. O teatro é isso tudo. É o negócio de entender a si mesmo e entender os outros. É a lógica do encontro entre vários troços que estão em busca do próprio conhecimento. Eu sou um desses troços. É louco saber que a partir de mim mesma eu me transformo. Nesse mar de feras, eu tento me entender todos os dias. Nas desventuras dos meus 14 anos eu me transformo a partir do outro. O medo anda de mãos dadas o tempo todo, e isso dói tanto. Medo de quê? Medo de ir vivendo o que for sendo, só porque a vida não é o que eu pensava e sim outra.

"Vou mostrando como sou e vou sendo como posso jogando meu corpo no mundo, andando por todos os cantos e pela lei natural dos encontros, eu deixo e recebo um tanto. Participo sendo o mistério do planeta".

Que sejamos muitos. Viva o teatro.

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