dezembro 01, 2017

O DIA A DIA DE UMA TRUPE DE TEATRO :: NOVEMBRO

Por: Thaisa Contar.



Olá! Quanto tempo, né? Depois de um mês, voltamos com as postagens aqui no blog. Viva! E já venho contando novidades!

A partir desse mês teremos artigos artísticos, escritos por cada integrante do coletivo, sendo publicados mensalmente aqui no blog, além do nosso querido diário de bordo, que agora deve ser substituído por esse post que lemos, um resumão do mês. Trataremos de diversos assuntos, como História, Música, Línguas, Corpo, Acessórios, Dramaturgia, Idade, Psicanálise, Criação, Desenho, e, claro, Teatro. Além de outros assuntos que surgirão de acordo com o andar da carruagem e com o passar do tempo.

A novidade foi lançada. Agora, vamos conversar sobre o mês de novembro aqui do Grupo Casa? Quantas coisas será que acontecem em um mês dentro de uma cia de teatro? Bota gelo na garrafa e serve o tereré que a leitura vai começar!


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O mês de NOVEMBRO sempre nos traz muitas alegrias. É sempre um mês de boas lembranças:

- Em Novembro de 2013 o projeto Grupo Casa começa a ser pensado, logo após o falecimento de Nildes Tristão Prieto.
- Em Novembro de 2014 tivemos a estreia de "Zion o Planeta dos Carecas", nosso primeiro espetáculo infantil!
- Em Novembro de 2015, foi a vez da estreia de "As Aventuras de Bagacinho - Quem Conta um Ponto Cria um Conto", até hoje nosso principal e mais gostoso projeto!
- Em Novembro de 2016, foi criado o ETECA (Encontro de Teatro entre Crianças), um evento muito gostoso de se fazer e viver!
- Para Novembro de 2017, guardaremos como boa lembrança o início de um novo processo: "A Vida é Sonho". Fomos aprovados no FOMTEATRO (edital cultural municipal) com esse projeto. E logo logo ele vai para os palcos.

Também temos lembranças de chegadas e saídas:

- Em Novembro de 2016 recebemos e adotamos o Gabriel, nosso atual e querido artista plástico!
- Em Novembro de 2017 Vini se juntou a nós se metendo e mudando todos os números da casa! Será que agora vamos ficar ricos?
- Em Novembro de 2017 também tivemos a "meio-saída" de Daniel, que se mudou para São Paulo para estudar direção teatral lá.

E com essas lembranças todas notamos que os fins de ano sempre são mais prazerosos e atordoados para nós.

Iniciamos o mês assim, com uma reunião relembrando todos os acontecimentos e a história do Grupo Casa, desde o início até os dias atuais. Isso nos deu um fôlego satisfatório e gratificante para enfrentar o mês.

Vamos para as novidades do mês: 

O projeto "As Aventuras de Bagacinho - Quem Conta um Ponto Cria um Conto" completou dois anos! E, felizmente, vamos manter esse lindo projeto por muito tempo. Já fechamos o ano de 2018 com o Shopping Bosque dos Ipês. Que continue a loucura de fazer um espetáculo diferente por semana. Na verdade, são dois ou cinco espetáculos por semana. Às vezes sete. Depende da agenda do mês. Haja remanejamento de horários.

São tantas apresentações por mês que as vezes esbarramos com compromissos inevitáveis. Neste mês os dias 5 e 12 foram de ENEM. Não contamos com João, o Charanga, nos espetáculos que foram apresentados nesses dias. Thaisa o substituiu nas músicas. Demos esporros múltiplos para que Cebolinha soltasse a "Cebolaura" que tem dentro de si. Foi difícil, mas interessante.

Como todos os meses temos muito trabalho no ateliê, e nesse mês a equipe se formou mais intensa. Gabriel, Samuel e Kelly tomam conta dessa parte super importante e delicada de trabalhos manuais. Cenografia. Figurino. Acessórios. Reformamos figurinos e acessórios. Criamos novos figurinos e acessórios. Temos um depósito para guardar todo esse material. Organizamos o depósito. Umas três ou sete vezes. Talvez um pouco mais. Não é fácil manter essa organização. Mas acredite: lá tem de tudo um pouco. E é desse depósito que sai tudo que está no palco do Grupo Casa. Menos a cola quente.

Voltamos a cuidar da biblioteca. Todos os livros estão sendo recatalogados e poderão ser emprestados novamente. Mas agora com controle total de Thaisa e Febraro. Voltaremos a fazer cadastro de pessoal para empréstimo de livros. Logo daremos mais informações.

Cuidamos de questões empresariais e burocráticas como já fazemos todos os meses, comandados por Ligia e com seus assistentes Thaisa e Vini. Que parte necessária mais chata, eu hein. Sim, nós também somos empresários, meus caros. São projetos. Licenças. Cálculos financeiros. Esse mês foi mais um mês com o mesmo problema de todos: fim de mês vermelho. 

Começamos a passar por mais trabalhos coletivos. Com a direção de Fernando e Ligia na defesa do trabalho colaborativo e no apontamento dos caminhos necessários para o crescimento artístico de cada um. Trabalhos científicos. Estudos. Corpo. Leitura. Música. História. Reuniões semanais. Mais de três vezes por semana. Mais de três vezes por dia. Mais de três horas por período. Grupo Casa se fortalecendo para o futuro.

Dentro disso, demos início ao processo de montagem do novo espetáculo "A Vida É Sonho". Alguns trabalhos já foram iniciados:

- Fernando começou a escrever a dramaturgia. Lemos o que já estava pronto. Discutimos. Comparamos com o texto original. Conhecemos a história de Calderón de La Barca. Conhecemos as origens do texto. Adquirimos novos livros para estudo. E principalmente, trabalhamos a palavra na boca do ator. São 16 horas semanais dedicadas exclusivamente a este trabalho. 
- João deu início ao nosso preparo musical. Individual. Em coro. Em dupla. Em diferentes topos, melodias e bases. Nem sei o que estou escrevendo. É que acho que foi isso que fizemos. São 4 horas semanais dedicadas exclusivamente a este trabalho.
- Ligia trabalha nosso corpo. Nosso individual e nosso coletivo. Com partituras e com loucuras. Debaixo do sol de meio-dia ou dentro do teatro com o ar-condicionado ligado. De diversas maneiras que façam com que acordemos e nos descubramos por inteiro. São 4 horas semanais dedicadas exclusivamente a este trabalho.

E, no meio disso, temos os fortes e os frágeis. Como sermos todos fortes?

Quanto trabalho. São 24 horas semanais dedicadas ao projeto, fora todas as reuniões de cenário, figurino, de leitura dos livros do Grupo Galpão e do Théâtre du Soleil (nossas maiores inspirações). Estamos animados e ansiosos para a estreia. Vai demorar. Mas já sonhamos com todos os detalhes. No último mês tivemos a visita do Ernani Malleta para nos organizar melhor musicalmente, este novo ano ainda teremos mais dois encontros com esse maestro querido, e também receberemos Tiche Viana e Ésio Magalhães. Nos encontraremos três vezes antes da estreia do espetáculo. Não vemos a hora desses encontros acontecerem. Queríamos poder trabalhar nisso a semana inteira. É uma pena que as semanas tenham apenas sete dias e os dias tenham apenas vinte e quatro horas. A vida é muito curta para os dias serem curtos também. Temos que dividir nosso tempo em aulas de teatro, em oficinas de criação e contação de história, em apresentações, ensaios, em estudos de pesquisa, trabalho de corpo, de música, da palavra, haja fôlego e energia. 

Esse mês nós colocamos o pé no natal. Montamos a árvore de natal e enfeitamos o Grupo Casa todinho. O Shopping Bosque dos Ipês (nossa segunda casa) também se adiantou e preparou uma grande festa para a chegada do Papai Noel! Esquecemos os trenós e as renas. Nosso bom velhinho chegou foi de helicóptero! Um evento para emocionar crianças de todas as idades! Bagacinho, Bolonhesa, Charanga, Carranca, Alcaparra, Mixirica, Berinjela e Cebolinha estavam lá para receber o bom velhinho. Junto com a gente estavam a Alice, o Chapeleiro Maluco, o Coelho Branco e a Rainha de Copas pra dar mais cor e altura à festa. Grupo Casa e Circo do Mato juntos pela primeira vez, tomara que seja uma parceria longa. Foi um prazer trabalharmos juntos. Recebemos o Papai Noel. Digamos que esse foi um espetáculo extra, novo e improvisado do Grupo Casa. Intitulamos-no de “Auto de Natal da Turma do Bagacinho”. Um espetáculo preenchido por histórias e músicas improvisadas. Finalizamos o dia sem voz e sem pernas. Sempre que chegamos a essa situação, pedimos ajuda ao bom e velho chá quentinho.

A gente sabe que precisamos descansar nossas cabeças de vez em quando. Mas quem disse que descansamos? O que é descansar? Sair para conversar? Não. Para ver teatro, ou seja, trabalhar. Não deixamos de ir ao teatro. Mesmo que pouco. Durante todo o mês de novembro, prestigiamos apenas dois espetáculos. Um de teatro e um de dança. Uma prática que temos e fazemos de tudo para conseguir realizar sempre. Mas muitas vezes nosso tempo não permite. 

E é com tanto trabalho que não nos sobra tempo para economizar. Queríamos conseguir fazer almoço em casa todos os dias. Por ser mais rápido, comemos fora todo dia. Dia e noite. E assim se vai todo nosso cachê que nem chega a ser dividido entre nós. Bem, raciocinemos: fazer compras é mas barato + cozinhar é mais barato + não temos tempo para cozinhar = contratemos alguém para nos fazer comida! Foi daí que surgiu a ideia de conversar com Adriana, mãe da Ana Julia, para nos preparar deliciosas refeições. Todas as terças e quintas recebemos Adriana e suas mãos de fada para nos preparar comidinhas deliciosas para o dia de hoje e o de amanhã. Segunda e sábado nos viramos. Domingo almoçamos e lanchamos juntos no shopping. Resultado? Economizamos e ainda trabalhamos mais. Paramos exatamente na hora do almoço (às 14h) e depois minutinhos antes de iniciarmos as aulas para um cafezinho, uma frutinha, um bolinho, um pãozinho. Estamos economizando. E engordando.

Outra novidade incrível é que nosso espaço no Shopping Bosque dos Ipês está sendo reformado de pouquinho em pouquinho. Apesar de ser querido e lotado há dois anos, o espaço precisa de reformas. Atenção. Carinho. Mudanças. Com a mesma lógica da falta de tempo para cozinhar, também não temos tempo suficiente para nos dedicarmos a essas reformas, e também não sabemos fazer um projeto de arquitetura. Com isso, esse mês nós contratamos uma arquiteta para nos emprestar seus conhecimentos e suas habilidades para a renovação do espaço. É claro que sabemos exatamente o que queremos, então a querida Paula Magalhães fica doida com tanta informação, mas o projeto ficou pronto, e ficou lindo. Vamos trocar as cortinas de fundo. Vamos construir arquibancadas. Vamos embelezar mais o espaço. Vamos abrir uma lojinha/bilheteria na lateral do espaço. Não, não. Os espetáculos de domingo ainda serão gratuitos. A bilheteria será para uso dos outros dias. Outros espetáculos. E se já nos falta tempo para tudo, como vamos encontrar tempo para ocupar o Teatro Arena Bosque de outras formas? É, acho que somos malucos mesmo.

Grupo Casa não para. Só não somos ricos. Tudo que ganhamos é voltado para o próprio desenvolvimento da cia, para o pagamento das contas, da Teuda, dos alugueis, das reformas, das faxinas, da cola quente. Haja cola quente. Apesar de tanto trabalho e tanta gente fazendo o grupo ir pra frente, ficamos no vermelho todo mês. Poderíamos cobrar mais pelo nosso trabalho? Na verdade não poderíamos. Nosso valor é acessível por muito motivos: entendemos a lógica e a urgência da cia se azeitar, dos artistas amadurecerem o mais rápido possível, e acreditamos que o teatro é necessário em todos os lugares para todos os públicos. Então é suor que não para.

Mesmo com toda essa agenda lotada, encontramos espaço para dois eventos de lançamento de livros. Primeiro, Ligia dramatizou a história do livro “A Bruxa da Sapolândia”, de André Luiz Alves. Febraro, Samuel, João, Gabriel e Andreza interpretaram o conto. Depois, Vini nos trouxe o mesmo desafio, mas agora com o livro “Estranhas Delicadezas”, de Tânia Souza. Dessa vez, os atores em cena foram Febraro, Samuel, João, Gabriel e Vini. O espetáculo do livro “A Bruxa da Sapolândia” aconteceu na Estação Ferroviária / Plataforma Cultural e o espetáculo do livro “Estranhas Delicadezas” aconteceu no Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul. Um de frente pro outro. Um de cada lado da rua. Coincidência maluca, não é? Grupo Casa ocupando todos os espaços por onde passa.

Além de tudo isso, continuamos nossos trabalhos diários de aulas de teatro. Turmas adulta e infantil. Três turmas de adultos. Três turmas de crianças. Seis turmas no total. Mais ou menos cem alunos. Quatro professores: Ligia, Fernando, Febraro e João. Se fosse só dar aulas nos horários de aula estava tudo bem. Mas como todo professor, precisamos preparar aulas. E lá se vai mais um pouco de nosso tempo.

A novidade do próximo mês é que duas dessas turmas estão com apresentação de espetáculos marcados para o mês de dezembro, para o dia 13, já anota aí na sua agenda. A turma das crianças de 8 a 12 anos, com espetáculo sendo dirigido pelo professor Febraro, e a turma de adultos de quarta-feira, que fará uma leitura dramatizada sob direção de Fernando. E essa leitura logo será transformada em espetáculo infantil. Está ficando uma fofura. A turma infantil fará o espetáculo “A graça do ator” e a turma adulta fará a leitura dramatizada do livro “Declaração universal do moleque invocado”. Todos estão convidados. Será dia 13/12/2017 às 19h aqui na Casa de Cultura Nildes Tristão Prieto. Entrada com valor único de R$5.

Além da nossa sede, também buscamos ocupar nossa segunda casa: o Teatro Arena Bosque no Shopping Bosque dos Ipês, agora também chamado “Espaço Grupo Casa”. Pela necessidade de uso do Espaço Grupo Casa, criamos o “Conta Outra”, um oficinão de criação de contação de histórias ministrado por Ligia e Fernando. Quinzenalmente, temos dois aulões no espaço. Um aulão de contação e o oficinão com apresentação de cenas ao fim da oficina. O aulão é sempre na segunda quinta do mês, e o oficinão com apresentação, sempre na última quinta do mês. Sempre na busca de transformar o Espaço Grupo Casa num lugar cada vez mais científico para nós.

Caramba, olha o tamanho desse texto e eu ainda não terminei! Vou tentar ir mais rápido.

Durante o mês de novembro, a agenda do Grupo Casa abrigou 9 apresentações. Dentre todas as apresentações do mês, contamos as histórias: O Sítio do Pica Pau Amarelo, A Bela Adormecida, O Mágico de Oz, A Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho, A Bela e a Fera, O Auto de Natal do Grupo Casa... Isso em shoppings, aniversários, comemorações, formatura, eventos culturais etc. Foi o nosso mês com um número menor de apresentações visto que tivemos uma agenda muito atribulada de trabalho interno.

Passamos o mês com muito trabalho e muito amor, mas não foi o suficiente para suportar a dor que tivemos quando chegou até nós a notícia do suicídio de uma ex-aluna do Grupo Casa. Tivemos várias reuniões para tentar pensar em projetos e possibilidades de modificar essa realidade que faz da nossa cidade uma das primeiras no ranking de suicídios do Brasil. Um único pedido vem do coração desse grupo ao mundo: amemos mais, a vida pode ser suportável e linda quando se tem amor.

Finalmente o último dia do mês. Sentamos para lermos nossos artigos uns para os outros. Um mais legal que o outro. Menos o meu. Parece que escrevi superficialmente. E reescrevi tudo que escrevi em um mês em apenas quatro horas. E olha que hoje caiu a temperatura para 20°C com sensação de 18°C. Dá até um desânimo pensar que não estou debaixo de três cobertas. E cá estamos. Trabalhando. Até a hora que nosso cérebro não mais trabalhar junto com nosso corpo. Colocamos os cachorros pra dentro de casa para protegê-los do frio, e os filhos da mãe aproveitaram para destruir um banheiro inteiro e uma das bolas da árvore de natal. Além de destruir uns aos outros. Porque cachorros brigam? Amamos demais esses pestinhas.

A última novidade que vou te contar, é que definimos nesse mês nossa viagem de fim de ano. Vamos todos juntos fazer um caminho muito doido, com cenário e figurino na Teuda. Afinal, pra que férias se a gente pode trabalhar? Hoje iniciamos o novo mês. Ansiosa para o próximo blog. Tudo novo de novo. Todo dia uma aventura. Quem ama teatro faz barulho! Vem com a gente!

Um beijo e até o próximo post 

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