janeiro 31, 2017

DIÁRIO DE BORDO: 30/01/2017

   Acordamos às 7:00. Gabriel para ir à faculdade. Yasmim para ver a família. Ligia, Febraro, Samuel e Fernando para resolver pendências de saúde. Saímos de casa atrasados. Levamos como acompanhantes os livros "O Nome da Rosa" de Umberto Eco e "O Espaço Vazio" de Peter Brook. Yasmim compôs uma música nova a partir de "Mar Morto" de Jorge Amado. Tem tentado compor uma a cada capítulo. A bateria de exames terminou às 10:00. O médico orientou que cortássemos os carboidratos. O jejum de 12 horas enfraqueceu o conselho. Saímos de lá e comemos kibes e empadas. Carboidratos deliciosos. No caminho de volta para casa, Fernando falou sobre o livro de Peter Brook que está lendo. Disse que ao mesmo tempo que é bom, é muito inquietante. Ficamos interessados. Chegamos em casa. 
   Febraro e Samuel dormiram. Ligia e Fernando conversaram. Sobre o amor, o universo e a morte. Sobre o livro de Peter Brook. Sabe-se que ele diz no livro que um ator de companhia acaba por se acostumar e se tranquilizar por estar numa companhia e deixa de buscar o aprimoramento. A partir deste discurso, começaram a pensar nas potências de cada um de nós. Tiveram ideias para novos espetáculos, novas organizações e rumos para a companhia. Amadureceram até a ideia antiga de comprar um carro. É isso, um carro! Vamos todos! Dividiram os pensamentos com quem estava em casa: Febraro, Samuel e Roberto. Perguntamos o que fazer sobre nossas potências. Nos perguntaram de volta. Se aventuraram os cinco e foram. Não demoraram meia hora para decidir qual era. Olharam e disseram: é esse! A vida é prática. Um carro marrom de cinco lugares e um porta-malas gigante o suficiente para nossos cenários. O vendedor parecia um personagem. Fomos fazer o test drive. Alguém tinha de ficar de fora pois o carro só tinha seis lugares. Roberto ficou de fora pois perdeu no jokenpô. O carro era tão tecnológico quanto um microondas. Tinha câmera de ré, piloto automático, painel de bordo, controlador de velocidade. Ficamos animados. Voltamos para fazer contrato. Perguntaram a profissão de Ligia. Atriz. Psicanalista. Escolheu atriz. Não existia essa opção no sistema. Colocaram artista. Kelly se juntou à nós na concessionária. Enquanto o processo de compra era avaliado, fomos almoçar. Às quatro da tarde. Fomos num restaurante de comida natural e saudável. Agora estávamos seguindo melhor os conselhos do médico. Ao descer no estacionamento, Ligia e Fernando deram um abraço. Nos juntamos e virou coletivo. Comemos bem.
   Fomos adiante. Ligia e Fernando seguiram para outro médico. Kelly, Febraro, Roberto e Samuel foram para casa. Gabriel, chegado da faculdade, organizou a sala. Kelly iniciou a leitura de "Um Artista da Fome" de Franz Kafka. Samuel e Febraro continuaram a leitura de "O Idiota" de Dostoievski e "A Náusea" de Sartre. Leram em voz alta para treinar dicção e intimidade com a palavra. Roberto continuou a leitura de "Como eu era antes de você". Está adorando. Pois é. No médico, Ligia e Fernando foram orientados a desacelerarem o ritmo como cuidado de saúde. O médico parecia um personagem. Os dois chegaram e compartilharam as notícias. A compra do carro não havia sido aprovada. Demos adeus para o carro marrom. Lindo, parecia um móvel, um armário. Nos consolamos com a informação de que ele não aguenta tanto peso. Ligia e Fernando escreveram um texto em nosso grupo do Whatsapp sobre a conversa com o médico, sobre nossas oportunidades de crescer como artista, sobre nos doarmos e ouvirmos mais. Um texto longo de amor. Pouco a pouco, cada um correspondeu o amor usando as palavras da forma que sabia. No definitivo do tempo, ficou concluído: estamos juntos. Esperamos Yasmim para iniciarmos uma caminhada até a água de coco. Pedimos seis como de costume mas dessa vez em um lugar diferente do último. Conversamos e rimos. Fernando tirou uma selfie para nos refastelarmos no blog. Por motivos de câmera ruim, não ficou boa. Mas está guardada. Quem vendia o coco era um casal de velhinhos. Pareciam dois personagens. Pagamos e fizemos o caminho de volta. Chegamos em casa e nos despedimos com amor, pessoalmente e virtualmente. Dormimos. 
   O dia terminou com um saldo bom de declarações de amor. O livro de Peter Brook virou uma chave. Os personagens que encontramos ao longo do dia viraram uma chave. Ficamos atentos aos problemas de saúde. Quase compramos um carro novo. Os cachorros tentaram comer as pimentas recém plantadas. Nos encontramos com amor. Nos encontramos como coletivo num abraço e numa companhia de teatro. É festa! O dia acabou. Cheio de emoção. Parece dramaturgia. Começo, meio e fim. Diário de bordo não é literatura. É aventura. É livro de cavalaria.

30/01/2017.

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