março 04, 2017

DIÁRIO DE BORDO: 02/03/2017

   A companhia toda acordou por volta das 9:00 no mesmo quarto, o quarto de Ligia e Fernando. Dormimos todos juntos por necessidade. Estamos reformando e reconfigurando os quartos da Comunidade, onde normalmente dormem Gabriel, Samuel, Febraro, Yasmim, João e Roberto. Fizemos uma troca de quartos para melhor acomodação do coletivo e agora esperamos uma triliche, que chega na segunda feira. Descemos todas as cômodas e estantes para lixarmos e colorirmos. Por agora, os dois quartos já tem uma parede azul em comum. Somos muitos. No dia em que voltamos de Pirenópolis, está registrado no blog que conhecemos dois argentinos (Almendra e Azar) e uma brasileira (Preta) com o furgão enguiçado na esquina de nossa rua. Viramos amigos e estamos morando juntos até que eles possam seguir viagem fazendo música pelo planeta. O grupo diminuiu hoje com a partida de Almendra para São Paulo. Todos temos ido adelante. Em meio a esse furacão, somos capitaneados por uma força feminina capaz de guiar a nós e ao furacão: Ligia Prieto. É ela. Ao acordar, descemos e continuamos nossa reforma. Ligia pintou de amarelo a antiga estante de toalhas. A partir da nova cor, surge uma nova função para a estante. João se encarregou de fazer o almoço. Yasmim e Gabriel, chegado da faculdade, continuaram a pintura dos quartos. Enquanto colocávamos a mesa, Fernando, Samuel e Febraro se aprontaram para acompanhar Ligia no médico.  Descemos para almoçar macarrão penne ao molho vermelho com frango. João se desculpou por não estar muito bom. Ligia disse que é bom não estar incrível pois assim não comemos tanto. Seguimos para o médico, mas lá descobrimos que o procedimento ainda precisa ser autorizado pelo convênio. Agora só segunda feira. Está tudo bem. Estamos adiantados. No carro, falamos sobre diretores que apenas vendem seu nome para a direção do espetáculo e assistem dois ou três ensaios para ver se o nome não está muito comprometido. Fernando contou sobre suas experiências no Rio de Janeiro. Uma floricultura interrompeu a conversa. Ligia queria comprar uma rosa para Helena, aniversariante do dia e secretária da clínica odontológica do pai de Ligia. As flores que não eram de plástico eram muito caras, então fomos embora. Compramos doces em uma panificadora para presenteá-la. 

   Chegamos em casa e Kelly e Daniel já haviam chegado. Nos recebemos e continuamos o trabalho. Ligia e João se puseram a lixar as cômodas para a pintura. Kelly conversou com Ligia sobre o fechamento de um novo trabalho para uma escola municipal. Ligia sugeriu a apresentação de "Gaia, a Mãe Natureza". Yasmim e Gabriel continuaram a pintura dos quartos. Samuel, Febraro e Daniel limparam e organizaram o teatro para receber os alunos de 2 a 4 anos, cuja aula começaria às 17:30. Pouco antes de a aula começar, a casa ainda não tinha nenhum aluno a preenchendo. Às 17:30, haviam todos. Crianças são pontuais. A aula começou, ministrada por Ligia, com a ajuda de Yasmim, Febraro, Samuel e Daniel. As crianças começaram se alongando e se aquecendo. Andaram se equilibrando, pularam, jogaram almofadas, foram de um ponto a outro, correram. Usaram o corpo e foram dificultando. Cada uma escolheu um livro de nossa biblioteca para descobrir histórias. Apresentaram suas histórias para a plateia. Finalizamos com Toi Toi Toi. 

   Ao sair da aula, as paredes do quarto já estavam mais pintadas do que antes. Agora existia o cinza. Nos aprontamos rapidamente para assistir ao espetáculo João e o Pé de Feijão na Terra do Nunca, do Circo do Mato. Ligia transferiu a aula adulta do dia para o teatro. Apenas Ana Kariny e Felipe se juntaram a nós. Partimos. No carro, conversamos sobre a aula das crianças. Ligia nos explicou que na aula, os comandos precisam partir de uma pessoa só, para melhor entendimento da criança. Chegamos em bando no Teatro Prosa às 21:00. Ligia retirou os dez ingressos do bando com alegria por estar em bando. Ficamos na entrada esperando a abertura do teatro. Abriu. Fomos recebidos pelos atores nos dando "Boa noite" e nos acomodamos na plateia. O espetáculo começou. João e o Pé de Feijão na Terra do Nunca. Quando o espetáculo acabou, fomos embora mas na segunda calçada, decidimos voltar para a roda de conversa. Anderson Bosch e Mauro Guimarães contaram sobre o concebimento da peça e da dramaturgia, sobre a união das histórias infantis Peter Pan e João e o Pé de Feijão, o processo de criação, etc. Cumprimentamos todos e fomos jantar. Daniel levou nosso aluno Felipe em casa. Definimos a janta como espetinho e decidimos o local. No caminho, transferimos a fome para outro lugar, mais barato e mais perto. Ainda assim, foi espetinho. Comemos e conversamos por necessidade. Falamos sobre o cenário cultural de Campo Grande, sobre a dificuldade de se fazer teatro em todos os lugares. A conversa se estendeu para o carro. Ligia falou sobre o machismo, sobre o costume da sociedade de definir, de antemão, que o homem faz mais coisas que a mulher, a partir das situações que ela sempre acaba por passar quando acham que Fernando é o único capitão de nossa Cia., quando na verdade, os dois tem grande força em nossa condução. A discussão se estendeu para casa. E é uma discussão estendida para o mundo. Basta enxergar. Provamos o bolo de cenoura com cobertura de chocolate feito por Preta e Azar. Nos aprontamos para dormir. Desocupamos todo o quarto de Ligia e Fernando de nossas roupas, sapatos e objetos para ocuparmos com nossos colchões e travesseiros. Dormimos todos juntos novamente.


02/03/2017.


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