março 16, 2017

DIÁRIO DE BORDO: 15/03/2017

   Acordamos e fomos acordados às 9:00 para ocuparmos o andar de baixo da casa com nossos afazeres. Fernando fez pesquisa para seu novo desafio dramatúrgico: escrever Robin Hood para o Bagacinho. Ligia se dedicou a responder os interessados na nossa programação de três anos, que inclui curso de violão, oficina de artesanato e uma turma nova para não-atores. Febraro e Samuel imprimiram as cópias de Sonho de Uma Noite de Verão para nossa leitura dramatizada, que surge como evento de comemoração ao nosso aniversário e estudo prático para a melhoria de nossa leitura. A intimidade necessária do ator com a palavra. Iniciamos a organização do almoço e para o almoço. João, Gabriel, Kelly e Daniel chegaram em seus tempos e se juntaram à dança. Dançamos todos em nossas rotinas e caos. Almoçamos na mesa de vidro da sala. A mesa ficou sem toalha e trocou de função. Virou mesa de estudo.

   Iniciamos nossa leitura de "Sonho de Uma Noite de Verão" de William Shakespeare com tradução de Bárbara Heliodora. Na introdução, passamos por algumas informações interessantes sobre a obra, que tem mais da metade composta por versos, o que nos cobra uma inteligência de leitura e respiração. A leitura se iniciou com problemas e se transformou na reunião frequente sobre nossa falta de olhos e ouvidos. Ligia e Fernando falaram sobre nossa existência e presentificação em cena. A ciência da pulsação. Do motorzinho em nossas barrigas. Do falar como quem fala. Andar como quem anda. E vai para algum lugar. Transferimos "Sonho" para outro momento por necessidade. Necessidade de discutir e resolver problema. Em nossa agenda, temos alguns problemas marcados. O primeiro é "A Bela e a Fera", que apresentaremos neste Domingo. E vamos resolver. Nós, os desafinados, começamos as resoluções sendo afinados por João na música do cortejo até que os alunos começassem a chegar. 

   17:30. Aula de teatro com Samuel e Febraro. As crianças se alongaram e se aqueceram para o exercício. Andaram preenchendo os espaços vazios e experimentaram a fluidez e a ruptura dos movimentos. Estudaram a percepção do coletivo e sua movimentação. Terminada a etapa física, pegaram livros em nossa biblioteca e a partir de uma frase escolhida, criaram sinopses de personagens. Nasceu um gato que se apaixonou por um violino e acabou por se casar. Um guarda-chuva que vivia num mundo sem cor e se apaixonou por uma guarda-chuva vermelha chamada Poesia, então a Poesia sorriu para ele. A Chapeuzinho Vermelho ganhou nova versão. Milhares de coisas surgiram pela primeira vez para darmos continuidade. Somos coisas com começo, meio e fim. Toi Toi Toi!

   Ligia e Fernando foram conhecer o espaço de uma apresentação que faremos na semana que vem enquanto a Casa de Cultura funcionava com aula de música por João para a turma adulta. Alongamos e aquecemos o corpo para o trabalho. Experimentamos o corpo pelo espaço a partir das notas musicais. Os sentimentos que um ré provoca. Um ré com lá. Um sol com mi. Uma sinfonia. Uma canção. A ciência de se deixar levar. Definimos, cada um, sons de nossa autoria e vontade para que formássemos coro. Trabalhamos ritmo e repetição até que às 9:30 bateram à porta. Merda para finalizar. Finalizamos a casa para o público e abrimos para coisa nenhuma. Conversamos, comentamos e jantamos. A energia precisava baixar. Aqui a energia sempre precisa baixar. É muita. E junta. E maluca. Baixamos para levantar na manhã seguinte. Adeus e até logo é o que dizem. Os incensos já fizeram seu trabalho e agora as camas fazem o delas. Boa noite.


15/03/2017.


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