fevereiro 08, 2017

DIÁRIO DE BORDO: 07/02/2017

   Samuel e Febraro acordaram às 9:00 na casa da tia de Ligia, que foi a primeira do dia a cantar parabéns pelo aniversário de Samuel com um bolo de cenoura com cobertura de chocolate. Os meninos foram andar à cavalo na fazenda em que a prima de Ligia trabalha. Febraro dominou rápido. Samuel esqueceu de controlar o cavalo, que foi em frente à uma jabuticabeira. Se estrepou nos galhos mas passou bem. Cada Dom Quixote tem seu moinho. Voltaram para casa e encontraram Ligia e Fernando acordados. Almoçamos. Conversamos bastante com a família. Partimos mais tarde do que o combinado: às 14:30. O carregador de nosso notebook estragou e não pudemos consertar nossa playlist de músicas. Ligia nos contou sobre Ibsen, o viking da dramaturgia, a partir da leitura de "Mestres do Teatro II" de John Gassner. Sabe-se que na época, por conta dos textos de Ibsen, as mulheres se inspiravam a largar maridos, fazer revoluções e se empoderarem. É o entendimento de Ibsen de retratar a maldade feminina ao invés da pureza feminina. O ponto em comum de suas personagens seria a busca pela infelicidade, da própria e dos outros. Ele entende que as mulheres educam os filhos, então o futuro está na mão das mulheres. Nossas leituras continuaram. Febraro com a "A Mulher Só" de Harold Robbins e Samuel com "O Idiota" de Dostoiévski. Paramos algumas vezes em postos na estrada para fazer xixi e comer, não necessariamente nessa ordem. Nos alimentamos de salgados, refrigerantes e bolos. Míseros de nós. Planejamos voltar com nossos exercícios diários para manter o corpo firme necessário para um ator. Tivemos um problema com o pneu por conta de um buraco na estrada. Paramos em uma borracharia mas o borracheiro não estava. A borracharia do lado resolveu nosso problema. Fomos adiante. Nos perdemos. Fernando pediu informação com sotaque baiano. Se explicou dizendo que acha mais simpático que sotaque carioca. Rimos. Encontramos o caminho certo. Dormimos. Lemos. Nos desentendemos. Os acontecimentos típicos de uma aventura pela estrada. A aventura durou até às 21:40. Chegamos em casa. Em Campo Grande. Nos recebiam Gabriel, Yasmim, Kelly, Daniel e João. Com bolos, balões e cantando parabéns. Em cada balão, havia uma frase de Samuel escrita. "Vou me refastelar" e "Que seja" se destacaram. Tocaram a música do Sítio do Picapau Amarelo em alusão à Samuel ter sido fã do seriado quando criança. Comemos bolo e cachorro quente enquanto contávamos detalhes da viagem. Os presentes desceram do carro e entraram em casa. Guarda chuvas, chapéus, filtros dos sonhos, doces de leite. Colocamos nosso olho grego na porta de casa. Falamos que gostamos tanto de Pirenópolis que pensamos em montar uma casa de cultura lá, mas nos demos conta de que temos um trabalho a continuar em Campo Grande. Não faz mal. Pensamos maneiras de trazer Pirenópolis para cá. Ligia e Fernando já imaginam reformas para a casa. João contou sobre três argentinos que estão rodando o mundo num furgão fazendo música e que por acaso estão estacionados na esquina de casa. Eles queriam saber sobre a cidade e precisavam tomar banho. Os convidamos para tomar banho e comer. Conversamos. Nos contaram suas histórias e contamos a nossa. Uma delas tocou nosso teclado muito bem. 

   Ainda está acontecendo. A casa está aberta. Os sotaques argentinos falam sobre música. Sobre paixão. Sobre não fazerem por dinheiro. "A gente gosta de viajar, fazemos por amor, a gente gosta de conhecer gente". Nós também. O sotaque de Ligia resgata a história de que todos da companhia já foram alunos. Ainda bem. Fomos resgatados. "Onde cabem dez, cabem treze". O diário de bordo não acaba nem quando o dia termina. Anotei uma frase de "O Idiota" para usar caso todos já estivessem dormindo. "Nos encerramos em nossos quartos". Achei bonito. Fica pra próxima. Não vamos dormir tão cedo. Ainda bem. Finalmente nos encontramos. Nossos dias não se dividem mais em parágrafos. Estamos encontrados.

07/02/2017.


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